A Deusa Grega Eris
Há mais de 50 anos atrás, um grupo de gozadores fundou uma religião satírica dedicada a criar as mais insanas teorias conspiratórias, de forma que seria impossível acreditar acriticamente em conspirações novamente. Eles se chamava Discordianos, e suas ideias ainda estão por ai influenciando mentes até hoje.
A história não registra a reação de Robert Welch, quando ele recebeu uma carta da Illuminati Bavarian em sua papelaria em 1970. Welch foi o fundador da John Birch Society, um grupo conservador com uma inclinação paranoica, focada principalmente em conspirações comunistas, mas também disposta a expandir sua galeria de vilões para incluir outras cabalas secretas. Os Illuminati são uma sociedade secreta do século 18, cujos esforços para controlar o mundo era regularmente denunciadas por grupos como, bem, a John Birch Society.
Welch pode até ter sido um paranoico, mas ele não era um tolo, ele provavelmente, tinha quase certeza que alguém lhe tentava passar a perna no momento em que ele viu que a carta era assinada por um certo "Ho Chi Zen, Rei do Congo em guerra com os gorilas". Mas gosto de imaginar que a curiosidade obrigou-o a ler.
"Há tempo temos buscado um sentido para escrever", assim a mensagem começava. Alegavam que os Illuminati controlavam uma certa Revista Harper que havia entrevistado Welch recentemente. Ele continuou:
"Tudo isso está em sintonia com a nossa politica de alertar pessoas sofisticadas, seus seguidores e colaboradores numa análise mais abrangente das atividades Illuminati. Pois, não há qualquer sentido em se ver pessoas se esgueirando por trás dos bastidores o tempo todo com 95,5% do mundo controlado por eles"
A carta continua, fornecendo a Welch uma lista dos mais altos membros dos Illuminati, entre eles Tio Remus, "Rabi Koan", e um dos escritores, a estrela de Sociedade Birch, Gary Allen
Essa brincadeira foi ideia de Kerry Thornley (o tal Ho Chi Zen), co-fundador da religião Discordianismo Satírico. Em teoria Discordianos são dedicados a Eris, a deusa grega do caos. Na prática, eles são dedicados a uma visão de mundo que mistura política anarquista, um desdém geral para o dogma, e um interesse nas ilusões que surgem quando a mente tenta encontrar ordem em um mundo desordenado. Eles são especialmente intrigados com a capacidade da mente de imaginar vastas conspirações, o que ajuda a explicar o seu fascínio com os Illuminati.
Operação Mindfuck
No final dos anos 1960, o grupo lançou um projeto apelidado de Operação Mindfuck. Um proeminente Discordiano, o romancista Robert Anton Wilson, explicou mais tarde que eles queriam ser um "Cosmic Giggle Factor". Eles iriam criar "tantas paranoias alternativas de tal maneira que todos pudessem escolher a sua favorita, se eles estivessem inclinados para isso" Ele acrescentou: "Eu também esperava que algumas almas menos crédulas, oprimidas por esse embaraço de riqueza, pudesse ver através de todo esse jogo paranoico".
Além de cartas como a enviada para Welch, plantavam peças na mídia. Incluindo uma dessas em uma revista adolescentes e outra na Playboy, associando os Illuminati a tudo, desde o assassinato de John Kennedy até a criação da carreira de comediante de Bob Hope. Eles também criaram anúncios para os Illuminati, incluíndo um que começava assim: "Como foi possível Adolph Hitler conquistar uma nação inteira começando apenas com cinco seguidores? (Você já tentou conquistar sequer um quarteirão do seu bairro assim?). Isso sugeria que a coisa era muito mais complexa.
Tanto a carta a Welch como o anuncio sobre Hitler aparecem em História Discordianas um divertido escrito editado por Adam Gorightly. Gorightly, cujos outros livros incluem uma biografia de Thornley, preenche os detalhes sobre quem são os Discordianos e como a sua história progrediu, mas principalmente ele permite que os documentos falem por si. O que emerge não é uma coleção frequentemente engraçada de nos colocar os manifestos auto-publicados. O grupo também tinha um desejo sincero de romper as fronteiras entre o mundo real e a ficção.
Os Discordianos criaram personagens, como Ho Chi Zen e outros, que tinham passados e personalidades próprias, e eles se engajaram em um tipo casual de construção de mundo, delineando uma constelação de conspirações concorrentes. Dois Discordianos, Wilson e Robert Shea, acabaram transformando esse mundo em uma trilogia de ficção científica, Illuminatus!, que foi publicado em 1975 e ainda tem um culto dedicado a ele. Illuminatus! não era apenas um resumo da Operação Mindfuck, mas uma porta de entrada para ela, de fato. Incluindo um apêndice que mais ou menos exortava o leitor a tomar parte do projeto.
