Dia 74 - Felipe P. 72
Battleship - 2012
Dir: Peter Berg.
Elenco: Taylor Kitsch, Brooklyn Decker, Rihanna.
As pessoas sempre reclamam do Michael Bay usando o mesmo
argumento, a mesma historinha de que seu grande problema é ficar estufando seus
filmes de explosões e câmeras girando e closes em bundas, eu particularmente
discordo disso. Também discordo quando reclamam das câmeras lentas do Zack
Snyder e dos flares do JJ Abrams, discordo disso tudo, mas temos de concordar
que o Snyder e o Abrams ficam meio deslocados num texto que começou falando
sobre o Michael Bay. Afinal de contas esses dois são diretores de cinema. Aliás
esse é o grande problema do Michael Bay: ele acha que é diretor, ele se leva a
sério como tal, ele acha que o fato de segurar uma câmera circulando um prédio
enquanto dois robôs se engalfinham de uma forma totalmente incompreensível (e
ser pago por isso, ser sustentado por isso) é dirigir Cinema. Nada de errado
com isso, o cara tá seguindo o sonho dele, tá fazendo o que ele ama e o que ele
acredita. É como o Rob Liefield disse, ele tá realizando o sonho nerd de
infância, enquanto nós estamos aqui reclamando deles.
Descendo ainda mais baixo, podemos falar mal do Uwe Bow,
mas não precisamos de tanto, ok?
O meu ponto é que o principal problema do Michael Bay é
levar a sério demais o que ele faz, enquanto o mundo encara isso tudo como uma
piada gigante. E esse não é um problema do qual Peter Berg, diretor de Battleship,
sofre.
Não mais.
Em algum ponto de sua carreira esse sujeito levou seu
trabalho a sério. Dirigiu um daqueles dramas esportivos que tinha o Billy Bob
Thornton como técnico de um time qualquer de um esporte qualquer. Aqueles que
acabam com o time levantando o zagueiro nos ombros enquanto um holofote projeta
uma luz branca de fundo, a imagem congela e começa uma música melosa,
normalmente de uma cantora pop americana que fez algum sucesso entre 2005 e
2008.
Depois disso, ele dirigiu O reino, um filme de guerra
sério e frenético, do qual particularmente gosto bastante, tem um elenco meio
inusitado para um filme do gênero, mas funciona.
Foi um fracasso.
Depois disso, da desilusão com sua carreira, do que ele
acreditava ser o jeito certo de fazer cinema, o cara desencanou, chutou o pau
da barraca e o que veio a seguir foi Hankock, aquela... Coisa cheia de
negócios.
E as reações a Hankock fizeram-nos o favor de manter o
sujeito longe das câmeras por quatro anos antes de voltar ao cinema com sua
nova atrocidade: Battlesip.
Aqueles caras que estão numa sala de reuniões, naquela
mesa comprida, e um deles, com o olhar sério e senso de urgência, fala:
-Transformers foi um sucesso, GI Joe foi um sucesso, qual brinquedo nós podemos
adaptar agora?
Um deles fala da Barbie, outro fala do Lego, aí o estagiário
fala:
-E se nós adaptássemos Batalha Naval?
Aí, ao invés de jogar o sujeito pela janela, eles aceitam
a ideia e a entregam nas mãos de um dos maiores caras de pau da indústria cinematográfica
da atualidade: Peter Berg.
Battleship – A Batalha dos Mares é trash, é tosco, é absurdo
e inverossímil e sabe disso, faz uso disso pra divertir e pra tirar sarro de si
mesmo. Os personagens são todos estereotipados, desde o protagonista até a o a
Rihana (quem teve a ideia de colocar a Rihana no elenco???), as situações são
inacreditáveis e o roteiro é cheio daquelas coincidências e conveniências
bizarras que nunca acontecem na vida real.
É aquele conjunto de coisas erradas, colocadas na posição
errada, do jeito errado, pelas pessoas erradas, que dá totalmente errado, mas
diverte. Eu descrevo Battleship como um dos melhores filmes ruins que eu já vi
na vida. O filme tá certo, errado tá quem o levou a sério, saca?
Eu cheguei até aqui e não falei sobre o que é o filme. É um
negócio bem maluco, como sabemos Batalha Naval não tem história, não tem trama,
só dois moleques, cada um de um lado do telefone, enquanto o Yudi e a Priscila
tentam entender afinal de contas quantos anos eles tem, por que eles tem aquela
dicção de criança mongoloide, e tudo o que os dois querem é levar o preysteition
pra casa.
Como não dava pra colocar os apresentadores do Bom Dia e
Cia na adaptação, qual então seria o conflito de algo que já nasceu tão
avacalhado?
Temos alienígenas, herói de ação com drama genérico(Taylor Kitsch, o rei dos fracassos, se
divertindo mais que quem assiste ao filme), uma mulher macho (Rihana), uma
donzela em perigo (Brooklyn Decker, que eu achava que era uma marca de
liquidificador) e uma vingança (os aliens matam o irmão do herói). E o Liam
Neeson com seu inseparável binóculo.
Um roteiro de sucesso para uma obra de sucesso!
O filme é uma zoação sem tamanho, é trash, é sem sentido,
é picareta e caricato, mas é divertido pra caramba! É divertido como
Transformers não é. Sem falar nos efeitos visuais alucinantes e na trilha
sonora sensacional e nas atuações canastronas de todo o elenco e, a melhor parte: tudo isso no meio do mar! Melhor que isso só se tivesse um anão no elenco! Ou o Robert Downey Jr, mas ele tem algum critério na escolha dos seus trabalhos.
É um daqueles que
você senta, desliga o miolo e vai!
Filme pra curtir, não pra pensar.
Mas de tudo, de tudo isso que foi dito, a melhor coisa
sem dúvida alguma, é a cena da âncora.
Só vendo pra ter ideia.
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