Jogo do mês - 05
"Um amigo me disse certa vez: a memória de um homem é uma fortaleza mais complexa que as cidades. Mas criamos as chaves para ter acesso à fortaleza. As primeiras palavras de um filho... as últimas palavras de uma mãe. Um beijo de amor, a decepção de um pai. Agora não há segredos. Se deixar um homem confuso, pode mudar sua vida. Confundir a mente de um homem pode salvar o mundo, ou destruí-lo para sempre. Quem limpou a minha memória? Quero ela de volta."
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Quem seriamos cada um de nós sem as lembranças que temos até hoje? Olhar para trás pensar em sua família e pensar em sua infância, o primeiro dia de aula ou o primeiro beijo na namorada. E é isso que acontece com as memórias. Elas são as peças que compõem a nossa história, que explicam o que somos hoje. Boas e mas memórias moldaram quem você é hoje. Você não deseja se lembrar de nada em particular?
Nos últimos meses, encontramos opiniões muito diferentes sobre REMEMBER ME, alguns viram a ideia de manipular memórias em games como uma ação repetitiva e superficial e já muito batida. Eu não vejo assim. Sempre há algo mais a ser explorado em outro universo possível, entende? Neste? a opção de apagar memórias armazenadas em um implante. Apagar memórias dolorosas, como meio de alcançar a felicidade. Felicidade pela ignorância? Alguém iria querer mesmo isso? Pensamos na troca de lembranças como um tratamento, como uma nova droga que, eventualmente pode destruir a sociedade. Podemos ver como o valor das memórias administra todo o sistema de controle: a parte rica da sociedade pode escolher não ter lembranças dos problemas, enquanto a zona marginal, ou os que vivem à margem, caindo em corrupção mental, que se torna visível através de deformidades físicas.
A verdade é que se tirarmos as invenções futuristas, as habilidades extremas e descansar um momento de ler e registrar as memórias que encontramos, REMEMBER ME é uma crítica a sociedade contemporânea. As crises econômicas, o egoismo, a desconfiança e a constante escolha de olhar para longe e esquecer... vemos isso claramente quando encontramos a analogia entre a manipulação em massa por meio de informações e memórias do passado usados como controle. Estamos no meio de tudo isso como um "Errorist", tentando ter de volta nossas lembranças e de quebra tentando restaurar o equilíbrio entre as áreas marginais e afluentes.
Como pano de fundo REMEMBER ME é mais que uma história é uma daquelas obras criativas que usam o tema para lançar uma revisão através da ficção cientifica. Se estivermos atento, podemos dar uma olhada pelos artigos de jornais de Neo-Paris para entendermos melhor o conflito politico e moral que levou a esta sociedade a nos dar base suficiente para toda essa maravilhosa tecnologia. Porque REMEMBER ME, no fundo, é uma critica como ja disse, a sociedade de hoje, você não quer assumir a responsabilidade, eles preferem esquecer e escapar (bem, isto pode ser muito bem sucedido, considerando que há muitos games para jogar e fugir...), que não estar ciente das implicações que deveriam perdurar todas as suas memórias na internet e compartilha-la com o mundo. Eles preferem fechar os olhos, olhar para longe, em vez de lidar com os problemas. O ponto aqui é falar sobre a atual crise e como isso resultou em uma descoberta que permitiu a manipulação magistral e a eliminação de memórias dolorosas. O tema é muito interessante.
O título da Dontnod Entreteniment/CAPCOM é uma concentração de novas ideias jogáveis. Está mais centrado no aspecto da ação em que se apresentam vários tipos de golpes que podem ser unidos como desejarmos para criar combos, O importante desse sistema de combate é que se percebe vivo, não é algo que se configure inicialmente e nunca mais se tenha a necessidade de alterá-lo, evitando assim que se torne monótono o jogo como um todo. Mais de uma vez teremos que reconfigura-lo para se adaptar as novas dificuldades que surgem. Cada grupo de inimigos que enfrentamos condiciona o modo como devemos organizar as sequencias de golpe. Como encontramos bastante inimigos, jogar com combinações diferentes para cada combate faz com que se perda esse perfil repetitivo. No mais, conforme avançamos, e vão aparecendo novos inimigos, vamos pensado em novas maneiras de neutralizá-los. E se recorremos ao cenário vamos cuidando de observa-lo para aprender a se mover de forma mais efetiva.
