sábado, julho 05, 2014

Transcendence (2014)

EXCEPCIONALMENTE BOM EM MUITAS COISAS, SOBERBO EM NADA.


Dr. Will Caster (Johnny Depp) é o mais notável pesquisador na área de Inteligencia Artificial trabalhando para criar uma maquina sensível, que combine inteligência coletiva de tudo já conhecido com toda gama de emoções humanas, Seus experimentos altamente controversos o tornaram famoso, mas também fizeram dele o principal alvo de um grupo extremistas anti-tecnologia que irá fazer de tudo para detê-lo.


Da forma como este filme começa, e como ele se mantem em sua premissa até bem perto do final, podemos perfeitamente vê-lo como os eventos que iniciaram a matrix descrita na trilogia The Matrix dos irmãos Wachowsky. É um filme tecnicamente bem executado com a direção de Wally Pfister, que foi também diretor de fotografia de Christopher Nolan desde de Memento de 2002. Talvez algum tipo de lenta "gênio-osmose" houvesse ocorrido desde de lá e Transcedence seria um estelar trhiller scifi do tipo que esperamos de Nolan. Bem, o fato duro e frio é que não é. Mas com certeza não é terrível. Como já disse, ele vai bem tecnicamente com uma bela fotografia e imagens que parecem saídas de um comercial de viagem de tão deslumbrante que as vezes são. Um elenco, que embora não faça o seu melhor como se espera de Johnny Deep, Rebeca Hall, Paul Betanny e Morgan Freeman tira um razoável interpretação de um fraco roteiro.

Onde ele é mesmo arrasador, ainda que não tão original, é na discussão ética do que iremos fazer e como nos comportaremos quando finalmente deixarmos de criar deuses e definitivamente assumirmos o papel principal na criação. De mera criatura a criador de universos é o passo seguinte quando finalmente chegarmos aquele momentos singular em que se unir a IA a auto-consciência. Não por acaso os profetas tecnológicos do amanhã já previram a aproximação desse momento. Já temos até um nome para ele: Singularidade.

Sem mesmo aprofunda-se tanto, mesmo na superfície em que ele está a nadar, levantam-se as questões habituais da tecnologia contra a humanidade, mas se você olhar mais profundo você vai ver que há muito mais neste filme do quê o que se apresenta para os olhos. Outras questões mais complexas são levantadas, tais como: o que é auto-consciência? Qual o papel que nós, como seres humanos teremos diante daquilo que os tecnólogos estão chamando de singularidade? Como conciliar logica e emoção? Devemos temer a tecnologia? Será que temos uma alma, e se assim for, isso significa que quando nossos corpos morrerem poderemos continuar vivendo por outros meios? O passo inicial para este filme foi, provavelmente, algo ao longo das linhas da pergunta: "O que aconteceria se a Singularidade de Ray Kuzwell acontecesse agora?" Isso é um bom lugar para começar um drama scifi

Enquanto os cientistas estão a beira de um grande avanço na tecnologia de IA, um grupo terrorista contrario ao que poderá advir de tudo isso, conhecido como RIFT. desencadeia um ataque em todos os laboratórios do país que trabalham nisso. Um atentado por envenenamento radioativo à um dos expoentes dessa pesquisa, o Dr Will Caster, fazem as coisas tomarem um rumo ainda pior do que o temido pelos próprios terroristas. Enquanto o corpo do Dr Will se deteriora lentamente, sua esposa (Rebeca Hall) e seu sócio e amigo (Paul Betanny) trabalham freneticamente em uma maneira de fazer um upload de sua mente para uma uma maquina de grande poder de processamento que eles construíram. Em termos simples trata-se de prover uma poderosa maquina daquilo que apenas o cérebro humano - pelo menos até onde sabemos, possui. Uma mente. Como qualquer um já pode ter adivinhado, o plano vai completamente para o pior de todos os cenários. O filme abre com uma cena que é tipica de um lugar que é desolado em seu cenário, depois que algo deu extremamente errado. Não é uma cena de um mundo aberto em completa destruição, mas que contem elementos, ou a falta de alguns que apontam para isso. Um semáforo desligado por que não há automóveis, nem trânsito nas ruas. Celulares abandonado em ruas sujas e pessoas que transitam sem sentido aparente de onde estão indo. Um teclado de computador usado para escorar uma porta enquanto alguém passa por ela com um carrinho de transporte enferrujado. É o cenário inicial usado para nos contar o que ocorreu ao mundo há cinco anos antes.

