Dia 40 - Felipe P. 39
Dando uma variada nas coisas, hoje eu que vou indicar um disco e desde já peço desculpas pelo inconveniente.
Mentira.
Eu tenho uma história para cada cantor ou banda que
descubro, costumo me lembrar muito bem da música que me apresentou aquele
artista, a música que me pegou e me convenceu. Por exemplo, Muse, eu conheci
num programa de TV chamado Rock Collection e, anos depois, meu irmão apareceu
com a discografia inteira e eu me viciei na banda. Também teve o Unkle, que eu
conheci num filme chamado Repo Men, com a música Burn My Shadow, simplesmente
sensacional; o Black Keys que conheci graças a Zumbilândia e, por fim, entre
muitos outros, teve o canadense Dan Mangan, que simplesmente surgiu na minha
vida.
Se me perguntassem de onde eu conheço esse sujeito, eu
não saberia responder. Dia desses eu simplesmente ouvi, não lembro onde, uma
música que dizia que “robôs também precisam de amor” e eu passei a ouvi-la em loop
durante dias e dias e, mais uma vez, meu irmão apareceu com a discografia do
cara.
Eu costumo dizer que Dan Mangan é um cantor indie por
falta de oportunidade na vida. Por que se as pessoas dessem uma chance ao cara,
elas se apaixonariam pelo trabalho dele tanto quanto eu.
Portanto, aqui estou eu, apresentando a vocês um dos
cantores e instrumentistas mais talentosos da nova geração da música
independente. Com seu disco de estreia Nice, Nice, Very Nice.
Um detalhe importante sobre esse disco é a ordem em que
as músicas se encontram dispostas. Um conselho? Nunca ouça esse disco em
shuffle e nunca, em hipótese alguma pare de escutar depois da primeira audição.
Isso por que o disco tem um ritmo perfeito, uma harmonia
inquebrável, as músicas se encaixam com perfeição na sequência natural. É quase
como se narrassem uma história, a história de uma vida. Talvez eu só esteja
querendo dar um significado maior a algo que é bastante simples, mas essa é a
impressão que tenho todas as vezes que ouço o disco.
Eu até posso destacar músicas do álbum, mas a ideia é que
se ouça na íntegra, sem skip, sem random, sem nada, coloca pra tocar, senta,
chora, sorri, pragueja contra a vida e contra as pessoas, declara seu amor ao
mundo, manda o mundo se ferrar em seguida... É um disco cheio de humores. É como
um ogro: cheio de camadas.
Mas, mesmo assim, se fosse destacar alguma, para te
convencer a ouvir, te apresentaria Robots, logo de cara. Foi a música que
capturou minha atenção de primeira ouvida, que me fez refletir durante dias e
dias, que me fez cantarolar o mesmo refrão ao infinito:
“Robots need love too/They want to be loved by you”.
O disco é permeado por bom humor, monotonia e sofrimento,
sem chatices, sem melodramas. São amores perdidos e reconquistados a qualquer
custo, são dias que se foram, arrependimentos pelo caminho, despedidas, violinos,
trombones, trompetes, uma levada meio folk, meio indie... Só vai ouvindo.
O disco começa com a perfeita Road Regrets e termina com
a curta e melancólica Set The Sails, que te deixa bem pra baixo, deprimido
mesmo, mas... Ao fim da última música, você ouve a introdução da primeira, o
que o impele a ouvir a saga de Dan Mangan toda outra vez. E é impossível não
ouvir.
Todas, repito: TODAS as músicas do disco são excelentes,
não tem ponto baixo, não tem aquela música que você pula por que não é tão boa.
Nice, Nice, Very Nice é algo que não falta na minha
playlist, todos os discos do cara são bons, mas esse é impecável.
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Não, não precisa de "Ou"... até porque essa é minha TradeMark. Fulerage.
ResponderExcluirhehe, eu queria respeitar o formato, seu fresco.
ExcluirInteressante essa ideia de lado a, lado b, nostalgia....
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