sexta-feira, janeiro 25, 2013

Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros

Dia 25 - Felipe P. 25
Abraham Lincoln: Vampire Hunter - 2012
Dir: Timur Bekmambetov
Elenco: Benjamin Walker, Rufus Sewell e Dominic Cooper

Lincoln, de Steven Spielberg conta um momento importantíssimo da história dos EUA: a libertação dos escravos e toda a trama política inerente a este momento. O filme, com um elenco estelar, demorou quase dez anos só para começar a ser filmado, tudo por que Spielberg queria para o papel de presidente o ator Daniel Day-Lewis, que sempre recusou o papel. Eis que o ator aceitou, Lincoln ficou pronto e recebeu nada menos que 12 indicações ao Oscar.
Eu não vi Lincoln.
E não é dele que eu vou falar hoje.
O filme do qual falaremos se chama Abraham Lincoln: Caçador de vampiros, dirigido pelo oposto de Steven Spielberg, Timur Bekmambetov (aparentemente a regra do “não se usa N antes de P e B” se aplica a todos os idiomas), responsável pelos sucessos russos Guardiões da Noite (e do Dia) e da adaptação da HQ O Procurado. Para o bem ou para o mal, foi o cara que trouxe James McAvoy para a superfície, para o estrelato. A trama, baseada num livro de mesmo nome escrito por... Pelo mesmo cara de Orgulho e Preconceito e Zumbis e aquelas paródias escrotas dos livros da Jane Austen, conta a história de como o pequeno Abraham se tornou o maior presidente dos Estados Unidos e, antes disso, um exímio matador de criaturas sinistras: os vampiros. Ao mesmo tempo em que dedica-se a livrar a Terra das terríveis criaturas, ele busca vingar a morte da mãe pelas mãos (posso complementar com “ou melhor, pelas garras!”?) de um dos seres das trevas.
Em poucas palavras, Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros é um daqueles filmes que começa com um Salmo, segue com uma narração em off e termina com uma música do Linkin Park. Ou seja, em menos palavras ainda, qualquer coisa.
Eu posso resumir meu texto inteiro com uma afirmação: este não é um bom filme.
Por que? Por que é algo simplesmente genérico, com personagens genéricos, com uma história genérica sobre um cara que, de tanto ser explorado, acabou se tornando uma figura genérica. É como Che Guevara, Ghandi, Bob Marley ou o Amor: as pessoas bagunçaram tanto a imagem do sujeito que o que sobrou foi um bocado de histórias que todo mundo conhece, mas ninguém sabe o que quer dizer e apenas um seleto grupo de pessoas (no caso de Lincoln, o povo americano) se importa em conhecer a fundo. Todos sabem quem foi e o que fez o nosso amigo Abe, mas ninguém (pelo menos fora do EUA) se importa verdadeiramente. É como Steve Jobs.
Eis que surge a ideia de misturar duas coisas totalmente desconexas numa história só e atribuir valores ainda mais desconexos para tentar costurar e dar profundidade. Além de elementos que são apagados por pura licença poética. Eu quero dizer, pra mudar a história para dar valor a uma estória é preciso ter coragem e talento e um pouco de loucura. Talvez Bekmambetov seja louco, talvez tenha talento (em algum lugar escuro e esquecido no fundo de sua alma), mas ele não tem coragem. O medo de ofender a nação mais prepotente do mundo o limita demais. O medo de ferir uma figura histórica de tamanha importância o impede de fazer algo notável. De um modo que o protagonista do filme, com seus valores, com suas decisões e com sua bravura, se torna algo... qualquer coisa.
O Abraham Lincoln de Benjamin Walker, apesar de fisicamente muito fiel, simplesmente não cativa. É uma regra simples: se você quer que alguém se importe com você, você tem que cativar. Eu imagino que você já tenha lido o Pequeno Príncipe, certo? No caso do diretor, deve ser o Маленький принц, mas é a mesma coisa! É como o Perseu de Fúria de Titãs, um personagem apático e sem carisma. O diferencial é que em Fúria de Titãs, você tinha de se contentar com o Perseu enquanto, aqui, há um personagem com um potencial tão maior, que poderia render um filme tão melhor, e este mesmo personagem é limitado por um roteiro sem criatividade e por regras sem lógica...
Eu estou falando do tutor de Abraham, o vampiro Henry Sturges, interpretado pelo ótimo Dominic Cooper. Segundo a mitologia criada, um vampiro não pode matar outro vampiro, então Henry passa a vida escolhendo humanos que possa treinar para matar Adam, o vampiro original (genérico de mais), interpretado por Rufus Sewell. Um vampiro maligno que transformou Henry em vampiro e matou sua esposa.
Henry é um personagem genérico, mas Cooper é bem mais competente que Walker, seu personagem acaba roubando a cena, com seu estilo largado de quem já viveu algumas centenas de anos.
A genericidade (essa palavra nem existe) do filme é completa, chegando a ser patética. Seu clímax usa um CGI barato, rodado à noite e esfumaçado para custar menos e causar vertigem no 3D.
No fim das contas só há duas coisas boas em Abraham Lincoln: Dominic Cooper e Mary Elisabeth Winstead, no seu papel genérico de esposa do presidente. Ela não faz absolutamente nada de relevante, além de existir e deixar a tela mais bonita em todas as vezes que aparece.
E fazia tempo em que eu não falava mal de um filme com tanta vontade, com tanto amor! Eu adoro filmes ruins por isso!

PS:[SPOILER] detalhe para a cena da morte do filho do cara, o garoto rindo e se mexendo depois de morto é bem patético. 
~

2 comentários:

  1. "..como Che Guevara, Ghandi, Bob Marley ou o Amor: as pessoas bagunçaram tanto a imagem do sujeito que o que sobrou foi um bocado de histórias que todo mundo conhece."
    Eis um bom argumento para ver o outro LINCOLN, o do SPIELBERG. Não é possível uma comparação entre os dois filmes o segundo tem um certo compromisso com o personagem Histórico e com os fatos politicos da epóca. Como por fim a uma guerra sanguenta, unir de novo o pais e libertar os escravos ao mesmo tempo?. O segundo é cinema de fantasia feito pra apresentar Lincoln como um cara fodão destruidor de sanguessugas e é ruim, pra confirmar o que foi escrito pelo Felipe.

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  2. Eu não costumo comentar mas...precisei.
    Fiquei alternando momentos de quase soneca com os de esperança de que as cenas de ação salvassem minha alma. Não rolou.
    Só acordava nas cenas em que ele girava o machado.
    Esse não é um bom filme.

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