Transcendence não é excelente, mas também não é uma caricatura como algumas pessoas estão chamando lá fora. (Até a data que escrevo, sem exibição por aqui). O principal problema é o roteiro. Um excelente script pode fazer você comprar até mesmo a mais ridícula parcela de um filme e provocar a necessária suspensão da descrença, mas o roteiro do estreante Jack Paglen nunca encontra um tom constante, é desigualmente ritmado, tem enredos secundários subdesenvolvidos e mantem-se a distancia de qualquer conexão com os personagens e a história. Em outras palavras, ele não levanta quaisquer preocupações ou idéias que ainda não tenha se visto em qualquer filme com o mesmo tema. A superficialidade do roteiro lhe dá até um tempo para questionar a incongruência da história. Fora isso Transcendence, eu não sei como dizer isso, é muito bom. A direção de Pfister é conveniente, ele evita até mesmo a síndrome da câmera nervosa que normalmente assola esse tipo de filme. Mesmo estando Pfister na direção e não fosse responsável pela fotografia você acha que ele abandonaria a sua especialidade a critério de olhares mundano? Em resumo, um script menos didático e mais hermético, do tipo encontrado em Matrix era tudo que se precisava fazer para Transcendence verdadeiramente ser uma transcendência.

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A premissa inicial não é tão absurda e tem implicações morais reais. Para mais informações recomendo o documentário chamado Trancendent Man de 2009, sobre Singularidade e Ray Kurzweill, para perceber quando o filme trai esse tom com uma história com mais buracos do que personagens na trama e, literalmente usar um dispositivo do lote panaceia de Hideo Kojima (filhos nanomáquinas) e desmoronar. Ou em vez de ser preso as suas "questões morais", desligue-se no fato do personagem de Cilian Murphy dizer com uma cara seria sua linha de script, "Temos que desligar a internet"

3 comentários:

  1. Apesar de tudo, dos absurdos, de ser um filme arrastado e cansativo, de você não comprar a ideia, de os atores principais não estarem se esforçando em momento nenhum... tenho a esperança que algum dia, alguém pegue a boa ideia do filme e daí surja um bom. Excelente crítica, Mestre.

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  2. A verdade vi Johnny Depp. Eu gostei, havia muitos elementos que pareciam muito atraente para mim, a sequência de ideias foi bom, mas alguma coisa aconteceu durante esse filme que não se conformava Trascender; no entanto, é um muito interessante para quem gosta de filme de ficção científica, o colapso da humanidade e do governo conspirações. Ele tem seus contras, mas é definitivamente interessante perguntar-nos mesmo com filmes, dilemas éticos que existem na ciência e desenvolvimento. Nós dois estamos dispostos a sacrificar a nossa ética e morais, a fim de salvar vidas; um debate que queima quando se trata de células, nanotecnologia e ciência médica-tronco.

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  3. Este thriller de ficção científica mais de 100 minutos, eu gostei. Este thriller de ficção científica mais de 100 minutos, eu gostei. Transcendence é um filme estranho e muito futurista que eleva a curto prazo um futuro muito sombrio para toda a humanidade. A coisa interessante sobre este filme é o debate e o dilema moral que surge quando se discute os limites da ciência e tecnologia. Transcendênce é o primeiro filme que fez Wally Pfister, diretor de fotografia de quase todos os filmes de Christopher Nolan.

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