segunda-feira, fevereiro 04, 2013

O Impossível

Dia 35 - Felipe P. 34
The Impossible – 2012
Dir: Juan Antonio Bayona
Elenco: Naomi Watts, Ewan McGregor, Tom Holland

Um dia depois do natal, uma onda de proporções jamais vistas atingiu a Tailândia e matou cerca de 230 mil pessoas. Até hoje o número de vítimas é incerto. O incidente familiarizou o mundo com o termo “tsunami” e mostrou que não importa quão grande seja a devastação causada pelo ser humano, nada se compara à devastação causada pela própria natureza.
Esse acontecimento já foi retratado um par de vezes no cinema, é um assunto delicado, algo que dificilmente será compreendido ao todo. Já foi brevemente mencionado em produções pequenas e toscas como Soul Surfer, de 2011 e filmes grandiosos como Além da Vida do diretor Clint Eastwood, de 2010. Mas nenhuma dessas produções se aprofundou tanto quanto O Impossível (the Impossible, 2012), do diretor Juan Antonio Bayona.
Na trama acompanhamos a família Bennet, baseada numa família espanhola que vivenciou a verdadeira história. O casal, interpretado por Naomi Watts e Ewan McGregor, e seus três filhos, passavam as férias na Tailândia quando foram surpreendidos pelo tsunami. Isso acontece aos 14 minutos de filme, o que vem depois, nos próximos 90 minutos, é a jornada dessa família para se reencontrar.
A produção foi alvo de polêmica ao substituir a família espanhola por atores britânicos, mas ao fim da projeção, a sensação que se tem é de que a polêmica é infundada e totalmente tendenciosa.
A produção não faz distinção de nacionalidade, de cor de pele, quando a onda chega, não importa quem tem a carteira mais pesada ou as melhores joias, todos são varridos.
O Impossível não é o tipo de filme que eu recomendo aos fracos de coração (ou de estômago). É algo de uma violência inacreditável, mostra a devastação causada em seus mínimos detalhes, feridas, carne rasgada, ossos expostos, corpos de pessoas e de animais...
A recriação do cenário da destruição é impressionante, a maquiagem simulando ferimentos, inchaços, a edição de som explicitando os ossos quebrando e os galhos perfurando corpos, nada é escondido, absolutamente nada. Isso poderia facilmente cair no apelativo, e em certos momento chega a tal, mas o resultado final é algo maior que isso.
Bayona é um mestre da manipulação, quem viu seu filme anterior, O Orfanato, sabe que ele se utiliza de todos os métodos disponíveis para causar ao púbico a emoção que ele quer causar, mesmo que isso se torne piegas ou beire o patético, no fim ele vai ter atingido seu objetivo e você vai estar roendo as unhas de tensão ou com os olhos molhados, ou com o coração acelerado, com arrepios na espinha, vai estar aliviado com um reencontro ou triste por uma perda. Encare isso como quiser, mas ele manipula você das formas mais baixas possíveis para garantir o sucesso de um momento.
Outro recurso do qual Bayona faz uso para isso é a trilha sonora. O compositor Fernando Velázquez já trabalhou com o cara antes no já citado O Orfanato, os dois funcionam muito bem juntos, aliados à fotografia impecável de Óscar Faura, dão ao filme um clima opressivo, em alguns momentos, assimilando-se ao clima de uma série de TV, causando alguma quebra de ritmo, mas até isso parece planejado.
Bayona é um diretor meticuloso, tudo parece devidamente planejado, seja para ser funcional à trama ou simplesmente para ser visualmente benéfico.
Sinceramente eu justificaria o fato troca da etnia dos personagens pelo simples fato de que Bayona tinha em mãos dois dos maiores atores britânicos da atualidade e a possibilidade de explorar suas atuações ao máximo. Sem falar do elenco infantil que ele arranjou, tirado sabe-se lá de onde, com momentos inacreditáveis.
Quando o filme acaba, mesmo com seu final feliz e seus “eu te amo” e “tudo vai ficar bem”, a sensação que se tem é a de que você levou uma surra. A sensação de se estar com uma hemorragia interna.
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(NÃO VEJA ESSE TRAILER, ELE CONTA O FILME TODO)
(MAS QUEM SOU EU PRA FALAR, NÉ???)

Um comentário:

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