sábado, fevereiro 09, 2013

Blade Runner - Riddley Scott

Michel 36. dia 40.


Li esses dias - http://www.philipkdick.com/new_letters-laddcompany.html - uma carta do Philip K. Dick onde ele expressava imensa gratidão pela visão e pelo mundo criado em cima de sua obra Blade Runner. Para quem não sabe, Dick é um dos maiores escritores de Ficção Científica que já existiu. Sua visão do futuro é completamente diferente de tudo o que havia sido escrito até então, com personagens extremamente humanos e imprevisíveis, e diálogos e situações extremamente bem construídos e originais.

Pois bem, senhoras e senhores, neste momento eu e o Felipe trocamos os papeis. Ele ficará com música e eu me aventurarei aqui no cinema. Eu não tenho o mesmo olhar cinematográfico que meu irmão, nem o viés técnico aliado ao talento que acredito ver nele - mas sou um fã apaixonado que tem a capacidade de dizer uma coisa ou duas a respeito de um filme.

E Blade Runner (1982) é, para mim, um marcador de águas. Posso dizer que este filme, lançado no ano em que nasci, foi minha maioridade cinematográfica. Após ele, nunca mais pude ver o cinema enquanto arte da mesma maneira.

Chuva, muita chuva. Aqui não se consegue ver o céu, apenas um dirigível convidando você a morar nas colônias fora da Terra. Deckard aguarda seu macarrão enquanto lê um jornal apoiado na parede que fica em frente ao trailer de comida chinesa/japonesa (?).

Quando senta para tentar comer, dois oficiais de polícia chegam e o conduzem de flutuador até o Capitão Bryant, chefe de Polícia, que lhe deixa a par de uma situação preocupante: alguns replicantes fugiram de seus trabalhos forçados em algum lugar do universo em direção à Terra. Mas esses não são replicantes comuns: São Nexus-6. Parecem humanos, mas são mais fortes e mais ágeis, e tão inteligentes quanto aqueles que os desenharam/criaram.

Deckard é um ex-Blade Runner, um "aposentador" de replicantes, conhecido como um dos melhores. E Bryant o quer nessa missão.


O que são os replicantes? O termo androide não se aplica bem aqui, ou pelo menos não preenche o significado necessário à compreensão. Eles não são mecânicos, ou parte mecânicos - são orgânicos e estão vivos. São criados geneticamente para exercer funções em situações extremas que um ser humano normal jamais conseguiria realizar. Mas devido a problemas de programação e replicação, os Nexus-6 têm vida curta: são programados para morrer quatro anos após sua ativação.


O que você faria se soubesse que sua morte tem dia marcado, e se soubesse quando ela aconteceria? Se você soubesse que era possível procurar seu Criador, o que você faria?

O que pediria?

Estes replicantes têm em mente um pedido simples. Querem mais vida.

Enquanto tenta realizar sua missão, Deckard encontra com Eldon Tyrrell, o criador dos replicantes, e sua sobrinha Rachael. Após um diálogo intenso com os dois, Deckard , através do teste Voight-Kampff, descobre junto com Rachael que esta é uma replicante.

E Deckard segue matando os replicantes. As cenas são cruas e dinâmicas, sangrentas e extremamente violentas. Aqui vemos Deckard como um herói que sofre, sangra e se machuca, tanto física quanto psicologicamente.

E aqui vai uma nota sobre seu envolvimento com Rachael. Sean Young sempre foi uma atriz muito linda, mas aqui ela está magnífica. Seus grandes olhos castanhos, seu rosto de pele macia e traços suaves... nasce aqui um relacionamento amoroso brutal e necessário. A cena de amor entre Deckard e Rachael, tendo ao fundo a brilhante e magistral música de Vangelis, é a cena romântica mais bonita do Cinema.


A jornada prossegue. Logo restam apenas Deckard e Roy Batty, o líder dos replicantes. O embate entre os dois é assustador, com Roy mostrando o tempo todo sua superioridade e inteligência, sua força e capacidades. Deckard deixa de ser caçador e passa a lutar por sua vida enquanto foge deste vilão fantástico  construído por Rutger Hauer.


Deixo aqui de lado os julgamentos de valor e os moralismos. Blade Runner é um filme que fala de vida e de morte, de origens e de fins. Caçar e matar seu criador não é uma novidade na história da humanidade, e a maioria das pessoas inteligentes que eu conheço faria a mesma coisa por um pouco mais de tempo.

Blade Runner é um épico da FC e um marco na carreira de Riddley Scott. Veremos essa obsessão pela origem e por mais vida acontecendo em seus outros filmes - principalmente em Prometheus, e acredito ser esta uma de suas marcas diferenciais.

Não ouso classificar Blade Runner. Para mim, tecnicamente falando, não há luas suficientes na Via Láctea para dizer o quanto este filme é maravilhoso e profundo. Para encerrar, deixo vocês com Roy Batty/Hutger Hauer e seu clássico monólogo de despedida.


No mais, não assistiu ainda? Não conhece? Procure e assista essa revolucionária experiência de cinema.

Abraços a todos, M. Euclides, AKA O Ladrão de Almas.

P.S.: Deixo para os exegetas a missão de lidar com as polêmicas. Versão de Cinema, Versão do Diretor, Versão Final, Narração em Off, Final diferente... isso são coisas menores que não chegam a impactar tanto na experiência de assistir ao filme. A única mudança digna de mexer com os paradigmas do filme é o fato de Deckard ser um replicante ou não - e quanto a isso o Diretor do filme não deixou dúvida alguma.

Um comentário:

  1. Ainda não o assisti filosoficamente. Esse deve ser de cabeceira. É daquelas referências históricas em que ao mencionar algum tema relativo é obrigatória a citação: B.B.R e A.B.R.. (before, after)

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