Dia 69 - Felipe P. 66
Flight - 2012
Dir: Robert Zemeckis
Elenco: Denzel Washington, Nadine Velazquez, Don Cheadle.
Robert Zemeckis está de volta! E em ótima forma, por
sinal. Depois de se aventurar no mundo da animação (três vezes seguidas), o bom
filho à casa torna. O Voo, o primeiro live action de Zemeckis em 12 anos (o
último foi Náufrago), conta a história do piloto de aviões Whip Whitaker, que
salva a vida de mais de 90 pessoas após o colapso do avião que pilotava. O cara
se torna um herói nacional após fazer o impossível para salvar a vida dos
passageiros, mas ele sequer tem tempo de curtir a fama e a glória, pois, logo
que acorda recebe a notícia de ter sido submetido a exames toxicológicos que
apontaram que ele estava sob efeito de álcool e drogas.
O que não era mentira: nosso herói pilotou um avião
bêbado e cheirado.
Daí em diante inicia-se uma verdadeira batalha para
provar a inocência, ao menos parcial de Whip, ao provar que o avião estava em
péssimo estado e que, apesar de estar pior que o avião, o sujeito é
verdadeiramente um herói e impediu uma tragédia muito maior.
Por mais espetacular que seja a cena do desastre, por
mais realista e arrepiante que seja ver um avião se despedaçando em pleno voo,
o foco de Flight não é o desastre. É a consequência, é o choque que ele causa,
a repercussão na mídia, que mostra de forma nebulosa o feito heroico de Whitaker,
ao mesmo tempo em que dá a entender que ele teria de alguma forma culpa no
ocorrido.
O foco de O Voo é, principalmente, no piloto interpretado
por Denzel Washington, no máximo de sua arrogância e de seu carisma. É incrível
como ele consegue inspirar amor e ódio no expectador, que nada pode fazer se
não assistir a degradação de um herói que não acredita no próprio heroísmo. Um herói
cheio de culpa, de dúvida e, pior, de certezas.
E por falar em dúvidas, o filme me deixou com uma enorme
até o fim: é uma história real? Eu tinha essa impressão o tempo todo e antes
mesmo de ver o filme, sempre pensei que fosse. E o realismo com que a história
é contada te deixa com essa sensação de que se trata de uma história verdadeira.
É um filme muito consistente e com um elenco muito
convincente.
A começar por Denzel Washington, tem também Don Cheadle
no papel de Hugh Lang, o advogado de defesa de Whip, brigando com o próprio o
tempo inteiro tentando arranjar uma forma de provar sua inocência, mesmo que o
sujeito não deixe. Bruce Greenwood, como o líder do sindicato responsável por
Whip, tentando sair da situação limpo e intacto, é um ótimo personagem. E todos
eles tem uma boa parcela do filme, uma grande participação, cada um tem seu
momento, mas quem rouba o filme inteiro em todas as suas minúsculas
participações é John Goodman. O cara é genial como o traficante que,
indiretamente, é uma bela parte do problema e de uma forma totalmente errada,
chega como uma solução no mínimo controversa.
É um retorno maduro de Zemackis ao cinema de gente grande, falando de problemas de gente grande e com linguagem de gente grande. Ironias e atos divinos, aquelas
coisas que sempre nos levam de volta à estaca zero. Aquelas soluções rápidas
que parecem que vão funcionar, mas acabam piorando a situação.
É um filme, de duas horas e vinte, que passa voando.
-
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar no 01Pd! Seja bem vindo e volte sempre!