sábado, fevereiro 14, 2015

PS4 - Terra-Média: Sombras de Mordor. Um Nocaute Glorioso



Hoje eu gostaria de começar informando algo para vocês, eu estou há muito tempo nesse negocio de videogames. Sou o mais velho dos que escrevem por aqui, e me orgulho disso. Me orgulho dos meus cinquenta anos de existência, os últimos trinta e cinco, jogando videogames (e vendo filmes, lendo livros e agora escrevendo pra vocês, por culpa do Michel e do Felipe). Todas, todas as gerações de consoles de games foram jogadas por min, e todas com sua devida relevância e com muita diversão, é claro.

Disto isto, tenho prazer de informar que agora cheguei na nova geração. Não é  difícil de lembrar do meu primeiro console da SONY em 1995, o Playstation (One, PS2 e PS3), mas antes dele. O Dynavision, O AtariO Megadrive, O Nintendo, O N64, O Saturno, (Uma bisbilhotada de doze meses no XBox da Micro$oft)e antes disso no tempo, (1979), o TK82-C, a versão tupiniquim de ZX Spectrum que tinha uma ROM programável que me permitia programar - sim, ainda não era codificar - meus próprios jogos. De lá até aqui, com o PS4, foi um grande salto geracional, games deixaram de ser coisa de criança, sobretudo por que as crianças, adolescentes e jovens adultos, como eu há época, amadureceram e continuaram jogando videogames.

Nada me deu mais prazer do que entrar no novo mundo do PS4 com o nosso game de hoje, Middle Earth: Shadow of Mordor, e mais agradável ainda poder escrever o seu título assim, em bom português, como você vai ver na própria capa do jogo. Ele ainda tem legendas e toda a escrita do jogo em português, sem falar no melhor trabalho de dublagem até agora feito para um game em português brasileiro. Perfeito.


Houve um tempo em que fazer jogos baseado em franquias de super-heróis da TV, cinema ou quadrinhos não resultaram em mais que sucessos, ainda que descuidado em muitos aspectos. Foi relativamente fácil fazer alguns saltos plataformas com franquias da Disney, X-Man, Batman, Homem-Aranha e outros. Mas quando o jogo queria aspirar a ser mais e tentar superar seu trabalho original em um nível completamente diferente e com um orçamento insignificante, pensado que venderia mais por trazer no nome a franquia X, tudo foi por água abaixo. Talvez possamos citar Enter The Matrix. apenas por que não existiam jogos sobre Star Wars ou o Senhor dos Anéis com a mesma pretensão.

Depois de anos e anos (e anos e anos...), sem sucesso nesta área e fazendo coisas que ninguém quer ver fora de suas terras de origem, com honrosas exceções, surgiu Batman: Arkham Asylum mudando a concepção de que um super-herói de jogos  de origem da DC, tenham que significar um super-homem de 64 anos incluído na esteira. De Arkham a Assassins Creed é o que você vai lembrar em primeira instância, mas esse é o lugar pra onde você vai querer ir da Terra Média: Sombras de Mordor, um jogo baseado no "lore" (mitologia, folclore, universo...) de o Senhor dos Anéis. (Quer fazer vir lágrimas nos olhos de um fã de Tolkien preencha o espaço entre o Hobbit e o Fellowship of The Ring/A Irmandade do Anel com algo confiável.). Essa é a história de Talion um ranger imortal graças à maldição de ser possuído por Celebrimbor, o ferreiro artesão dos anéis de Sauron.

Ok, você sera perdoado se não ficar muito animado sobre tudo isso. Há nesse título uma coisa forjada no mais básico gerador de nomes de videogames e ainda há a licença propriamente dita - o campo de batalha dos jogos que está repleto de cadáveres de contendores do mesmo gênero, esquecidos e superestimados, que lutaram em um ajuste desconfortável com o mundo de fantasia de Tolkien. E a lista de recursos da parte de trás da caixa faz muito pouco pra gerar muito mais emoção - para além da única exceção e diferença notável a qual eu vou chegar mais tarde. O jogo usa suas influencias descaradamente: essas vão de Creed a Arkham com uma hora de GTA e Far Cry. E orcs. Lotes de orcs


E, no entanto...


Acontece que Sombras de Mordor é a mais rara das coisas na cultura do videogame - um nocaute inesperado. É também um regresso glorioso de um dos desenvolvedores mais interessante lá fora - com sede em Washington, a Monolith Productions - cuja trajetória é inconsistente, mas apresenta algumas gloriosas esquisitices, como No One Lives Forever, FEAR e Condemned.

