sexta-feira, fevereiro 06, 2015

Big Eyes - Grandes Olhos (2015)




No filme O Dorminhoco (Sleeper) 1973, de Woody Allen, em uma festa 200 anos no futuro uma pintura de uma criança de olhos grandes e de ar desamparado é apresentada a anfitriã da festa, Luna (Deane Keaton), e Luna respira com admiração, como se estivesse diante de um Gougain: "Oh, é Keane! É puro Keane! A piada é que a única arte que terá qualquer poder de permanência no futuro sera o trabalho de Margaret Keane. Na verdade penso que ela vai aumentar de valor.

Imensamente popular na década de 1960 e 1970 (e ainda hoje), o trabalho de Keane inspirou repulsa e critica de um mundo da arte que encontrou nela uma popularidade desconcertante e desanimadora. No entanto, Andy Warhol disse: Eu penso que o que Keane fez é ótimo! Se fosse ruim muitas pessoas não iriam gostar (Ele pousou na frente de uma tela de Keane para uma fotografia). Margaret Keane permitiu que seu marido, Walter, levasse o credito por seus trabalhos por um bom período de tempo durante a década de 1960, e essa é a estranha história do mais recente filme de Tim Burton, Big Eyes. Entretenimento em alguns pontos óbvios e irritantes em outros, com uma nota de desempenho Kitch de Christoph Waltz, como Walter, Big Eyes é uma entrada estranhamente convencional na filmografia de Burton. A história em si é fascinante, porém, o que ajuda, é o tranquilo e meticulosos desempenho de Amy Adams como Margaret Keane que é uma peça bonita e emocional do trabalho. Margaret é vista pela primeira vez junto com sua filha e um par de malas de viagem em um carro de cauda gigantesca viajando para São Francisco, fugindo de seu casamento e determinada a começar uma nova vida. Margaret então conhece Walter Keane (Christoph Waltz) em uma feira de arte ao ar livre, e ele elogia ela, dá suas conversas estimulantes, e, antes que ela perceba o que está acontecendo, eles estão indo para o primeiro encontro em seguida. outro encontro , e dai para o casamento. Durante a sua vida de casada Margaret pinta crianças com enormes olhos distorcidos, e Walter pinta cenas de ruas parisienses (onde viveu, segundo ele), nenhum deles se encaixam nas tendencias de arte moderna obcecada da boêmia São Francisco de 1960. As galeria de arte desprezam os seus trabalhos.

Walter é um conversador e um "promoter" por nascimento. Ele convence o dono de um clube de Jazz local a permitir que os dois possam pendurar suas pinturas ao longo de um corredor do clube que dá para os banheiros. Uma noite alguém expressa admiração por uma das pinturas de olhos grandes, e Walter, bel ali, leva os créditos e vende o quadro. O momento parece inofensivo no inicio, talvez um mal-entendido, mas em seguida, quando o trabalho de Margaret começa a sair das sombras e se tornar conhecido, acontece novamente de Walter levar os créditos de autor das obras. Walter diz a esposa que ninguém estaria interessado em comprar o material de "pintoras senhoras", e, além disso, ela não é boa em falar de sua própria obra, ou tentar vendê-la, o que importa se as pessoas pensarem que ele os pintou enquanto os continuarem fazendo dinheiro? Margaret é o tipo de pessoa que é facilmente intimidada por tais argumentos lógicos e ela concorda em perpetuar a fraude, embora faça-a inquieta e infeliz.

