sábado, julho 19, 2014

Tyrant - Episódios 1 a 4

FAMÍLIA NÃO SE ESCOLHE


Barry Al-Fayeed é um homem de família. Ele é um pediatra que vive em Los Angeles com a mulher com que ele é casado há 19 anos, e dois filhos adolescentes. Ele se preocupa com seus pacientes e ele corre todas as manhas. Ele é também filho do homem mais poderoso do país fictício de Abbudin, um ditador competindo com outros "presidentes eleitos" no Oriente Médio pelo poder. Barry abandonou este mundo há muito tempo e não havia olhado para trás até agora - seu sobrinho vai se casar e ele decidiu, convencido pela esposa, levar sua família para conhecer seu pai, mãe e irmão pela primeira vez.


Isso soa familiar? Deveria. Para além do cenário ficcional e as crianças de Barry, a premissa de Tyrant sente-se muito bem como uma versão do mundo árabe de O Poderosos Chefão - um filho/herdeiro direto relutante que retorna a uma família da qual ele está desassociado há vinte anos e que está no ramo de negócios da opressão e violência. Assim como Michel Corleone de O Poderoso Chefão, Barry é o irmão mais novo do insano Jamal, é do mesmo modo que Sonny, o sucessor escolhido para dirigir o país. Jamal tem um temperamento muito ruim e logo em sua apresentação ele aparece fazendo sexo com uma mulher que não é a sua enquanto o verdadeiro marido espera constrangido com os filhos na sala ao lado cercado de seguranças. Outra cena que ilustra a insanidade de Jamal, é a que o mostra experimentando a virgindade de sua nora na noite do casamento e antes do seu próprio filho. Seu pai Khaled é moderado, mas genuinamente é um crente em seus métodos sanguinários, no estilo de Vito Corleone. Ilustrar mais das semelhanças e fugir dos spoilers é algo impossível.



De modo semelhante com Michel, um soldado que retorna claramente incapaz de lidar com seus assuntos familiares, o reaparecimento de Barry é recebido com um caloroso abraço e duvidas escondidas. Sua família não tem certeza se ele pode fazer o que é necessário quando se trata de gerir o regime da família, mas antes do final do piloto, Barry - indo agora com seu nome de Bassam - prova-se um líder politico intelectualmente mais experiente, ao mesmo tempo, mostrando que  é capaz de praticamente qualquer coisa.

Um toque de Gladiator/Gladiador entra no mix durante o piloto e Tyrant mostra-se por todo tempo dependente de outras produções como Homeland, não por acaso do mesmo criador, Gideon Raff. Em geral, o novo drama de Raff carece de uma forte identidade própria. Por ser uma das poucas produções de TV a apresentar um elenco internacional de atores em sua maioria desconhecidos, além de uma história ambientada num mundo desconhecido para a maioria da audiência, talvez seja mesmo necessário tantas referência se marcos de cultura para se fazer familiar.

Embora a série não seja uma pintura, ela não tem o fator choque da produção anterior do seu criador, para melhor ou para pior. A falta de grandes revelações ppode ajudar a prolongar sua vida - Homeland está muito desgastada depois de apenas três temporadas -, mas Tyrant ainda não tem a pressa visceral das séries de raff para a Showtime. Seus personagens são menos complexos e a maioria dos atores nenhum favor a eles nesse quesito. Jeniffer Finigan, que interpreta a esposa de Barry tem um olhar perpetuo de cervo assustado (talvez por interpretar o estereótipo da americana loira demais), e seu marido não é muito mais emotivo que isso.



Adam Raynor dsempenha Barry/Bassam - um homem que na verdade tem duas personas e age o tempo todo como se estivesse escondendo ambas. Ele não transmite os seus pensamento ou ações de uma forma fisicamente óbvia e manter suas expressões silenciosas parece ser uma escolha de caráter, falho diga-se de passagem. Raynor não tem o carisma na tela e a magnitude de um Damian Lewis (que fez Brody em Homeland com um fevor de tensão nervosa), Al Pacino (que, em seus primeiros dias junto com a família Corleone, utiliza sua intensidade moderada a seu favor) ou Russel Crowe (que pode dizer mais com um sussurro do que a maioria dos atores pode quando gritando). Com toda certeza essas são referências premiadas, mas Tyrant necessita de uma força central mais forte para provar a si mesmo continuamente convincente (e, como já disseram por ai, mais que uma distração de um homem do Oriente Médio desempenhado por um branco).

Dito isto, há um ator que se destaca: enquanto Sonny permanece para muitos fãs, o favorito entre os membros da família Corleone, seu equivalente em Tyrant está no topo, bem acima do resto grupo. Jamal é o vilão com um temperamento sempre à beira do incontrolável, e sua introdução o faz parecer imperdoavel. Ainda assim, Ashraf Borham faz um personagem que se sente exclusivamente assistível e até mesmo simpático. No quarto episódio (o último a ser exibido), Jamal é o elemento mais imprevisível da série.



Nem toda série precisa ser chocante, e Tyrant pode precisar de tempo para encontrar seu lugar ao longo da primeira temporada. Contudo, há uma linha tênue entre se estabelecer e ser muito solto de episódio para episódio. Há cenas de enchimento ao longo dos primeiros quatro episódios, e as conexões com a grandeza do passado parecem estar desaparecendo muito rapidamente. Tyrant não é Homeland ou o Poderoso Chefão. Enquanto a falta de comentários políticos pode ter sido uma exclusão consciente dado o contexto ficcional da série, Tyrant precisa encontrar uma voz em algum lugar.

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