terça-feira, março 05, 2013

Hopes And Fears - Keane, ou: Estranhos Numa Cidade Alheia

Michel 59. Dia 64.

É sobre ser eternamente o alienígena de alguém e não pertencer a lugar algum. É sentir saudades de um lugar onde nunca se esteve, e sentir falta daquilo que nunca se teve. É um estado/sentimento que tem vários nomes: angústia, incompletude, vazio...

"Hopes And Fears" (2004), está cheio dessa estranheza. Mas não de maneira bizarra - de um jeito espectral, surreal e atemporal. É como perder-se numa floresta britânica durante um fog e, de repente, visualizar através da neblina um caminho trêmulo que te conduziria até a Terra das Fadas.

Um sentimento de doce tristeza te invade ao escutar as canções do grupo. O teclado onipresente e a voz aguda e rouca de Tim Rice-Oxley te fazem viajar no tempo-espaço em direção àquelas terras cheias de mistérios, antes de o amor ser inventado pelos poetas e prosadores. É uma música que te causa profundas distorções, e te eleva e te joga contra si mesmo. Música difícil, música que te força a sair do teu centro de conforto.

Eu resisti ao Keane durante muito tempo, até escutar esta música, numa versão feita pelo Marillion:
(Posto as duas versões).

Bedshaped (Marillion - Keane's cover)

Bedhaped (Keane - versão original).

Então eu pensei: uma banda que cria uma música tão maravilhosa não pode ter feito isso num golpe de sorte. Deve haver algo mais.

Bingo.

"Hopes And Fears" é uma agradável surpresa. Cheio de baladas, honesto, simples - mas nem por isso previsível ou cansativo. Um disco maduro - algo excepcional, visto que é o primeiro do grupo - e sensível, com uma esfera bem definida de alvos. E eu fui atingido.

Espero que você também seja.


Atenção às belíssimas "Somewhere Only We Know", "We Might Well Be Strangers", "Everyboy's Changing", "She Has No Time" e - claro! - "Bedshaped".

She Has No Time

Five Moons. Completamente.







Um disco para tentar compensar aquele vazio que você traz dentro do peito - ou no fundo da alma, dependendo da maneira como você vê as coisas, é claro.

Estou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!
                     Fernando Pessoa


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