terça-feira, fevereiro 05, 2013

Alta Frequência

Dia 35 - Felipe P. 34
Frequency - 2000
Dir: Gregory Hoblit
Elenco: Dennis Quaid, Jim Caviezel, Elizabeth Mitchell e Shawn Doyle.

Ver um filme antigo, mesmo que ele nem seja tão antigo assim, é como viajar no tempo. Por exemplo, você já se deu conta de que o ano 2000 já passou faz treze anos? O ano da baboseira: fim do mundo, bug do milênio, Hercolubus, o boom da internet, quando o Yahoo dominava... E a galera achando que o novo milênio já havia chegado.

Alta Frequência foi lançado justamente nesse ano, para muitos, um ano de transição. E se tem uma coisa que fica bem clara, revendo este pequeno tesouro de treze anos de idade, é que, de um jeito ou de outro, houve uma transição.
Os anos 2000 deram uma cara nova ao cinema, os filmes ficaram mais frenéticos, mais violentos, mais esquizofrênicos, a onda de heróis e adaptações, remakes e continuações... Rever um filme que você viu quando tinha uns dez, onze anos de idade, quando você tá acostumado a ritmos diferentes, câmeras tremidas e tramas extremamente, complexas faz você se sentir um velho, dá até um pouco de tédio por vezes.
E ao mesmo tempo, ver algo que foi feito no meio dessa transição, no olho do furacão, numa época em que ninguém sabia ao certo onde as coisas iam parar... Chega a ser engraçado.

Alta Frequência conta uma história em duas linhas de tempo paralelas. Na primeira, no ano de 1969, Frank Sullivan, um bombeiro do Brooklyn interpretado por Dennis Quaid, leva sua vida com sua família e seu cão numa casa comum, vivendo ao máximo todos os riscos da profissão. Na outra, 30 anos depois, em 1999, John Sullivan, policial vivido por Jim “Jesus” Caviezel, vive sua vida comum e atribulada na casa que um dia foi da família. O que as duas linhas tem em comum? A aurora boreal causada por uma onda de calor, por sua vez causada por explosões solares. Uma desculpinha bem sem vergonha, mas que funciona bem no contexto.

As duas linhas de tempo se cruzam quando John encontra num armário o rádio amador de seu pai, um bombeiro morto num incêndio. Ele liga o rádio e, milagrosamente, ele volta a funcionar. E, além disso, ele consegue contato com um cara através do rádio: um bombeiro chamado Frank. Seu pai, 30 anos atrás, dois dias antes da própria morte.

John, com muito esforço consegue convencer o sujeito de que ele é seu filho do futuro e, consegue impedir que ele morresse no incêndio. Porém, as consequências desse ato repercutem de uma forma ainda pior.

Conforme as coisas mudam no passado, graças à interferência de John, elas mudam simultaneamente nos dias atuais, e suas memórias vão sendo alteradas, sem que necessariamente as antigas sejam apagadas.

Alta Frequência é bastante simples e sem grandes novidades para os dias atuais. Após ele, muitas outras produções já falaram sobre o tema “viagem no tempo”, mesmo que nesse sequer ocorra uma viagem. O diferencial é que, revendo hoje, após ver filmes como Efeito Borboleta e Looper, você percebe que muitas das ideias usadas aqui, foram reaproveitadas em produções mais recentes.
A ideia é bastante comum e é apresentada de uma forma que qualquer um seja capaz de entender: a televisão. A teoria de realidades alternativas e faixas paralelas de tempo é jogada assim, como quem não quer nada, numa zapeada de canal, mas vai fazer bastante diferença para quem se aprofundar na trama, quem gosta de teorias do tipo.
O filme até dá uma pincelada em teorias mais hardcore, mas a ideia é se manter na simplicidade e mesmo mantendo-se assim, faz uso de uma teoria capaz de causar uma bela dor de cabeça.
Do meio para o final, o filme dá uma mudada de gênero, de uma forma bem brusca, e é bem bacana de ver como isso é feito, sem grandes reviravoltas, simplesmente acontece: deixa de ser uma sci fi, levando em consideração que a base tenha sido compreendida, passa a ser um thriller de serial killer sem ficar forçado ou sem sentido.
Como eu disse no começo, no final dos anos noventa, o cinema dava alguns sinais do que viria a se tornar. Alguns filmes da época já se consagravam como clássicos modernos justamente por fazer uso de uma técnica bastante similar à utilizada hoje. Muitos deles, como Matrix e Clube da Luta continuam influenciando o cinema atual. O caso é que Alta Frequência fica meio perdido nisso: é uma espécie de sofisticação da estética dos anos noventa, com um pouco da loucura e da esquizofrenia do novo século que se aproximava. É algo no mínimo curioso de se analisar, praticamente um documento histórico, com sua trama elaborada, seu roteiro competente e seu final feliz no melhor estilo anos noventa.
No fim, sempre é bom rever filmes assim, seja pela nostalgia (putz, eu terei 21 em nove dias, já posso sentir nostalgia???) ou pela famosa regra dos 15, à qual Alta Frequência sobrevive facilmente.

PS: Scott Pilgrim faz ponta no filme.
PS²: a filmografia inteira do diretor Gregory Hoblit é permeada por bons filmes, vale a conferida.
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Um comentário:

  1. Pois é. Também considero esse filme um divisor de tempo no cinema, considerando o ano em que foi produzido isso é ainda mais evidente. Um tema que eu gosto e que depois ficaria muito batido ainda que por outros bons filmes

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