Por falar em cenário, digno de nota neles é que, e conforme entramos em Neo-Paris, a cidade fictícia do jogo, encontramos uma diferenciação que nos coloca perfeitamente situados. Passamos por algumas zonas marginais, como a Slum404 para em seguida percorrer os bairros reformados, onde vivem as classes mais altas. Em cada um deles se percebe perfeitamente o que se pretende transmitir; pobreza, desespero e perigo em um e tranquilidade e comodidade em outro, tudo com um só observar da gente que se move. Lamentavelmente, conforme vamos avançando os capítulos, os cenários perdem um pouco o encanto. Passamos a cenários mais frios e artificiais. Entramos em ruas e lugares com pouco detalhes interessantes onde os combates deixam de combinar com o entorno
A parte que mais me impressionou são as que compreendem a sequencias em que temos que reordenar as lembranças de nossa persona. São cinemáticas em que devemos alterar pequenos detalhes de um acontecimento para que o personagem modifique sua conduta e forma de pensar bem ao modo de INCEPTION, o filme. Avançamos e retrocedemos a situação observando objetos que são suscetíveis de serem modificados e analisamos os objetivos que devemos alcançar, as vezes um exercício de erro e acerto até que tenhamos sucesso, mas uma grande ideia do estúdio nessa parte do game dando-nos a oportunidade de entrar em uma mente e brincar com o conceito de realidade individual. Tudo que podemos dizer é que gostaríamos que essa parte pudesse ter mais destaque. De todo modo aqui está uma boa coisa a ser explorada em games.
REMEMBER -ME, é um jogo que podemos abordar de duas maneiras. Podemos saltar de um capitulo a outro lutando freneticamente, ou podemos parar e olhar para tudo que acontece. Observe as ruas de Neo-Paris, preste atenção à sua arquitetura e a sua gente. Escale um telhado e olhe em redor, ou entre em uma casa e não perca nenhum detalhe de sua decoração. Tudo não apenas, como um exercício de liberdade, mas também por que pode surgir um detalhe importante para a trama. Provavelmente, se você passar sem olhar, com a única intensão de acabar rápido, perderá muitas coisas que foram colocadas ali para tornarem os lugares mais verdadeiros. Eu diria ainda como algo importante que se você quiser desfrutar de REMEMBER ME, trate de recolher todos os fragmentos de memória.
Em um dos primeiros capítulos do jogo, vemos Ni'lin, a nossa persona, invadir uma casa em uma de suas explorações pelos telhados, surpreendendo o dono em sua cama com um androide, ele começa a correr em nossa direção e o androide é executado silenciosamente na cama. Toda a ação ocorre em menos de 10 segundos, mas é um dos muitos detalhes que podem passar desapercebido se você aborda-lo em toda velocidade. Neste caso, por exemplo a informação de que os androides são como escravos que podem até ser explorados sexualmente.
Estamos diante de um novo game que surge no final de uma geração com grandes ideias, com um sistema dinâmico de combate e com a introdução de sequencias interativas para orientar uma boa discussão, o uso de memórias e como eles são usadas como condição para criticar a sociedade e os problemas que assolam nossas vidas reais. Infelizmente o game vai se esvaziando a medida que avançamos, os cenários perdem seu charme e os argumentos saem do conceito de tecnologia e passam a parecer quase sobrenaturais. Ainda nos lembramos das grandes coisas em sua primeira metade, mas na segunda somos forçados a buscar o final com alguma impaciência. O que é péssimo para um game.
A verdade é que se tirarmos as invenções futuristas, as habilidades extremas e descansar um momento de ler e registrar as memórias que encontramos, REMEMBER ME é uma crítica a sociedade contemporânea. As crises econômicas, o egoismo, a desconfiança e a constante escolha de olhar para longe e esquecer... vemos isso claramente quando encontramos a analogia entre a manipulação em massa por meio de informações e memórias do passado usados como controle. Estamos no meio de tudo isso como um "Errorist", tentando ter de volta nossas lembranças e de quebra tentando restaurar o equilíbrio entre as áreas marginais e afluentes.
Como pano de fundo REMEMBER ME é mais que uma história é uma daquelas obras criativas que usam o tema para lançar uma revisão através da ficção cientifica. Se estivermos atento, podemos dar uma olhada pelos artigos de jornais de Neo-Paris para entendermos melhor o conflito politico e moral que levou a esta sociedade a nos dar base suficiente para toda essa maravilhosa tecnologia. Porque REMEMBER ME, no fundo, é uma critica como ja disse, a sociedade de hoje, você não quer assumir a responsabilidade, eles preferem esquecer e escapar (bem, isto pode ser muito bem sucedido, considerando que há muitos games para jogar e fugir...), que não estar ciente das implicações que deveriam perdurar todas as suas memórias na internet e compartilha-la com o mundo. Eles preferem fechar os olhos, olhar para longe, em vez de lidar com os problemas. O ponto aqui é falar sobre a atual crise e como isso resultou em uma descoberta que permitiu a manipulação magistral e a eliminação de memórias dolorosas. O tema é muito interessante.
