quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Nashville Skyline - Bob Dylan, ou: Feels Like Home...

Michel 53. Dia 58.

Imagine que você pode escolher alguém para cantar contigo a primeira música de um dos teus melhores discos. Agora imagine que você é Bob Dylan, e teu parceiro chama-se Johnny Cash.


Essa é a entrada de "Nashville Skyline" (1969), uma das - muitas - obras primas de Dylan. Um disco simples e complexo, rico, variado, com sabor e textura. Desde os arranjos aos vocais impecáveis, um disco - desculpem a infâmia - redondo. O violão soa natural, seco, meio desajustado... mas é tão estiloso, tão bonito, tão natural... putz.

Sabe aquela viagem para o interior do estado, aquela que você planeja fazer desde criança, com seus melhores amigos? Esta é a trilha sonora perfeita. Ver a paisagem se desgastando contra a vidraça, a secura do sertão se impondo sobre os olhos cansados de concreto, a beleza crua da terra indomável e indomada - apesar da negra cicatriz que a corta e nos conduz de um ponto a outro...

Um disco magnífico. Uma viagem.

Dylan viaja entre estilos - country, rock, blues - sem perder a identidade, o cerne do álbum: algo regional, algo central, algo rural. Músicas que se tocam nos fins de tarde, regados àquela cerveja gelada no fundo do pote. Um disco atemporal, um atestado de que o passado foi, sim, uma época melhor.

Atenção às belíssimas "Girl From The North Country", "I Threw It All Away", "Peggy Day", "Lay Lady Lay" - CLÁAAAAASSICA!!!!!! -, "One More Night", "Tell Me That It Isn't True" e "Tonight I'll Be Staying Here With You".

Um trabalho cheio de sentimento, de uma juventude já velha, de um cansaço - mas daquele cansaço que vem depois do prazer. Um disco maduro e bem intencionado, de um Bob Dylan diferente, porém profundo e verdadeiro. Um tributo a tudo o que é puro e sereno, a tudo o que é avesso à cidade e às suas modernidades.


Encerro aqui o meu post de hoje (estava com saudades, confesso, mas agradeço ao Felipe P. pela força) homenageando este que é um dos maiores da música de todos os tempos.







Abraços cansados, M. Euclides.


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