A história de Mordor, assim como o resto do jogo, é um monstro de Frankenstein. Você é Talion, um Capitão ranger de Gondor responsável pela guarda do Portão Negro de Mordor. Em uma investida do exercito de Sauron você e sua família são mortos, mas você volta a vida geminado com um fantasma misterioso que lhe dá poderes mágicos. O palco está montado para você esgueirar-se através de uma passagem espancada, distribuindo vingança em servos de Sauron. É basicamente Batman com uma espada longa.

Parece horrível, não é? Mas a Monolith envia um sinal precoce de qualidade, com um cutcenes que são uma boas vindas e apresenta dubladores que não soam ativamente horrorizado com o dialogo deles e isso é muito bom. O roteiro contou com a economia e a elegância que você esperaria de um dos escritores de Red Dead Redemption e todos os envolvidos vê o enredo como ele é - uma peça de qualidade pra pendurar em um jogo. O que ele faz é 100 vezes mais agradável do que quase todos os jogos de alto nível com pretensões literárias ou cinematográfica.

Como matar um monstro


É o mesmo para a mecânica básica. A Monolith faz o que qualquer um dos Assassins Creed da Ubisoft faz recentemente - Um Pakour apertado, com uma discrição coerente e consistente -; arranca o modelo de combate e substitui com um inspirado em algo como o Batman da Rocksteady. A equipe, então, traz a história para frente o mais rápido possível e, em seguida não desperdiça o tempo de desenvolvimento em um simulador de jogos de carta que ninguém quer, que reduz o tamanho do mapa e as missões em torno de milhares de sidequests tediosas para um punhado que realmente beneficia o jogador na jogabilidade.

Parece tão simples, mas é de fato surpreendentemente simples lançar-se sobre um bando isolado de Uruk-hai usando esse sistema para destroçar hordas que alcançam o incrível numero de duzentos raivosos orcs para despacha-los para o exílio permanente. Com certeza ele funciona como deveria.

Tudo isso, ainda sem levar em conta o grande trunfo de Sombras de Mordor - O sistema de Nemesis. Parece bom demais pra ser verdade: O jogo responde dinamicamente às suas ações, mudando a hierarquia dos Uruk-hai a medida que você faz o seu caminho, e gera uma lista de inimigos que olham, falam, se comportam e lutam de formas muito diferente. Ferir um guerreiro Orc em uma batalha vai fazer  você encontra-lo mais tarde, e ele não apenas se lembrará de você, também carregara as cicatrizes de sua atenção recente. Seja morto por um deles em uma briga e quando você voltar a vida, vai encontra-lo promovido na cadeia de comando do exercito Uruk-hai, por causa disso. Isso é fantástico.

Quanto disto é apenas fumaça e enfeite é um ponto discutível, Sente-se  que o sistema está fazendo o que promete e transforma os dois mapas de um mundo aberto, mas apertado, em algo vivo e envolvente. Cada sessão de jogo é salpicada com momentos gloriosos de caos que se sente muito mais gratificante e emocionante que o roteiro forragem de GTA ou o empurrão de AC na direção do jogador.


O novo do velho


Dois jogos do PS2 me vinham continuamente a mente enquanto eu fazia o meu caminho entre as tropas Uruk-hai e me traziam uma agradável sensação de poder e proposito - Psi Ops: The Conspiracy Mindgate e Metal Arms: Fail on System. Nenhum deles são lembrados terrivelmente bem pela maioria dos jogadores e ambos compartilham com Sombras de Mordor um titulo relativamente subestimado, narrativa pouco promissora, algumas bordas irregulares e falta comparativa de uma hype de pré -lançamento. Mas eles também contaram com uma mecânica muito bem executada, jogabilidade emergente e pelo menos uma ideia verdadeiramente com ares de mudanças dos padrões. Você poderia argumentar que jogos como estes não tem um senso de escopo que sempre pode significar que eles são de segunda linha. Mas, em uma luta direta entre a ânsia de Sombras de Mordor para agradar e dizem, os valores de produção de Destiny, sua esterilidade e ambição auto-proclamada, sombras vence para min com folga.

Isso pode soar hiperbólico, é verdadeiro, Sombras de Mordor não é perfeito, por qualquer meio. Mas, neste momento, é o meu principal  concorrente para melhor jogo de 2014, simplesmente porque, na sua falta de pretensão, a sua atenção aos detalhes e seu entendimento que jogos de videogames devem ser em primeiro lugar divertido, ele coloca tudo que joguei recentemente sob sua longa sombra.

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