Dessa forma, os Discordianos ajudaram a preparar o palco para dois elementos importantes da nossa cultura pop de hoje. Um deles é uma onda de histórias que se recusam a ficar nas telas e nas páginas, vazando para o mundo exterior de maneiras imprevisíveis. Esta tem sido uma parte do mundo do gênero ficção. "Nenhuma história estranha pode realmente produzir terror", afirmou Lovecfraft certa vez, "a menos que seja elaborada com todo cuidado e verossimilhança de uma farsa real" E ai chegamos a Internet
Discordianismo hoje
Os exemplos mais óbvios são os jogos de realidades alternativas (RPGs). As pessoas tem sido induzidas a não apenas a confundir o mundo do RPG com a realidade, mas também a realidade com o mundo dos jogos. O gênero de terror online conhecido como Creepypasta, da mesma forma, aparece "em um ambiente profundamente socializado, sendo compartilhado, remixado, incorporado, comentando editado e se espalhado de novo", escreve Bryan Alexander, autor de New Digital Storytelling. "Não há limites claros ao redor do conto, tanto num filme de Hollywood, ou um romance, fazendo com que o mesmo misterioso mito navegue em ambas as mídias confortavelmente", explica ainda. Essa é uma razão pela qual algumas pessoas conseguiram convencer-se que Sandman realmente existe.
O segundo elemento descendente dos Discordianos, é um tipo de politica galhofa e cheia de absurdos. Eles não inventaram a farsa politicamente carregada, é claro, nem eram os únicos brincalhões anti-autoritários dos anos 1960. A Operação Mindfuck começou quase ao mesmo tempo em que Abbie Hoffman, Jerry Rubin, Paul Krassner, e outros radicais conhecidos como Yippies estavam fazendo um jogo um pouco semelhante de acrobacias. (Houve alguma sobreposição entre os elementos de ambos, e havia alguma tensão também).
O recente livro de Kembrew McLeod, localiza ambos, Discordianos e Yuppies em uma tradição que se estende pelo menos até o inicio do século 17, quando surgiram os Panfletos Rosacruzes, animados intelectuais europeus com a pretensão de escrever uma ordem trabalhando secretamente para inaugurar uma nova era de iluminação.
Alguns desses fraudadores, obviamente, estão mais próximo em espirito aos Discordianos do que outros. Os esforços dos mais "Mindfunckers" são os que tentam fazer um ponto subversivo por desorientar as pessoas de uma forma lúdica. Pegue a OLB - Organização de Libertação da Barbie, que fez um barulho midiático durante a temporada de compras do natal de 1993. Nas palavras de McLeod, o OLB "comprou varias bonecas Barbies e bonecos GI Joe, trocou sua caixas de voz e os reverteu clandestinamente para as lojas, Nas férias os compradores levaram para casa Barbies que grunhiam, "Homens mortos não contam mentiras", enquanto os GI Joes, numa flexão de gênero emocionante diziam: "eu quero ir as compras com você"" Eris deve ter aprovado a brincadeira.
Robert Welch não viveu para ver a infiltração da OLB nos Shopping Centers dos Estados Unidos, mas ele teria pelo menos mais um encontro com os Discordianos. Pouco depois de ter recebido a carta de Thonley, ele recebera outra carta, desta vez escrita por Robert Anton Wilson e assinada George Washington IX. Ela também esta reproduzida em Histórias Discordianas. "Não dê atenção para recente carta de Ho Chi Zen" ele começava, para então ameaçar Welch com um processo por difamação, caso ele se atrevesse a citar ou reproduzir a carta anterior. Concluiu confundindo Welch com o fabricante do chocolate Covered Fudge Bars de outro Welch: "Seu fudge é muito bom com haxixe, mas mesmo assim ele adere aos meus dentes, alguma sugestão?"
Além de cartas como a enviada para Welch, plantavam peças na mídia. Incluindo uma dessas em uma revista adolescentes e outra na Playboy, associando os Illuminati a tudo, desde o assassinato de John Kennedy até a criação da carreira de comediante de Bob Hope. Eles também criaram anúncios para os Illuminati, incluíndo um que começava assim: "Como foi possível Adolph Hitler conquistar uma nação inteira começando apenas com cinco seguidores? (Você já tentou conquistar sequer um quarteirão do seu bairro assim?). Isso sugeria que a coisa era muito mais complexa.
