sábado, janeiro 12, 2013

Os Descendentes

Dia 12 - Felipe P. 12

The Descendants - 2011
DIR: Alexander Payne
ELENCO: George Clooney, Shailene Woodley, Amara Miller, Nick Krause e Patricia Hastie

Os Descendentes é um filme que deve agradar a um grande público por sua qualidade técnica e sua história bem escrita mas, em algumas poucas pessoas ele deve acertar com mais força. Esse é um daqueles filmes que conta uma história comum, sobre pessoas comuns com problemas que poderiam ocorrer a qualquer um. Mas é um filme com muitas camadas de situações. Situações essas que podem se espalhar e atingir vários tipos de pessoas diferentes, vários casos diferentes. Muitas pessoas podem vir a se identificar com a história. Algumas verão a perda, outras verão a traição, umas poucas devem ver a situação como um todo, a perda, a traição, a ideia de ter de assumir uma posição que não é sua...  Se existe alguém que se identifica com todas essas situações, eu sinto muita pena dessa pessoa. Eu chegaria a compará-lo com filmes como Closer ou Flores Partidas, filmes com ideias extremamente específicas, mas com muitas camadas que funcionam melhor para uns que para outros.
O filme dirigido por Alexander Payne conta a história de Matt King (George Clooney, sendo um pouco menos George Clooney), um advogado cuja a esposa entrou em coma após um acidente de lancha justamente no exato momento em que ele tinha que decidir para quem venderia as terras que pertencem a sua família a mais de um século.
De um lado há a pressão da família, uns querem que as terras sejam vendidas para um cliente, outros querem vender para outro, outros simplesmente não querem vender e, no meio de tudo isso está Matt, com a esposa no hospital, uma filha problemática na faculdade em outra ilha (Matt vive no Havaí) e outra filha, mais nova, passando por problemas na escola. Para piorar, ele recebe dos médicos a notícia de que nada pode ser feito por sua mulher. Ela vai morrer.
É quando ele pega a filha menor e decide viajar para trazer a mais velha de volta para casa, para sofrer com todos por perto, tentar manter o que sobra da família unida. Como desgraça nenhuma é suficiente, ela conta a ele que a mãe o estava traindo.
Pode parecer um daqueles dramalhões mexicanos, principalmente quando este que vos fala é tão ruim de sinopse, mas a verdade é que Os Descendentes se desenvolve de uma maneira muito fluida, muito orgânica, como gostam de dizer os hipsters. Alexander Payne tem a mão certa durante as quase duas horas de filme, sabe a hora certa de emocionar, sabe a hora certa de fazer sorrir e sabe quando contemplar uma bela paisagem, uma expressão que fala mais que palavras. Em certos momentos chega a soar parecido com Wes Anderson, a forma como ele desenvolve os personagens contrastantes e os silêncios entre eles, as idas e vindas, o modo como eles são decididos e inseguros ao mesmo tempo. Mais cedo eu falava sobre se identificar com um personagem, ou com vários, e ele sabe bem como fazer isso. Ele não precisa de situações fantásticas pra fazer isso. É um cara que senta e escreve sobre a vida. É como um Cameron Crowe que sofreu por motivos diferentes e não precisa ser tão “uncool”.
Eu falaria aqui o aspecto com que me identifiquei mas... Eu não vou, acho que não é necessário. Mas que fique claro, não foi com a traição. O que é bem bizarro por que, por falar na traição, é bem difícil de acreditar que uma mulher trocaria o Batman pelo Salsicha dos filmes do Scooby-Doo.
Há momentos bem dramáticos que percorrem todo o filme, mas os alívios cômicos são bastante eficientes pra não deixar a trama desnecessariamente chorosa, a vida é uma desgraça seguida de uma desgraça pior, mas dá pra dar uma risada entre elas. Como em toda a sequência em que Clooney tenta criar coragem para abordar Brian Speer (Matthew Lillard), o homem com quem sua esposa o traia, e sequer sabe o que vai dizer a ele, se vai espanca-lo ou dar as más notícias e a filha mais velha quer que ele tome uma atitude e um amigo retardado dela quer que ele mate-o de porrada e ele mesmo quer fazer isso, mas quer também ser centrado e maduro...
E eu não sei como acabar esse texto, acho que ficou meio anticlímax, mas vou parar assim mesmo. A vida é assim, nem sempre acaba de jeitos grandiosos! Acostume-se à ideia!
~

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