Dia 88 - Felipe P. 87
Akira -1988
Dir: Katsuhiro Otomo
Elenco: Nozomu Sasaki, Mami Koyama, Mitsuo Iwata
Eu tive uma fase da vida em que a presença do anime foi
muito forte. Foi por volta de 2008, ainda no ensino médio, todos os meus amigos
adoravam anime e eu meio que via pra não ficar sem assunto. Até curtia
bastante, mas nunca me aproximei da paixão que aqueles malucos tinham e tem até
hoje. Naruto, Bleach, D Grey Man, Monster... eu devo ter visto tanta coisa que
seria incapaz de listar. Hoje essa maluquice diminuiu um bocado em mim, nem
acompanho mais periodicamente e já faz uns anos.
Pra quem não sabe, se é que alguém não sabe, anime é “desenho
animado japonês”. Peitos e olhos gigantes, gritos exagerados, golpes
impossíveis, alívios cômicos absurdos, o pacote completo.
Eu não considero Akira um anime. Eu considero Akira um
patrimônio da humanidade.
A história se passa em 2019, 31 anos após a Terceira
Guerra Mundial, que foi desencadeada por eventos pouco usuais envolvendo
poderes psíquicos, experiências ilegais por parte do governo, cobaias
humanas... Coisas sobre o que pouco se fala. O cenário é Neo-Tóquio, uma cidade
reconstruída sobre o que restou da antiga após a guerra. Uma cidade tomada pela
bandidagem dominada pelas gangues que se enfrentam em violentas corridas de
moto que sempre acabam com mortos e feridos. Uma cidade no estilo Mega City
One, de Dredd. Mesmo Nível, porém sem os juízes pra pôr ordem na casa.
Nesse arremedo de mundo, que mais parece meu bairro, vive
Kaneda, o líder de uma dessas gangues. Uma noite, numa dessas corridas
alucinadas, um dos membros da gangue de Kaneda, Tetsuo, se envolve num acidente
de moto ao quase atropelar um menino, fugitivo de um projeto secreto do governo.
No mesmo dia, após o acidente, todo o grupo de Kaneda é capturado pela polícia
e Tetsuo é “resgatado”, mas acaba se tornando ele próprio um dos experimentos
do governo.
Após isso e após várias experiências as quais é
submetido, o rapaz acaba por desenvolver habilidades sobre-humanas, além de
danos psicológicos que o fazem se voltar conta os companheiros de gangue. Falando
assim eu faço Akira parecer um drama com o Tobey Maguire, mas acredite em mim:
as proporções são monstruosas!
Akira é baseado num mangá de mesmo nome e sofreu algumas
mudanças bem drásticas em relação ao material original, mesmo tendo sido
adaptado para as telas pelo próprio autor da HQ, Katsuhiro Otomo.
Mas o que faz de Akira algo tão importante para o cinema
mundial a ponto de figurar em listas de melhores FILMES de muita gente
(incluindo este que vos fala), ser inclusive considerado um grande clássico do
CINEMA? Um conjunto de fatores que parte desde uma história universal sem aqueles
cacoetes orientais, que se comunica com todos os públicos; personagens carismáticos
e bem desenvolvidos; peso dramático, uma bela dose de violência e crítica social, uma história profunda, complexa e extremamente bem
contada e dirigida.
Sem falar no visual bacana pra caramba, no sutil toque cyberpunk,
a mistura de ação, ficção científica e drama, a trilha sonora sensacional... Akira
é uma série de acertos sutis que culminam num filme icônico com um dos finais
mais espetaculares da história do cinema mundial, coisa que nem indiano faz.
Desnecessário falar que vai ganhar remake...
Tudo isso junto transformou o em algo icônico, clássico e
cultuado. Fãs e não fãs de anime e cultura japonesa concordam em uma coisa:
Akira é épico! Uma das coisas mais lindas do mundo. Sem exagero.
Tá bom, só um pouquinho...
Eu fico por aqui, depois de um dia exaustivo, e deixo
vocês com essa pérola. Se você não viu Akira, para de perder tempo e vá ver
agora! Agora!
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Um dos melhores animes que tive o prazer de ver. Aliás, um dos melhores filmes.
ResponderExcluirNaquela epoca pré-internet em que vc era escravo dos filmes da Globo, Akira foi o primeiro filme diferente daquela turma do barulho aprontando mil confusões que eu assisti e fiquei fascinado, epoca dos VHSs alugados, em que a gente levava videocassete um na casa do outro pra podermos assistir e copiar.
Na verdade, vi no mesmo dia que vi Duna, de David Lynch e os dois viraram meu xodó por muitos e muitos anos.