Dia 71 - Felipe P. 68
Killer Joe - 20011
Dir: William Friedkin
Elenco: Matthew McConaughey, Emile Hirsch, Juno Temple, Thomas Haden Church
Algumas famílias simplesmente são pouco funcionais. Os
pais são separados, o patriarca se casou de novo e a nova esposa dele tem um
caráter bem duvidoso. O filho é um traficante que deve dinheiro de droga e tem
a máfia inteira em seu encalço. A mãe simplesmente não dá as caras e tudo o que
se sabe sobre ela é que passou a perna no filho, roubou suas drogas e seu
dinheiro, o que colocou a máfia atrás dele. E a filha mais nova, pura e
ingênua, não faz ideia de absolutamente nada. Qual o melhor jeito de colocar as
coisas nos eixos? Contratar um matador de aluguel pra dar cabo da mãe, pegar a
grana do seguro e dividir em quatro partes, sendo uma delas para o matador.
William Friedkin ficou conhecido por dirigir O Exorcista,
um dos clássicos absolutos do cinema de horror. Desde então ele tem se
aventurado em inúmeros gêneros, do suspense à comédia, sem alcançar novamente o
ápice atingido em Exorcista.
Mas eis que, desde 2007 sem dirigir absolutamente nada, Friedkin
está de volta e com sede de sangue. A história absurda contada acima é a trama
de Killer Joe – Matador de Aluguel, o thriller que conta como um pai e um filho
se unem para matar a matriarca da família por dinheiro, com a desculpa de que
seria para garantir o futuro da caçula. Para o serviço eles contratam Joe
(Mathew McConaughey), um policial que faz uma grana extra matando pessoas a
preços absurdos.
As regras de Joe são claras: o pagamento é antecipado, ninguém
toca no assunto, ele faz o serviço e vai embora. Se alguém falar demais, Joe
volta e mata. Simples assim. O problema é que pra se ter o dinheiro do seguro, ele
tem que fazer o serviço primeiro e, obviamente, ser pago depois. Nada feito.
Exceto por uma condição: se ele tivesse uma garantia de
que seria pago após o serviço feito. A garantia é a caçula.
Killer Joe é um filme sujo, violento como pouco se vê e não
necessariamente explícito, ao menos não o tempo todo. Exceto quando se aproxima
de seu clímax, quando explode em violência incessante, quase nada é mostrado.
William Friedkin ainda faz cinema como há 30 anos: câmera
parada, efeitos práticos, edição analógica. E é incrível o quanto isso valoriza
sua obra, conferindo crueza e realismo. E o quanto isso acrescenta a seus
personagens, humanos e desonestos, capazes de vender e matar a própria família.
Joe, com seu jeito calmo, sua fala mansa, vai aos poucos
se tornando ameaçador, totalmente imprevisível, o que por tabela acaba tornando
o filme todo extremamente imprevisível em suas reviravoltas, nenhuma delas
gratuita. Tudo o que acontece vai sendo desenvolvido desde o começo e cada diálogo,
por mais insignificante que pareça, vai traçando a trama.
O final de Killer Joe é completamente imprevisível,
de uma agressividade extrema e de um
desconforto absoluto.
O que não o impede de assumir um humor mórbido que
permeia o filme inteiro, que faz rir mais por nervosismo do que por comicidade.
Não diria que Friedkin voltou à sua velha forma, mas
diria que ele está no ponto certo, sem excessos e sem faltas.
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