sexta-feira, março 15, 2013

Battleship - A Batalha dos Mares

Dia 74 - Felipe P. 72
Battleship - 2012
Dir: Peter Berg.
Elenco: Taylor Kitsch, Brooklyn Decker, Rihanna.

As pessoas sempre reclamam do Michael Bay usando o mesmo argumento, a mesma historinha de que seu grande problema é ficar estufando seus filmes de explosões e câmeras girando e closes em bundas, eu particularmente discordo disso. Também discordo quando reclamam das câmeras lentas do Zack Snyder e dos flares do JJ Abrams, discordo disso tudo, mas temos de concordar que o Snyder e o Abrams ficam meio deslocados num texto que começou falando sobre o Michael Bay. Afinal de contas esses dois são diretores de cinema. Aliás esse é o grande problema do Michael Bay: ele acha que é diretor, ele se leva a sério como tal, ele acha que o fato de segurar uma câmera circulando um prédio enquanto dois robôs se engalfinham de uma forma totalmente incompreensível (e ser pago por isso, ser sustentado por isso) é dirigir Cinema. Nada de errado com isso, o cara tá seguindo o sonho dele, tá fazendo o que ele ama e o que ele acredita. É como o Rob Liefield disse, ele tá realizando o sonho nerd de infância, enquanto nós estamos aqui reclamando deles.
Descendo ainda mais baixo, podemos falar mal do Uwe Bow, mas não precisamos de tanto, ok?
O meu ponto é que o principal problema do Michael Bay é levar a sério demais o que ele faz, enquanto o mundo encara isso tudo como uma piada gigante. E esse não é um problema do qual Peter Berg, diretor de Battleship, sofre.
Não mais.
Em algum ponto de sua carreira esse sujeito levou seu trabalho a sério. Dirigiu um daqueles dramas esportivos que tinha o Billy Bob Thornton como técnico de um time qualquer de um esporte qualquer. Aqueles que acabam com o time levantando o zagueiro nos ombros enquanto um holofote projeta uma luz branca de fundo, a imagem congela e começa uma música melosa, normalmente de uma cantora pop americana que fez algum sucesso entre 2005 e 2008.
Depois disso, ele dirigiu O reino, um filme de guerra sério e frenético, do qual particularmente gosto bastante, tem um elenco meio inusitado para um filme do gênero, mas funciona.
Foi um fracasso.
Depois disso, da desilusão com sua carreira, do que ele acreditava ser o jeito certo de fazer cinema, o cara desencanou, chutou o pau da barraca e o que veio a seguir foi Hankock, aquela... Coisa cheia de negócios.
E as reações a Hankock fizeram-nos o favor de manter o sujeito longe das câmeras por quatro anos antes de voltar ao cinema com sua nova atrocidade: Battlesip.
Aqueles caras que estão numa sala de reuniões, naquela mesa comprida, e um deles, com o olhar sério e senso de urgência, fala: -Transformers foi um sucesso, GI Joe foi um sucesso, qual brinquedo nós podemos adaptar agora?
Um deles fala da Barbie, outro fala do Lego, aí o estagiário fala:
-E se nós adaptássemos Batalha Naval?
Aí, ao invés de jogar o sujeito pela janela, eles aceitam a ideia e a entregam nas mãos de um dos maiores caras de pau da indústria cinematográfica da atualidade: Peter Berg.
Battleship – A Batalha dos Mares é trash, é tosco, é absurdo e inverossímil e sabe disso, faz uso disso pra divertir e pra tirar sarro de si mesmo. Os personagens são todos estereotipados, desde o protagonista até a o a Rihana (quem teve a ideia de colocar a Rihana no elenco???), as situações são inacreditáveis e o roteiro é cheio daquelas coincidências e conveniências bizarras que nunca acontecem na vida real.
É aquele conjunto de coisas erradas, colocadas na posição errada, do jeito errado, pelas pessoas erradas, que dá totalmente errado, mas diverte. Eu descrevo Battleship como um dos melhores filmes ruins que eu já vi na vida. O filme tá certo, errado tá quem o levou a sério, saca?
Eu cheguei até aqui e não falei sobre o que é o filme. É um negócio bem maluco, como sabemos Batalha Naval não tem história, não tem trama, só dois moleques, cada um de um lado do telefone, enquanto o Yudi e a Priscila tentam entender afinal de contas quantos anos eles tem, por que eles tem aquela dicção de criança mongoloide, e tudo o que os dois querem é levar o preysteition pra casa.
Como não dava pra colocar os apresentadores do Bom Dia e Cia na adaptação, qual então seria o conflito de algo que já nasceu tão avacalhado?
Temos alienígenas, herói de ação com drama genérico(Taylor Kitsch, o rei dos fracassos, se divertindo mais que quem assiste ao filme), uma mulher macho (Rihana), uma donzela em perigo (Brooklyn Decker, que eu achava que era uma marca de liquidificador) e uma vingança (os aliens matam o irmão do herói). E o Liam Neeson com seu inseparável binóculo.
Um roteiro de sucesso para uma obra de sucesso!
O filme é uma zoação sem tamanho, é trash, é sem sentido, é picareta e caricato, mas é divertido pra caramba! É divertido como Transformers não é. Sem falar nos efeitos visuais alucinantes e na trilha sonora sensacional e nas atuações canastronas de todo o elenco e, a melhor parte: tudo isso no meio do mar! Melhor que isso só se tivesse um anão no elenco! Ou o Robert Downey Jr, mas ele tem algum critério na escolha dos seus trabalhos.
É um daqueles que você senta, desliga o miolo e vai!
Filme pra curtir, não pra pensar.
Mas de tudo, de tudo isso que foi dito, a melhor coisa sem dúvida alguma, é a cena da âncora.
Só vendo pra ter ideia.
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