Tanto a carta a Welch como o anuncio sobre Hitler aparecem em História Discordianas um divertido escrito editado por Adam Gorightly. Gorightly, cujos outros livros incluem uma biografia de Thornley, preenche os detalhes sobre quem são os Discordianos e como a sua história progrediu, mas principalmente ele permite que os documentos falem por si. O que emerge não é uma coleção frequentemente engraçada de nos colocar os manifestos auto-publicados. O grupo também tinha um desejo sincero de romper as fronteiras entre o mundo real e a ficção.
Os Discordianos criaram personagens, como Ho Chi Zen e outros, que tinham passados e personalidades próprias, e eles se engajaram em um tipo casual de construção de mundo, delineando uma constelação de conspirações concorrentes. Dois Discordianos, Wilson e Robert Shea, acabaram transformando esse mundo em uma trilogia de ficção científica, Illuminatus!, que foi publicado em 1975 e ainda tem um culto dedicado a ele. Illuminatus! não era apenas um resumo da Operação Mindfuck, mas uma porta de entrada para ela, de fato. Incluindo um apêndice que mais ou menos exortava o leitor a tomar parte do projeto.
Dessa forma, os Discordianos ajudaram a preparar o palco para dois elementos importantes da nossa cultura pop de hoje. Um deles é uma onda de histórias que se recusam a ficar nas telas e nas páginas, vazando para o mundo exterior de maneiras imprevisíveis. Esta tem sido uma parte do mundo do gênero ficção. "Nenhuma história estranha pode realmente produzir terror", afirmou Lovecfraft certa vez, "a menos que seja elaborada com todo cuidado e verossimilhança de uma farsa real" E ai chegamos a Internet
Discordianismo hoje
Os exemplos mais óbvios são os jogos de realidades alternativas (RPGs). As pessoas tem sido induzidas a não apenas a confundir o mundo do RPG com a realidade, mas também a realidade com o mundo dos jogos. O gênero de terror online conhecido como Creepypasta, da mesma forma, aparece "em um ambiente profundamente socializado, sendo compartilhado, remixado, incorporado, comentando editado e se espalhado de novo", escreve Bryan Alexander, autor de New Digital Storytelling. "Não há limites claros ao redor do conto, tanto num filme de Hollywood, ou um romance, fazendo com que o mesmo misterioso mito navegue em ambas as mídias confortavelmente", explica ainda. Essa é uma razão pela qual algumas pessoas conseguiram convencer-se que Sandman realmente existe.
O segundo elemento descendente dos Discordianos, é um tipo de politica galhofa e cheia de absurdos. Eles não inventaram a farsa politicamente carregada, é claro, nem eram os únicos brincalhões anti-autoritários dos anos 1960. A Operação Mindfuck começou quase ao mesmo tempo em que Abbie Hoffman, Jerry Rubin, Paul Krassner, e outros radicais conhecidos como Yippies estavam fazendo um jogo um pouco semelhante de acrobacias. (Houve alguma sobreposição entre os elementos de ambos, e havia alguma tensão também).
O recente livro de Kembrew McLeod, localiza ambos, Discordianos e Yuppies em uma tradição que se estende pelo menos até o inicio do século 17, quando surgiram os Panfletos Rosacruzes, animados intelectuais europeus com a pretensão de escrever uma ordem trabalhando secretamente para inaugurar uma nova era de iluminação.
Alguns desses fraudadores, obviamente, estão mais próximo em espirito aos Discordianos do que outros. Os esforços dos mais "Mindfunckers" são os que tentam fazer um ponto subversivo por desorientar as pessoas de uma forma lúdica. Pegue a OLB - Organização de Libertação da Barbie, que fez um barulho midiático durante a temporada de compras do natal de 1993. Nas palavras de McLeod, o OLB "comprou varias bonecas Barbies e bonecos GI Joe, trocou sua caixas de voz e os reverteu clandestinamente para as lojas, Nas férias os compradores levaram para casa Barbies que grunhiam, "Homens mortos não contam mentiras", enquanto os GI Joes, numa flexão de gênero emocionante diziam: "eu quero ir as compras com você"" Eris deve ter aprovado a brincadeira.
Robert Welch não viveu para ver a infiltração da OLB nos Shopping Centers dos Estados Unidos, mas ele teria pelo menos mais um encontro com os Discordianos. Pouco depois de ter recebido a carta de Thonley, ele recebera outra carta, desta vez escrita por Robert Anton Wilson e assinada George Washington IX. Ela também esta reproduzida em Histórias Discordianas. "Não dê atenção para recente carta de Ho Chi Zen" ele começava, para então ameaçar Welch com um processo por difamação, caso ele se atrevesse a citar ou reproduzir a carta anterior. Concluiu confundindo Welch com o fabricante do chocolate Covered Fudge Bars de outro Welch: "Seu fudge é muito bom com haxixe, mas mesmo assim ele adere aos meus dentes, alguma sugestão?"
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