Michel 48. Dia 52.
Íamos pelo início deste século à época em que eu trabalhava numa grande rede de lojas aqui do Ceará. Eu tinha acabado de ser promovido para um dos setores (internos) mais bacanas da empresa - The Lab -, onde eu estava cercado de gente fuleira da melhor qualidade. Amigos que ficaram no passado mas que ainda hoje trazem boas lembranças.
Enfim. Dentre esses amigos estava Rogério, um cara que conhecia música como ninguém. Um de meus professores nessa área árida e fodástica chamada de apreciação musical. Ele ia da MPB ao Rock, do Reggae ao Pop, e me emprestava discos e dizia: escuta isso, escuta aquilo, compra esse, vê aquele... e eu nas Americanas comprando disco original - até que os Piratas tomaram de conta. Isso foi meio ruim e meio bom.
Mas enfim - de novo.
Um dia o Rogério me emprestou um disco tão bom que eu não o devolvi. É claro que eu avisei a ele que não devolveria. :) Esse disco me iniciou nos mistérios de Led Zeppelin, e por isso eu tenho um grande carinho por ele; "No Quarter" (1994), de Page e Plant.
Não é um disco do Zeppelin, entretanto: é algo mais, posterior, com outra ressonância. É uma ode ao amor à música, à velha Música que atravessa fronteiras e, nas palavras do próprio Plant, "é uma experiência de alteração mental".
Os solos de Page são de outro mundo. A voz de Plant continua potente e certeira como sempre. Não há medo nessa investida, nem saudosismo: os dois estão perfeitos, encaixados neste momento do tempo e do espaço. "No Quarter" é, em grande medida, uma canção de amor a quem faz e escuta música com amor. Um amor com uma forte influência oriental, mas - e talvez por isso - com cheiro e sabor de especiarias, viagens e poeira que nem todo mundo consegue aguentar.
Putz.
Sinta a poeira. Sinta o vento. Sinta a secura no ar.
O sirocco se aproxima, e eu não tenho para onde ir.
Então, talvez, aqui seja meu lugar.
Dedico este post ao meu irmão e co-autor, Felipe "Nolan-Tarantino" Pereira, que está atravessando o deserto em busca de seu Tesouro.
No Quarter
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O disco inteiro:
E abraços etílicos nesta noite quente de fins de Fevereiro.
Feel the wind and fly away.
Metafisico. É como eu classificaria esse disco.
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