Para todos os efeitos, histórias em quadrinhos de super-heróis são a mitologia de hoje, são como os deuses e deusas dos antigos, homens e mulheres com superpoderes, mimetizando morcegos e aranhas que se prestam bem para a reinvenção constante necessária para manter seu status de ícone, especialmente no mundo de ritmo acelerado da cultura pop. A história de Peter Parker não perde seu significado se o senso-de-aranha torna-se de origem genética em oposição a sua origem radioativa, mas este é um detalhe de um grande reflexo de como um personagem de quadrinho pode evoluir em um mundo contemporâneo
Histórias em quadrinhos mudaram um pouco ao longo dos anos, transcendendo as aventuras em série de fanfarrões para caracterizar mundos altamente detalhados ... é a coisa sobre ter um universo inteiro para jogar e nem todo mundo consegue ser um herói, deus, ou lenda. É assim que é.
Todavia, isso não significa que não exista potencial para alguns rostos mais estranhos fazer parte de histórias impressionantes. Há um precedente para uma série centrada exclusivamente no Departamento de Polícia de Gotham City: Batman: CGPD (1996), uma minissérie em quadrinhos escrita por Chuck Dixon publicada por três anos; nela, os homens e mulheres do GCPD, são menos que algumas celebridades menores em suas fileiras de combate ao crime, incluindo o Comissário Gordon, é claro, assim como Harvey Bullock, Renée Montoya, e Crispus Allen. Há uma relativa liberdade que vem com personagens que exploram para além dos grandes nomes de uma franquia, particularmente nas histórias de Batman, que tem sido tipicamente mais fundamentada na dureza da realidade. Os maiores vilões de Batman incluíram, mafiosos, psicopatas, vigaristas e terroristas, estas são ameaças que existem no mundo real, e por isso tendem a ressoar mais forte entre o público, muitos mais que invasões alienígenas ou a ameaça de um sistema operacional senciente tentando mata-lo (embora eu fique cada vez mais convencido que a Skynet está chegando cada vez que atualizo o meu celular).
Quando Gotham foi inicialmente anunciada como uma série sobre Bruce Wayne ainda criança, eu senti um pouco de apreensão. Batman não é o tipo de história para contos infantis. A série de animação dos anos 1990 foi uma exceção, e eu não estou certo se funcionaria para uma manhã de sábado ou para a audiência de desenhos animados de hoje. Batman: The Animated Series andou em uma linha tênue entre ser madura e ser adequada para a maioria das audiências, e provou que Batman, apesar de ser o grande carro-chefe da trindade da DC, as trevas não têm que se traduzir em algo violento, cruel ou sombrio. Muito disso tem a ver com sua excelente escrita e a arte deslumbrante. Nesse aspecto a série animada fez Gotham tanto ultramoderna como um clássico datado. Um modelo de designe que a nova série Gotham da Fox também adotou com um resultado igualmente impressionante.
Eu não posso negar que Gotham é bonito. É um banquete visual. É Batman. É no mínimo, um digno sucessor visual da série animada.
A história, no entanto, não é tão perfeita, embora não seja ruim. E a decisão de concentrar-se em um Jovem Jim Gordon, em vez de um Batman criança dá aos roteiristas muita liberdade para explorar as profundezas de Gotham; Além do mais é preciso dizer que os pilotos não são necessariamente o melhor em exibição que uma série tem para oferecer, e Gotham enfrentou uma tarefa especialmente difícil, porque nós já sabemos muito desses personagens de fundo – especialmente em relação a Bruce Wayne. Você sabe que tudo começa em torno de Martha e Thomas Wayne como vítimas aleatórias da violência das ruas. A família Wayne torna-se uma abreviação para qualquer família. Bruce Wayne pode financiar seu trabalho de vigilante noturno graças a quantidade de dinheiro que nem todos tem acesso, mas sua motivação para isso é algo que qualquer um pode entender: uma espécie de violência que nasce da inocência (ou da psicose), mas qualquer que seja o motivo em que se tenha transformado o assassinato dos Wayne’s, o mais forte é a luta contra a máfia e o nascimento do vigilante.
Enquanto isso, a relação entre Gordon e Bruce Wayne é um pouco estranha, como um homem adulto informa a uma criança de 12 anos que há uma grande conspiração dentro do departamento de polícia para encobrir a morte dos seus pais e até que um homem que não tinha nada a ver com a história tenha morrido por isso? Bruce ainda não é o sábio adulto que vira a se tornar, para não mencionar o seu trauma recente.
Bullock e Gordon vivem em discordância cada um querendo enfrentar a sua maneira a criminalidade, e os métodos de Bullock não são nem de longe muito ortodoxos, mas é fácil ver que debaixo de sua aparência rude e cansada que já serviu com a força de um policial honrado tanto quanto seu parceiro novato e futuro comissário.
Do outro lado do espectro moral, o subterrâneo de Gotham está cheio de novos e familiares rostos. A iniciante Fish Mooney (Jada Pinkett Smith) desempenha ambos os lados na guerra pelo controle de Gotham e mostra um tipo de brutalidade geralmente reservado para os vilões mais insanos de Batman. Há algumas constantes apresentações no piloto, da galeria de futuros vilões que eles irão se tornar. Alguns deles são Hera venenosa (Poyson Ivy), a Mulher-Gato, o Charada, o chato Pinguim e talvez o Coringa.
O piloto de Gotham teve seus pontos altos e baixos, mas os baixos não eram tão baixos que não pudessem ser salvos. Gotham parece saber o que ele quer ser, mas como qualquer grande história em quadrinhos temos que caminhar como lesmas para chegar a um bom material, e eu acho que Gotham tem o potencial para um monte de coisas boas.
NOTAS DA BATCAVERNA
- Mesmo que todos já soubéssemos que Gordon não ia desperdiçar o futuro Pinguim a cena foi bem tensa e crível. Cobblepot tinha que alcançar sua brutalidade depois de passar a maior parte do tempo do episódio como o lacaio trapalhão de Fish
- Me incomodou inicialmente que a bebé venenosa se apresentasse como Ivy, o seu nome maldito e não com o verdadeiro que é Pâmela. Todo mundo usou seus nomes "reais", embora eu não ache que ninguém iria culpar a garota, se tanto quando lhe dizia respeito, Ivy fosse seu nome real.
- Uma sugestão que Ra al Ghul existe nesse universo seria algo que eu gostaria de ver no futuro da série.
- Aquela cena de Bruce e seus pais mortos parecia que vinha direto do primeiro Batman de Nolan. Eu gostei.
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