quarta-feira, maio 27, 2015

Penny Dreadful - Episódio 3 "Nightcomers" 2ª Temporada




Monstros todos somos, não? Vanessa Ives lança luz no seu passado obscuro. Aqui esta nossa resenha do episódio 3.

A viagem de Daywalker para Nightcomers não é um caminho fácil. O fascínio da magica, não importa a motivação, traz muitas opções: no palco ou oculta; escuro ou claro; o caminho da mão direita ou da esquerda; glória ou serviço. Nightcomers, abre com vanessa contando uma história de ninar para o Wolfman selvagem do oeste, o único membro regular do elenco a ouvir sua  história de origem. É a história de uma bruxa poderosa. Uma bruxa tão forte que ela colocou Vanessa em suas trilhas.

Nightcomers é quase uma versão terrível de Penny Dreadful para Esperando Godot. Dois atores que jogam um contra o outro, mas não um contra o outro como Lawrence Olivier e Michel Caine no suspense de gato e rato Sleuth/Jogo Mortal (1972). Ha outros personagens que passam, mas eles também não importam muito porque são apenas pano de fundo para o desenvolvimento do relacionamento. A linha da história é importante, contando como Vanessa veio a entender seu lugar em um jogo sério de cabo de guerra que já dura séculos. Mas tanto quanto há uma quantidade razoável de ação neste episódio, ele ainda tem um assento traseiro para a intimidade das performances.

Patti Lupone desempenha o papel de Madame-corte (uma pessoa que faz abortos), com partes iguais de ameaça e arrependimento. Seus olhos podem brilhar, mas há uma história de dor por trás deles, é obvio, mas em cheque. Em seu primeiro encontro a corta-esposa considera vanessa como uma agressão nascida do medo. Lupone é uma mestre. Ela não precisa de palavras até mesmo uma voz para projetar o que ela quer para os outros atores e platéia. Observando-a entoar palavras em uma língua antiga, o publico sente o sangue em suas testas.

Vanessa tem que ter uma cabeça consideravelmente dura para ter a velha como mestre. Com cada resposta grampeada ele recebe uma rachadura na testa. Quando ela faz uma pergunta, a Madame-corte esfaqueia um dedo em sua testa. Questões dissertativas provavelmente iriam lhe causar uma hemorragia cerebral. Talvez esse trauma na cabeça seja o que transformou Vanessa numa psíquica, sacudindo seu cérebro até que ele pudesse serpentear para fora por conta própria. Eu tenho que dizer, Lupone traz um toque corrido de mordaça para auxilio do professor que é inestimável.

"Deixe tudo que não importa fora desta porta. Tudo que você é leve com você" é o que diz a mestra para a admissão da nova aluna. Vanessa usa sua garra escorpião mental para apagar a marca cicatriz de ferro da Madame-corte. Vanessa vem em tela cheia no sofrimento e de dor. Ela sofreu as torturas dos condenados e mostra isso plenamente. Ela faz com que uma criança com sexto sentido pareça um diretor de cruzeiro.

Tudo em Vanessa é serio e importante, algo que Dorian Gray (Reeve Carney) sabe e respeita. Ela suaviza a medida que cresce sob a tutela da bruxa mais velha. Evan Green começa a um nível campal de existência torturada, ela não tem pra onde ir, não tem como ir mais para baixo, o que contribui para um arco interessante. Há muito do jogo aprendiz-mestre neste episódio até Evelyn Poole aparecer.


Heken McCrory traz uma sexualidade chave para Evelyn, esteja ela colocando um feitiço sobre Sir Malcolm (Timothy Dalton), como ela fez na semana passada, ou uma maldição sobre sua própria irmã. Ela traí com um beijo e ela faz com um olhar doce. Ela recompensa a fidelidade e a ambição com uma pancada na bunda.