Walter Keane aprecia seu papel como famosos artista. Ele vai em Talk-Shows, ele abre sua própria galeria. Ele apressa seu caminho para eventos. Para isso ele inventa uma história de como ele passou um tempo na Europa pós-guerra, e foi abalado pela devastação de todos os órfãos de guerra que viu em seu caminho. Os órfãos do mundo são sua inspiração para as pinturas de crianças com grandes olhos. Enquanto isso, Margaret senta  no sótão e num tabagismo desenfreado, produz os trabalhos que fazem a sua fortuna, incapaz de aproveitar a sua própria gloria. Margaret Keane nunca teria promovido a si mesmo como um fenômeno mundial. Ela precisava de Walter para isso. O filme de Burton faz tudo isso com respeito, com nenhum barulho ou alarde, e, exceto por uma sequencia alucinante dentro de um supermercado quando cada cliente fica olhando melancolicamente para Margareth com olhos extremamente exagerado, o diretor faz tudo em uma linha reta. Há uma narração intermitente, dado por um colunista de coluna de fofocas que estava interessado em Walter Keane; a narração solícita (e simplista) explica cada passo, até certo ponto, sem os exageros peculiar de Burton.


Christopher Waltz tem sido excelente em muitos filmes, com um talento especial para retratar ambição misturando com uma abordagem sorridente insensível para conseguir o que ele quer. Como Walter Keane, Walter telegrafa para nós, desde o primeiro momento que nos encontramos com o personagem: "eu sou um individuo sem escrúpulos, eu sou muito esforçado, e isso não é bom". Walter não pode resistir em "interpretar o vilão", fazendo-o com tanto gosto que não o resta alternativa, ele não tem pra onde ir, cai na caricatura. Seu desempenho sempre preciso como uma peça de relógio, o faz um maniaco completo, culminando em uma cena que ele tenta por fogo em sua sua casa com Margaret dentro dela. Waltz está, obviamente se divertindo muito no papel.

Há uma corrente feminista em Big Eyes, o sentimento de que alguém como Margaret Keane não possui as ferramentas necessárias para entender o mundo dominado por homens em que ela estava, como há também quando ela auto-impõe seu próprio desamparo. Quando Walter diz a ela que a arte produzida por mulheres simplesmente não vende bem, Margaret não gosta do que ouve, mas consente. Ela acha que ele provavelmente está certo. E ele está em uma posição muito solitária, fechada para seus amigos e sua filha. Walter se tornou seu único canal para o mundo exterior.


Os roteiristas Scott Alexander e Larry Karaszewsky, que também escreveram Ed Wood e o O Povo Contra Larry Flynt, são claramente interessados em arte popular, a arte que talvez seja desprezada pelos estabelecimentos mainstream, mas ainda fala a um grupo amplo e diversificado de pessoas. O trabalho de Margaret Keane foi odiado pelos insiders do mundo da arte, odiaram os linhas duras, as táticas promocionais de Walter Keane; Odiaram que as pinturas que não tinham o seu selo de aprovação foram vendendo como bolo. Essa atitude é personificada no filme por Jason Schwartzman, um esnobe galerista de São Francisco e o influente crítico de arte John Canday (interpretado por Terence Stamp), que descreveu os grandes olhos de Keane como "atrocidades" Tim Burton, e seus roteiristas, tem um monte de carinho pelo trabalho de Margaret Keane, eles parecem adotar a mesma posição de Andy Warhol (É a citação dele que abre o filme). É uma questão interessante: quem consegue dizer o que é e o que não é arte? Em que casos arte popular pode ser igualado a sinônimo de arte "duvidosa" ou "ruim"? Big Eyes tem um monte de diversão com a reação do mundo da arte criada para os grandes olhos. Quando o personagem de Schwartzman, que desprezava os grandes olhos, descobre a fraude de Walter Keane, ele murmura para si mesmo com desdem "Quem vai querer levar os créditos?" Big Eyes é cheio de perguntas fascinantes sobre o significado da arte, o conceito de popularidade e o que significa desenvolver uma audiência enorme volta para Warhol: se ou não algo é visto como "bom" por um perito é irrelevante se tantas pessoas o consideram um bom trabalho de arte. Os porteiros culturais serão sempre apopléticos em tal situação. Big Eyes não é um grande filme de Tim Burton, ele tem alguns problemas de tom, mas é possivel ver porque ele foi atraido para este material. de certa forma é um filme muito pessoal.




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