Dia 35 - Felipe P. 34
The Impossible – 2012
Dir: Juan Antonio Bayona
Elenco: Naomi Watts, Ewan McGregor, Tom Holland
Um dia depois do natal, uma onda de proporções jamais
vistas atingiu a Tailândia e matou cerca de 230 mil pessoas. Até hoje o número de
vítimas é incerto. O incidente familiarizou o mundo com o termo “tsunami” e
mostrou que não importa quão grande seja a devastação causada pelo ser humano,
nada se compara à devastação causada pela própria natureza.
Esse acontecimento já foi retratado um par de vezes no
cinema, é um assunto delicado, algo que dificilmente será compreendido ao todo.
Já foi brevemente mencionado em produções pequenas e toscas como Soul Surfer,
de 2011 e filmes grandiosos como Além da Vida do diretor Clint Eastwood, de 2010. Mas nenhuma
dessas produções se aprofundou tanto quanto O Impossível (the Impossible,
2012), do diretor Juan Antonio Bayona.
Na trama acompanhamos a família Bennet, baseada numa
família espanhola que vivenciou a verdadeira história. O casal, interpretado
por Naomi Watts e Ewan McGregor, e seus três filhos, passavam as férias na
Tailândia quando foram surpreendidos pelo tsunami. Isso acontece aos 14 minutos
de filme, o que vem depois, nos próximos 90 minutos, é a jornada dessa família
para se reencontrar.
A produção foi alvo de polêmica ao substituir a família
espanhola por atores britânicos, mas ao fim da projeção, a sensação que se tem
é de que a polêmica é infundada e totalmente tendenciosa.
A produção não faz distinção de nacionalidade, de cor de
pele, quando a onda chega, não importa quem tem a carteira mais pesada ou as
melhores joias, todos são varridos.
O Impossível não é o tipo de filme que eu recomendo aos
fracos de coração (ou de estômago). É algo de uma violência inacreditável, mostra
a devastação causada em seus mínimos detalhes, feridas, carne rasgada, ossos expostos,
corpos de pessoas e de animais...
A recriação do cenário da destruição é impressionante, a
maquiagem simulando ferimentos, inchaços, a edição de som explicitando os ossos
quebrando e os galhos perfurando corpos, nada é escondido, absolutamente nada.
Isso poderia facilmente cair no apelativo, e em certos momento chega a tal, mas
o resultado final é algo maior que isso.
Bayona é um mestre da manipulação, quem viu seu filme
anterior, O Orfanato, sabe que ele se utiliza de todos os métodos disponíveis
para causar ao púbico a emoção que ele quer causar, mesmo que isso se torne
piegas ou beire o patético, no fim ele vai ter atingido seu objetivo e você vai
estar roendo as unhas de tensão ou com os olhos molhados, ou com o coração
acelerado, com arrepios na espinha, vai estar aliviado com um reencontro ou
triste por uma perda. Encare isso como quiser, mas ele manipula você das formas
mais baixas possíveis para garantir o sucesso de um momento.
Outro recurso do qual Bayona faz uso para isso é a trilha
sonora. O compositor Fernando Velázquez já trabalhou com o cara antes no já
citado O Orfanato, os dois funcionam muito bem juntos, aliados à fotografia
impecável de Óscar Faura, dão ao filme um clima opressivo, em alguns momentos,
assimilando-se ao clima de uma série de TV, causando alguma quebra de ritmo,
mas até isso parece planejado.
Bayona é um diretor meticuloso, tudo parece devidamente
planejado, seja para ser funcional à trama ou simplesmente para ser visualmente
benéfico.
Sinceramente eu justificaria o fato troca da etnia dos
personagens pelo simples fato de que Bayona tinha em mãos dois dos maiores
atores britânicos da atualidade e a possibilidade de explorar suas atuações ao
máximo. Sem falar do elenco infantil que ele arranjou, tirado sabe-se lá de
onde, com momentos inacreditáveis.
Quando o filme acaba, mesmo com seu final feliz e seus “eu
te amo” e “tudo vai ficar bem”, a sensação que se tem é a de que você levou uma
surra. A sensação de se estar com uma hemorragia interna.
-
(NÃO VEJA ESSE TRAILER, ELE CONTA O FILME TODO)
(MAS QUEM SOU EU PRA FALAR, NÉ???)
Cara! Eu vi o filme em um trailer! Maldito!
ResponderExcluirVocê me avisou!