O título da Dontnod Entreteniment/CAPCOM é uma concentração de novas ideias jogáveis. Está mais centrado no aspecto da ação em que se apresentam vários tipos de golpes que podem ser unidos como desejarmos para criar combos, O importante desse sistema de combate é que se percebe vivo, não é algo que se configure inicialmente e nunca mais se tenha a necessidade de alterá-lo, evitando assim que se torne monótono o jogo como um todo. Mais de uma vez teremos que reconfigura-lo para se adaptar as novas dificuldades que surgem. Cada grupo de inimigos que enfrentamos condiciona o modo como devemos organizar as sequencias de golpe. Como encontramos bastante inimigos, jogar com combinações diferentes para cada combate faz com que se perda esse perfil repetitivo. No mais, conforme avançamos, e vão aparecendo novos inimigos, vamos pensado em novas maneiras de neutralizá-los. E se recorremos ao cenário vamos cuidando de observa-lo para aprender a se mover de forma mais efetiva.
Por falar em cenário, digno de nota neles é que, e conforme entramos em Neo-Paris, a cidade fictícia do jogo, encontramos uma diferenciação que nos coloca perfeitamente situados. Passamos por algumas zonas marginais, como a Slum404 para em seguida percorrer os bairros reformados, onde vivem as classes mais altas. Em cada um deles se percebe perfeitamente o que se pretende transmitir; pobreza, desespero e perigo em um e tranquilidade e comodidade em outro, tudo com um só observar da gente que se move. Lamentavelmente, conforme vamos avançando os capítulos, os cenários perdem um pouco o encanto. Passamos a cenários mais frios e artificiais. Entramos em ruas e lugares com pouco detalhes interessantes onde os combates deixam de combinar com o entorno
A parte que mais me impressionou são as que compreendem a sequencias em que temos que reordenar as lembranças de nossa persona. São cinemáticas em que devemos alterar pequenos detalhes de um acontecimento para que o personagem modifique sua conduta e forma de pensar bem ao modo de INCEPTION, o filme. Avançamos e retrocedemos a situação observando objetos que são suscetíveis de serem modificados e analisamos os objetivos que devemos alcançar, as vezes um exercício de erro e acerto até que tenhamos sucesso, mas uma grande ideia do estúdio nessa parte do game dando-nos a oportunidade de entrar em uma mente e brincar com o conceito de realidade individual. Tudo que podemos dizer é que gostaríamos que essa parte pudesse ter mais destaque. De todo modo aqui está uma boa coisa a ser explorada em games.
REMEMBER -ME, é um jogo que podemos abordar de duas maneiras. Podemos saltar de um capitulo a outro lutando freneticamente, ou podemos parar e olhar para tudo que acontece. Observe as ruas de Neo-Paris, preste atenção à sua arquitetura e a sua gente. Escale um telhado e olhe em redor, ou entre em uma casa e não perca nenhum detalhe de sua decoração. Tudo não apenas, como um exercício de liberdade, mas também por que pode surgir um detalhe importante para a trama. Provavelmente, se você passar sem olhar, com a única intensão de acabar rápido, perderá muitas coisas que foram colocadas ali para tornarem os lugares mais verdadeiros. Eu diria ainda como algo importante que se você quiser desfrutar de REMEMBER ME, trate de recolher todos os fragmentos de memória.
Em um dos primeiros capítulos do jogo, vemos Ni'lin, a nossa persona, invadir uma casa em uma de suas explorações pelos telhados, surpreendendo o dono em sua cama com um androide, ele começa a correr em nossa direção e o androide é executado silenciosamente na cama. Toda a ação ocorre em menos de 10 segundos, mas é um dos muitos detalhes que podem passar desapercebido se você aborda-lo em toda velocidade. Neste caso, por exemplo a informação de que os androides são como escravos que podem até ser explorados sexualmente.
Estamos diante de um novo game que surge no final de uma geração com grandes ideias, com um sistema dinâmico de combate e com a introdução de sequencias interativas para orientar uma boa discussão, o uso de memórias e como eles são usadas como condição para criticar a sociedade e os problemas que assolam nossas vidas reais. Infelizmente o game vai se esvaziando a medida que avançamos, os cenários perdem seu charme e os argumentos saem do conceito de tecnologia e passam a parecer quase sobrenaturais. Ainda nos lembramos das grandes coisas em sua primeira metade, mas na segunda somos forçados a buscar o final com alguma impaciência. O que é péssimo para um game.
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