terça-feira, março 12, 2013

Killer Joe - Matador de Aluguel

Dia 71 - Felipe P. 68
Killer Joe - 20011
Dir: William Friedkin
Elenco: Matthew McConaughey, Emile Hirsch, Juno Temple, Thomas Haden Church

Algumas famílias simplesmente são pouco funcionais. Os pais são separados, o patriarca se casou de novo e a nova esposa dele tem um caráter bem duvidoso. O filho é um traficante que deve dinheiro de droga e tem a máfia inteira em seu encalço. A mãe simplesmente não dá as caras e tudo o que se sabe sobre ela é que passou a perna no filho, roubou suas drogas e seu dinheiro, o que colocou a máfia atrás dele. E a filha mais nova, pura e ingênua, não faz ideia de absolutamente nada. Qual o melhor jeito de colocar as coisas nos eixos? Contratar um matador de aluguel pra dar cabo da mãe, pegar a grana do seguro e dividir em quatro partes, sendo uma delas para o matador.
William Friedkin ficou conhecido por dirigir O Exorcista, um dos clássicos absolutos do cinema de horror. Desde então ele tem se aventurado em inúmeros gêneros, do suspense à comédia, sem alcançar novamente o ápice atingido em Exorcista.
Mas eis que, desde 2007 sem dirigir absolutamente nada, Friedkin está de volta e com sede de sangue. A história absurda contada acima é a trama de Killer Joe – Matador de Aluguel, o thriller que conta como um pai e um filho se unem para matar a matriarca da família por dinheiro, com a desculpa de que seria para garantir o futuro da caçula. Para o serviço eles contratam Joe (Mathew McConaughey), um policial que faz uma grana extra matando pessoas a preços absurdos.
As regras de Joe são claras: o pagamento é antecipado, ninguém toca no assunto, ele faz o serviço e vai embora. Se alguém falar demais, Joe volta e mata. Simples assim. O problema é que pra se ter o dinheiro do seguro, ele tem que fazer o serviço primeiro e, obviamente, ser pago depois. Nada feito.
Exceto por uma condição: se ele tivesse uma garantia de que seria pago após o serviço feito. A garantia é a caçula.
Killer Joe é um filme sujo, violento como pouco se vê e não necessariamente explícito, ao menos não o tempo todo. Exceto quando se aproxima de seu clímax, quando explode em violência incessante, quase nada é mostrado.
William Friedkin ainda faz cinema como há 30 anos: câmera parada, efeitos práticos, edição analógica. E é incrível o quanto isso valoriza sua obra, conferindo crueza e realismo. E o quanto isso acrescenta a seus personagens, humanos e desonestos, capazes de vender e matar a própria família.
Joe, com seu jeito calmo, sua fala mansa, vai aos poucos se tornando ameaçador, totalmente imprevisível, o que por tabela acaba tornando o filme todo extremamente imprevisível em suas reviravoltas, nenhuma delas gratuita. Tudo o que acontece vai sendo desenvolvido desde o começo e cada diálogo, por mais insignificante que pareça, vai traçando a trama.
O final de Killer Joe é completamente imprevisível, de  uma agressividade extrema e de um desconforto absoluto.
O que não o impede de assumir um humor mórbido que permeia o filme inteiro, que faz rir mais por nervosismo do que por comicidade.
Não diria que Friedkin voltou à sua velha forma, mas diria que ele está no ponto certo, sem excessos e sem faltas.
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