Satanismo e S&M foram conectados, tanto para trás como até as Wiccas Gardnerianas originais. Uma das primeiras coisas que você tem que fazer com um demônio depois de conjura-lo é beijar sua bunda. A aristocracia rural da Grâ-Bretanha poderia se dar ao luxo de entrar em suas degradações favoritas numa época sexualmente reprimida de maneiras que confundisse a classe trabalhadora em seu favor. Poole é uma amante maquiavélica indo a partir de muito, muito baixo, e derrubando vacas em seu caminho. A sofisticada Evelyn Poole não me pareceu uma derruba-vacas quando ela apareceu banhado-se em seu leite de hemoglobina de passagem no primeiro episódio, tudo que eu conseguia pensar era que aquelas eram vacas muito inteligentes. Os efeitos especiais foram eficazes e sutil.



Os cinegrafistas de Penny Dreadful estão se divertindo nessa temporada, enquadrado as cenas em ângulos estranhos, espelhando quadros da mente, mantendo sempre um olhar clássico e misterioso em tudo. Eles abriram a temporada com uma sequencia que mostra Ethan (Josh Hartnett) entrando em uma área turva de sua consciência. Nessa noite a câmera virou sua lente para mascaras mortuárias e fetiches de uma terra magica, juntando Vanessa dentro dos limites da cabana da Madame-corte. Isso serve para tornar este episódio mais claustrofóbico quando as bruxas são cercadas. É também uma imagem reconfortante onde as bruxas podem estar seguras. Mas quando vanessa tem que tomar a decisão de seguir com sua vida tão necessária de aborteira local, o público ainda sente os fantasmas na atmosfera fechada da cena anterior. Tudo torna-se tão libertador quanto triste.

Nós finalmente vemos de onde a Madame-corte recebe seu nome. Ela espera que vanessa seja sua sucessora e que a aluna esteja disposta a lhe surpreender. A cena do aborto seria brutal se não fosse gráfica. A mera proximidade da faca na coxa antes do corte foi o suficiente para queimar o resto para a imaginação do público sem ter que insistir no ponto. Ver muito mais tarde essa mesma mulher trair a Madame-corte pôs a nu a hipocrisia que a bruxa lamentou mais cedo. As primeiras feministas eram pagãs e a Madame-corte aponta que algumas facilidades, tais como cuidados médicos não foram dadas de graça as mulheres camponesas.

Eu não sei porque a estrela marcada nas costas da Madame-corte foi feita com magia sexual feminina. Se a Madame-corte foi marcada por sua irmã satanista esse não deveria ser o ponto? Vanessa e Evelyn confrontam-se diante da porta da Madame-corte. Vanessa deveria ter sido capaz de ver o suficiente para reconhece-la como a Madame Kali da festa do jantar na última temporada. No mínimo ela deveria ter reconhecido sua energia. Afinal ela usou sua magia psíquica na ocasião.



A professora-mestre de Vanessa Ive, a Madame-corte, é uma bruxa salgada. Lupone é intensamente focada em tudo que acontece dentro e fora. Ela está desconfiada e é agressiva em todos os momentos. Ela não tem paciência, mas ainda assim ela vai se interessar por sua visitante maldita muito rapidamente. O par vai ai crescer e um sentimento de família ira aparecer entre as duas, mesmo que na forma de um gato preto e um sapo manchado. Elas são uma família sem família e não tem nenhum parente para se falar e não desejam conversar sobre isso. Há uma data para a Madame-corte, ainda que vaga, 1644, a data de assinatura do contrato de arrendamento em perpetuidade da área onde ela vive, o que faz da Madame-corte, Joan Clayton, seu nome verdadeiro muito mais velha.

A cena em que Sir Geoffrey Hawkes (Ronan Vipert) reúne os moradores no bar lembrou-me da cena pré-catarse do filme Steraw Dogs/Cães de Palha (1971) de Sam Peckinpah. Sir Geoffrey pode pensar que é uma vingança por sua humilhação no bosque quando ele tentou molestar Vanessa e ela o mordeu, fazendo-o sangrar, mas ele está sendo manipulado para os propósitos de Evelyn. 

Vanessa descobre todas as noções básicas de bruxaria: chás de ervas, remédios florais e intuição. Mas Vanessa tem um brilho especial para o Tarot, que é mais uma arte que uma ciência. Magia é uma combinação de ambas, e é por isso que elas mantem todos os seus trabalhos no mais sagrado dos livros para as bruxas chamado The Poetry of Death. É apenas uma questão de tempo antes de Vanessa ir para longe de Deus para sempre, abrindo-o.



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