Dia 176. Felipe Pereira 170
Man of Steel - 2013
Dir: Zack Snyder
Elenco: Henry Cavill, Amy Adams, Michael Shannon
Primeiro de tudo, cheguemos a um acordo, certo? Supere
Superman – O Filme de 1978, deixe partir. Let Go, desapegue, desimpregne. Isso
foi há mais de 30 anos, ok, o filme é fantástico, é um clássico, é uma das
melhores adaptações de heróis já feitas para a tela, mas você precisa superar.
Você já viu Super 8? No final quando o garoto tem de superar a perda da mãe e
soltar o colar? É mais ou menos isso que eu quero que você faça, solte o colar,
deixe ele se tornar parte da nave do alienígena! Isso te fará mais forte, isso
fará de você um ser humano melhor, uma pessoa melhor. Não quero que você deixe
de gostar do filme de 78, nem que você esqueça dele, quero que você aceite o
fato de que aquele tempo se foi, aquela obra passou e que há coisa nova no
pedaço, coisa nova que pede que a sua cabeça esteja limpa de conceitos
predefinidos, que você vá para o cinema (apesar de que você só irá daqui a 12
dias, HAHAHHAHAHAHA) preparado para ver o homem voar pela primeira
vez.
Sinceramente? Nem sei por onde começar. Posso dizer que
saí do cinema à meia noite de hoje em estado de choque, posso dizer que chorei durante
a primeira metade inteira e suei feito um porco durante a segunda. Posso dizer
que, durante a projeção, sequer pensei em fazer comparação ao clássico de 78...
Posso dizer que Henry Cavill fez Brandon Routh se enfiar num buraco em posição
fetal, chupando o dedão do pé...
Man of Steel, dirigido por Zack Snyder (300, Watchmen) reconta
a origem do maior super herói de todos os tempos, o escoteiro, o azulão, o
último filho de Krypton: Superman. Desde os últimos dias de seu planeta natal
até o dramático desfecho da maior batalha que a Terra já viu (até então).
Na trama o Planeta Krypton está destinado à destruição iminente, políticos negam o fato enquanto o cientista Jor-El (Russell Crowe) insiste em afirmar que o planeta enfrentará o pior dos destinos e que ele pode fazer algo a respeito. Enquanto isso uma célula extremista liderada pelo General Zod (Michael Shannon) deseja adquirir um artefato milenar sagrado que seria capaz de recriar Krypton tendo como base um planeta com ambiente e atmosfera semelhante. Jor-El se coloca no caminho de Zod, visto que, se concretizado, seu plano levaria ao fim qualquer forma de vida existente no planeta escolhido. Ao mesmo tempo em que tenta impedir Zod de fazer o impensável, Jor-El tem seu próprio plano para preservar a herança kryptoniana: mandar a um planeta distante seu único filho recém-nascido para que ele sobreviva à destruição do planeta e, de certa forma, dissemine a cultura e o conhecimento daquela civilização. E é quando Jor-El mostra o quão poderoso ele é. O sujeito humilha Zod (o que só deixa o cara ainda mais puto), dá uma surra nele a qual ele nunca iria esquecer. Se Jor-El houvesse vindo para a Terra ao invés de Kal, ele teria dado cabo do General em dois tempos.
Na trama o Planeta Krypton está destinado à destruição iminente, políticos negam o fato enquanto o cientista Jor-El (Russell Crowe) insiste em afirmar que o planeta enfrentará o pior dos destinos e que ele pode fazer algo a respeito. Enquanto isso uma célula extremista liderada pelo General Zod (Michael Shannon) deseja adquirir um artefato milenar sagrado que seria capaz de recriar Krypton tendo como base um planeta com ambiente e atmosfera semelhante. Jor-El se coloca no caminho de Zod, visto que, se concretizado, seu plano levaria ao fim qualquer forma de vida existente no planeta escolhido. Ao mesmo tempo em que tenta impedir Zod de fazer o impensável, Jor-El tem seu próprio plano para preservar a herança kryptoniana: mandar a um planeta distante seu único filho recém-nascido para que ele sobreviva à destruição do planeta e, de certa forma, dissemine a cultura e o conhecimento daquela civilização. E é quando Jor-El mostra o quão poderoso ele é. O sujeito humilha Zod (o que só deixa o cara ainda mais puto), dá uma surra nele a qual ele nunca iria esquecer. Se Jor-El houvesse vindo para a Terra ao invés de Kal, ele teria dado cabo do General em dois tempos.
