quarta-feira, março 13, 2013

As Aventuras de Pi

Dia 72 - Felipe P. 69
Life of Pi - 2012
Dir: Ang Lee
Elenco:  Suraj Sharma, Irrfan Khan, Adil Hussain

Eu não sou fã do Ang Lee. Na verdade, ele provavelmente seja um dos diretores que eu menos gosto. Não tipo o Uwe Bow, que é uma unanimidade. É mais algo como grandes diretores de talento reconhecido, mas que simplesmente não me agradam. Há um grupo seleto desses diretores, que tem pelo menos uns sete ou oito membros, aqueles caras cujo trabalho eu não anseio em nada por ver, mas não nego quando os caras acertam a mão. Dois exemplares bastante conhecidos são Guy Ritchie e Danny Boyle, sujeitos por quem não tenho um grande apreço mas, em algum ponto de suas carreiras, eles fizeram algo que me fez rever meus conceitos. Hoje em dia eu até vejo o Boyle com outros olhos, vejo-o como o sujeito que dirigiu uns filmes bons pra caramba (Cova Rasa, 127 Horas, Solaris), uns bacanas (Caiu do Céu), um que não curto tanto (Quem Quer Ser Um Milionário) e Extermínio. O cara conseguiu fazer um filme de zumbi do qual eu não gosto, palmas pra ele.
No caso do Guy Ritchie, basicamente é Snatch e o primeiro Sherlock Holmes.
O mais novo membro desse grupo é Ang Lee.
Quando eu penso nesse cara, além de um desconforto mental imenso, o que vem a minha cabeça são duas palavras: poodles mutantes. Desde Hulk eu não vejo nada do que esse cara fez, nada! Nem aqueles dos japoneses voadores, nem o dos cowboys, nem nada. Hulk matou Ang Lee pra mim, esmagou ele. Hulk matou e enterrou Ang Lee pra mim.
Ele deveria ter sido indiciado por homicídio doloso depois de dirigir aquela porcaria. Crime contra a humanidade.
Ok, feito o desabafo, vamos parar de falar mal desse sujeito e vamos falar de As Aventuras de Pi (que nomezinho escroto!).
O filme conta a história de Pi Patel, um jovem indiano que vive com os pais em seu país natal quando um dia, por questões políticas e econômicas, precisa se mudar da Índia para o Canadá. O problema é que sua família é dona de um zoológico. Ou seja, todos os animais vão se mudar junto com eles. De navio. E lá está a família Patel, em sua arca de Noé indiana quando uma noite o Gerard Depardieu tá servindo o jantar e o barco afunda. Todo mundo no navio afunda junto, exceto PI que se consegue entrar num bote salva vidas. Ele, um orangotango, uma zebra e uma hiena. E Por fim, um tigre de bengala chamado Richard Parker.
A despeito da minha sinopse sem sentido nenhuma, o filme acompanha a vida do Pi desde a infância até os dias em que passa à deriva com Richard Parker depois que ele devora o resto da tripulação de bichos. A história é narrada no estilo Forrest Gump, dando pequenos saltos no tempo e contando detalhes e acontecimentos importantes, narrada em primeira pessoa pelo próprio Pi, anos mais velho para um escritor em crise.
O interessante é que demora um bom tempo até chegar à parte do tigre e do barco, antes disso o interessante é ver o desenvolvimento de Pi, desde os traumas da infância, o relacionamento com os pais, o primeiro amor, a descoberta da fé e de várias religiões (Pi é hindu, católico, judeu e muçulmano) e, em minha opinião, ver esse momento é bem mais interessante que ver a jornada marítima com o tigre.
Apesar de carregada de referências culturais e do poder que a história possui, a grande sacada dessa parte do filme, a parte do tigre e do bote, é o visual. As cenas são inacreditáveis, de uma beleza que não pode ser descrita, misturando céu e mar, tudo extremamente colorido e bem feito. E o tigre então, criado digitalmente o bicho é simplesmente real, não há quem possa dizer o contrário.
No fim das contas, o que se pode tirar de Life of Pi é a experiência como um todo, a jornada pessoal, a evolução do garoto, a relação que ele desenvolve com o tigre, a constante batalha travada pelos dois e o visual, que por vezes se sobrepõe a todo o resto. Eu particularmente achei a história da jornada de fé meio forçada, acho que o filme passava facilmente sem isso, não foi tão bem desenvolvido quanto deveria e quase chegou a comprometer algumas vezes.
Fora isso eu posso dizer que o Ang Lee acertou dessa vez e eu vou tentar superar os poodles mutantes, mas vai ser difícil.

PS: vocês conhecem o poema O Tigre, do William Blake? Nada a ver com o filme, mas vale a conferida ;)
http://www.casadacultura.org/Literatura/Poesia/g97_ingles/Tiger_William_Blake.html
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