terça-feira, fevereiro 26, 2013

Boy A

Dia 57 - Felipe P. 56
Boy A - 2007
Dir: John Crowley
Elenco:  Andrew Garfield, Peter Mullan, Shaun Evans

A questão levantada por Boy A é simples e recorrente: seríamos nós capazes de deixar o passado de lado e recomeçar do zero?
Em Boy A, Andrew Garfield é um jovem que está tentando recomeçar. Pouco se sabe inicialmente sobre seu passado, mas o que se sabe é que ele cometeu um erro grave e que passou os últimos anos pagando por ele. Mas agora ele está limpo, disposto a esquecer, a recomeçar. Nova cidade, nova identidade, novo emprego, a ideia é manter a discrição e seguir a vida. Seu novo nome é Jack. Jack faz amigos, arranja uma namorada e tudo parece correr dentro do planejado por seu oficial de condicional, interpretado por Peter Mullan, que assume para com o garoto uma figura quase paterna.
O passado do jovem é revelado por meio de flashbacks. Eles mostram Eric, o antigo Jack, em seu tempo de colégio, no exato momento em que conhece o problemático Philip Craig. Os dois acabam desenvolvendo uma amizade forte, mesmo sendo extremamente diferentes. Eric é apático e quieto, enquanto Philip é intenso e violento. O comportamento de Philip acaba influenciando Eric, que acaba absorvendo-o como forma de preencher lacunas vazias de sua própria vida e como meio de se manter por perto do outro garoto.
O filme vai intercalando flashbacks às cenas atuais, mostrando ao mesmo tempo como Eric conseguiu destruir a própria vida e como ele tenta construir uma nova, dando uma ideia de como o passado sempre volta a assombrar de uma forma ou de outra.
Seja o que for que Eric e Philip houvessem feito no passado, quando ainda eram apenas garotos, foi tão grave que levou o segundo a tirar a própria vida. E, de certa forma, Eric havia morrido junto.
Boy A opta por não fazer julgamentos contra ninguém, nem contra seus passados. Reconhece que ninguém é tão bom quanto se quer, nem tão mau quanto se fala. Escolhe simplesmente mostrar, de uma forma não totalmente imparcial e nem totalmente fria, o lento caminho de degradação involuntária que vai sendo traçado por uma pessoa com um passado do qual não se orgulha. Ao mesmo tempo, não esconde nada, de nenhuma das partes envolvidas, não poupa ninguém, não demonstra e nem manipula o expectador a sentir pena de ninguém.
Mesmo quando um evento inesperado faz com que todas as atenções se voltem contra Jack, fazendo com que sua história seja contada (recontada) e seus segredos sombrios sejam revelados, transformando sua nova vida num inferno. Mesmo após isso, não  há como não se importar com o personagem.
É importante frisar a boa atuação de Andrew Garfield, que depois viria a ser conhecido por protagonizar o reboot do Homem-Aranha nos cinemas. Ele dá um ar fragilidade a seu personagem, algo realmente convincente. A ideia é a de que um sujeito que passou metade de sua vida em uma prisão, desde criança, volte ao mundo exterior mudado pela experiência, mas ainda assim com a mesma ingenuidade que tinha quando entro nela.
Algo que só se acentua pelo forte sotaque britânico do ator.
Um trabalho excepcional.
As atuações em geral são muito competentes. Peter Mullan dá um pequeno show como tutor de Jack, um cara tentando corrigir os próprios erros ao ajudar o garoto a esquecer dos dele.
A direção de John Crowley também é ótima, sabendo fazer uso dos bons atores que tem à disposição, não poupa closes em expressão, explora o que há de melhor em todo o elenco.
E por fim, a bela fotografia de Rob Hardy, que fecha com chave de ouro.
Um filme honesto.
Pessimista pra caramba. Mas honesto.
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