E assim, em meio à rebelião e destruição, nasce Kal-El, filho
de Jor-El e Lara Lor-Van, desde o nascimento destinado a grandes feitos. O bebê
é enviado para a Terra, encontrado por um casal de fazendeiros, Johnatan (Kevin
Kostner) e Martha Kent (Diane Lane), que o adota e o cria. Pra finalizar, não
há muito mais o que contar: o bebê cresce e vira o Superman.
A história é clássica e amplamente difundida, todo mundo
sabe como começa e o que acontece, mas é aí que Man of Steel encontra seu
trunfo: todos sabem o que acontece, mas quase ninguém sabe como acontece, o que
dá uma liberdade imensa para se contar uma história.
Tanto que o primeiro terço do filme foca quase que
completamente nisso: em contar essa história. Nesse ponto conhecemos Krypoton
como nunca antes, seu ecossistema alienígena, sua tecnologia que mescla
maquinário e organismo, um pouco da sua política, a ambientação futurista... Esse
primeiro ato foca nos esforços de Jor-El para salvar a vida do filho e tirá-lo
daquele planeta condenado enquanto Zod tenta impedir que isso aconteça.
E acontece uma coisa muito bacana quando a nave do garoto
chega na Terra: corta direto para a vida adulta dele, sem mais enrolação, sem
muito mais Smallville, todos os momentos em que se faz menção à infância e
adolescência de Kal-El, agora Clark Kent, se dão por meio de flashbacks, toda a
ação que ocorre nesse momento é entrecortada, são várias cenas não lineares
mostrando pontos específicos da vida de Clark Kent, um sujeito com um poder
inimaginável que simplesmente não sabe o que fazer com eles, então sai pelo
mundo fazendo de tudo, quase um Forrest Gump super poderoso. Ou um Bruce Wayne.
E, por fim, o terceiro ato, quando Zod e sua patota encontram o kryptoniano e vem à Terra para captura-lo “pacificamente”, mas acabam cometendo uma sucessão de errinhos bobos (como capturar a garota do sujeito e quase matar a mãe dele) que acabam por enfurecer o cara de um jeito que só vendo.
A origem alienígena do Superman e o fato de ele ser a
criatura mais poderosa na Terra são fatos conhecidos por todos, mas que foram
perdendo significado com o passar do tempo, foram perdendo importância com a
rotatividade de autores que trabalharam o azulão, seja no cinema, na TV ou nas
HQs. O conceito comum é o de que ele é um herói, que ele voa e que ele combate ao
crime, de que ele vive para proteger a humanidade, mas raramente é mencionado o
impacto que isso causa na vida e na cabeça de um sujeito à prova de balas.
O que acontece aqui é que se dá uma breve pincelada no deslocamento
causado pelo fator alienígena em Clark, principalmente em sua juventude. Sua
incapacidade de se relacionar com outras pessoas, seu isolamento (o meio mais
fácil de esconder seu segredo), o medo que ele sente de perder o controle e
ferir alguém... E isso é explorado de forma breve porém profunda e permeia a
trama inteira sem ficar cansativo ou repetitivo, lembrando ao expectador que,
apesar de parecer humano, agir como humano e até sentir-se humano, aquele cara
não é humano, é algo mais que isso, ainda que, em certos momentos, ele seja
humano demais.
E isso é mostrado ainda mais fortemente quando ele se
revela, já como Superman, à humanidade, a forma como as pessoas reagem, a forma
como o governo e o exército reagem à “ameaça alienígena” que ele não deixa de
ser, ao mesmo tempo em que Zod está fazendo ameaças e espalhando o pânico em
todos os idiomas da Terra.
