domingo, março 10, 2013

O Voo

Dia 69 - Felipe P. 66
Flight - 2012
Dir: Robert Zemeckis
Elenco: Denzel Washington, Nadine Velazquez, Don Cheadle.

Robert Zemeckis está de volta! E em ótima forma, por sinal. Depois de se aventurar no mundo da animação (três vezes seguidas), o bom filho à casa torna. O Voo, o primeiro live action de Zemeckis em 12 anos (o último foi Náufrago), conta a história do piloto de aviões Whip Whitaker, que salva a vida de mais de 90 pessoas após o colapso do avião que pilotava. O cara se torna um herói nacional após fazer o impossível para salvar a vida dos passageiros, mas ele sequer tem tempo de curtir a fama e a glória, pois, logo que acorda recebe a notícia de ter sido submetido a exames toxicológicos que apontaram que ele estava sob efeito de álcool e drogas.
O que não era mentira: nosso herói pilotou um avião bêbado e cheirado.
Daí em diante inicia-se uma verdadeira batalha para provar a inocência, ao menos parcial de Whip, ao provar que o avião estava em péssimo estado e que, apesar de estar pior que o avião, o sujeito é verdadeiramente um herói e impediu uma tragédia muito maior.
Por mais espetacular que seja a cena do desastre, por mais realista e arrepiante que seja ver um avião se despedaçando em pleno voo, o foco de Flight não é o desastre. É a consequência, é o choque que ele causa, a repercussão na mídia, que mostra de forma nebulosa o feito heroico de Whitaker, ao mesmo tempo em que dá a entender que ele teria de alguma forma culpa no ocorrido.
O foco de O Voo é, principalmente, no piloto interpretado por Denzel Washington, no máximo de sua arrogância e de seu carisma. É incrível como ele consegue inspirar amor e ódio no expectador, que nada pode fazer se não assistir a degradação de um herói que não acredita no próprio heroísmo. Um herói cheio de culpa, de dúvida e, pior, de certezas.
E por falar em dúvidas, o filme me deixou com uma enorme até o fim: é uma história real? Eu tinha essa impressão o tempo todo e antes mesmo de ver o filme, sempre pensei que fosse. E o realismo com que a história é contada te deixa com essa sensação de que se trata de uma história verdadeira.
É um filme muito consistente e com um elenco muito convincente.
A começar por Denzel Washington, tem também Don Cheadle no papel de Hugh Lang, o advogado de defesa de Whip, brigando com o próprio o tempo inteiro tentando arranjar uma forma de provar sua inocência, mesmo que o sujeito não deixe. Bruce Greenwood, como o líder do sindicato responsável por Whip, tentando sair da situação limpo e intacto, é um ótimo personagem. E todos eles tem uma boa parcela do filme, uma grande participação, cada um tem seu momento, mas quem rouba o filme inteiro em todas as suas minúsculas participações é John Goodman. O cara é genial como o traficante que, indiretamente, é uma bela parte do problema e de uma forma totalmente errada, chega como uma solução no mínimo controversa.
É um retorno maduro de Zemackis ao cinema de gente grande, falando de problemas de gente grande e com linguagem de gente grande. Ironias e atos divinos, aquelas coisas que sempre nos levam de volta à estaca zero. Aquelas soluções rápidas que parecem que vão funcionar, mas acabam piorando a situação.
É um filme, de duas horas e vinte, que passa voando.
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