segunda-feira, janeiro 28, 2013

Hanna

Dia 28 - Felipe P. 28
Hanna - 2011
Dir: Joe Wright
Elenco: Eric Bana, Cate Blanchett e Saoirse Ronan.

Joe Wright pode ser considerado um diretor de filmes de arte como Orgulho e Preconceito, Desejo e Reparação e, mais recentemente, Anna Karenina compõem sua carreira. Filmes de visual rebuscado, ritmo desacelerado, com uma musicalidade clássica, normalmente impecavelmente fotografados. Ele conquistou um público cativo com trabalhos do tipo, então é difícil imaginar por que ele se aventuraria no ramo da ação.
Simples: ele consegue lidar com isso.
Não sou um grande fã do trabalho do sujeito, tenho que dizer que nunca me interessei por adaptações de Jane Austen, por puro preconceito. E Orgulho. E com Hanna (2011) não foi muito diferente, e confesso que eu nem sabia que Wright conduzia. Aparentemente o sujeito tem o dom de me manter distante de sua obra até quando não sei que a obra é dele.
Talvez a razão pela qual Wright tenha se interessado por um roteiro tão comum quanto o do que conta a história sobre uma assassina mirim seja o fato de ele poder acrescentar, com sua falta de experiência e sua direção intimista e autoral (apesar de sua filmografia ser quase totalmente adaptada de livros). O resultado final é...
Peculiar.
Hanna (Saoirse Ronan) mora com o pai no meio de uma floresta num daqueles lugares nevados que ninguém lembra o nome. O pai, Erik (Eric Bana) a treina para caçar animais grandes e a prepara para algo que estar por vir, mas nada é esclarecido. Hanna é habilidosa e aparentemente calma, mas demonstra ser incomum. Ela luta e mata com uma frieza assustadora. O tempo passa e a garota insiste com o pai, afirmando estar pronta para o que quer que seja, até que ele finalmente cede. Um dia ele mostra a ela um dispositivo com um botão e diz: se você apertar, eles virão atrás de você e só pararão quando te matarem. Ela aperta.
Depois disso Erik some, vai embora, deixa a garota sozinha no meio do nada e não tarda até ela se ver cercada e capturada por soldados e levada para uma base secreta, onde é vigiada de todas as direções e mantida presa.
O filme opta por manter o espectador em dúvida, sem saber exatamente o que está havendo durante um bom tempo, dando apenas pistas, fotografias, flashbacks e deixando que a trama se monte por si só na cabeça de quem acompanha. Ao mesmo tempo em que extremamente comum em sua história, o visual é estranho, a fotografia extremamente nítida faz uso de filtros e cores incomuns, chegando a afastar quem está acostumado a outro tipo de tom. O ritmo é diferente do que estamos acostumados no cinema habitual, em momentos frenéticos, em outros calmo e contemplativo, explode em violência dando um ar de agressividade incontrolável à sua protagonista.
Aqui os plano-sequências que Wright tanto preza se mostram realmente interessantes, em violentas cenas de luta. Apesar da garota se sair bem, nos momentos finais, quem mostra que domina as coreografias é Bana.
Personagens incomuns permeiam a trama, a própria protagonista, extremamente pálida, movimenta-se de forma estranha, desconfiada. Erik, mesmo tendo o rosto conhecido de Eric Bana, esconde tantos segredos que se torna curioso, todas as vezes que aparece em cena revela um pouco de si e, portanto, do mistério que ronda Hanna. Os vilões são anormais, um deles tem um teatro e sua esposa/amante, segundo ele possui os dois sexos, enquanto ele é trejeitado e afetado, passa o filme inteiro assobiando a mesma canção e demonstra uma frieza e crueldade assustadoras. A vilã principal, interpretada por Cate Blanchett é dona de uma elegância assassina e um tanto caricata e quase nunca revela seu verdadeiro objetivo ou o por que de se interessar tanto na morte de Hanna e do pai.
Até os personagens menores são peculiares, até os figurantes, que parecem fazer parte do cenário e da trilha sonora.
Por falar em trilha sonora, esta é composta por ninguém menos que o duo britânico de música eletrônica The Chemical Brothers. Os dois, por muitas vezes, assumem o filme, guiando-o pela música, não há som, apenas o deles. O ranger de portas, o quebrar de vidros, o som dos tiros, tudo é substituído pela música eletrônica da dupla. E o resultado é inventivo e cheio de potencial.
O filme se torna arrastado em alguns momentos, além de óbvio, deixa alguns furos simplesmente por deixar, por desleixo ou desinteresse, tudo para focar na jornada da garota. Se desfaz de personagens com um certo desprezo e, alguns, simplesmente abandona.
Não que comprometa, afinal tudo aqui se constrói e se destrói com o objetivo de levar ao ato final, um tanto decepcionante. Mas você leva engole, visto que o conjunto da obra é tão diferente e...
Anormal...
~

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