O inevitável embate entre Zod e Kal-El toma o terceiro e último ato por inteiro. É quando O Superman entra em ação e Clark Kent, o humano, é deixado de lado por uma razão maior, deixando seu lado alienígena e, principalmente, seu lado herói tomarem conta da situação.
A batalha entre Kal-El e o General Zod é intensa e
dramática, além de extensa, toma cerca de 30 ou quarenta minutos de filme e,
nesse ponto, joga de lado toda a questão existencial e filosófica que vinha
sendo desenhada. O que vem a seguir é pura e simples pancadaria irrefreável,
uma sequência de destruição pornográfica, um prejuízo incalculável, a quase
total destruição da cidade de Metropolis, tanto por parte do General Zod quanto
por parte do próprio Superman ao tentar pará-lo.
O que acontece quando Zod e Kal entarm em confronto é
algo semelhante ao que acontece quando deuses se chocam, quando gigantes se
estranham, é algo que está acima do controle humano, é o tipo de evento no qual
nem o exército nem o governo nem mesmo Deus pode interferir, apenas observar e
rezar para que aquilo acabe de uma vez por todas.
É meio difícil de mensurar o nível de destruição causado,
mas se somassem o prejuízo causado em Vingadores, os três Transformers e o
final da saga do Majin boo, com a destruição total do planeta, ainda assim não
seria tão grande quanto a destruição causada aqui.
E não é algo irresponsável da parte do herói, é tudo
justificável. Zod chega tocando terror, chutando a porta e dando tapa na cara,
o que o Super faz é responder à altura. É preciso levar em consideração ainda
que o cara nunca havia levado seus poderes tão além como levou, nunca havia
precisado usá-los nessas proporções, nunca havia precisado usá-los para
combater nem mesmo criminosos. Até Zod chegar Clark era apenas um fazendeiro à
prova de balas, foi o vilão que despertou nele o lado herói, deu a ele um
propósito, deu a ele uma utilidade.
O que se pode falar do elenco de Man of Steel? Uma série
de escolhas acertadas, cada papel, por menor que seja, é executado pelo melhor
ator possível para preenche-lo. Desde o Jor-El de Russell Crowe, ao Jonathan
Kent de Kevin Costner, cada ator teve um desempenho exato. Mas, o mais
importante: o Clark/Superman de Henry Cavill é sensacional. O ator é o Superman
que nossos tempos precisam. Quando coloca o uniforme o sujeito adquire um ar de
superioridade quase divino, mas sem se tornar arrogante. O Superman de Cavil é
monstruoso e truculento, mas sem perder a fragilidade, e isso é fantástico.
Zod então, nem se fala. A motivação do vilão é tão crível quanto a do herói, ambos só querem proteger seu lar, sua raça, seu povo, cada um a seu modo. Michael Shannon dá ao vilão uma credibilidade assustadora, uma personalidade convincente. Você se pega perguntando o que faria no lugar dele.
Sinceramente? Eu faria o mesmo (com a diferença de que eu, obviamente, triunfaria :).
E, não menos importante, a Lois lane de Amy Adams foge do
estereótipo de mocinha indefesa e tem um papel mais importante que o de simples
par romântico do herói.
Outro ponto importante para a trama é a trinca Zack
Snyder, Christopher ‘todopoderoso’ Nolan e David S. Goyer. Snyder fez um
sacrifício inimaginável para dirigir ‘MoS’: o cara sacrificou seu estilo de
direção, abriu mão de sua identidade visual, de sua característica mais
marcante para dar à luz a obra.
Além de que Hans Zimmer entrega mais uma daquelas trilhas
sonoras poderosas que só ele sabe compor.
O Homem de Aço é dramático, tenso, divertido e pornográfico
em sua destruição, tem toda a carga emocional necessária para cativar o
espectador e toda a ação que faltou ao seu antecessor. Um trabalho fantástico
de todas partes envolvidas mas, ainda assim um filme de origem. Um filme de
origem que inclusive segue uma fórmula muito parecida à de Batman Begins, quase
que padronizado dentro daquele molde, até mesmo os flashbacks.
Excelente, irmão. Excelente.
ResponderExcluirValeu, cara.
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