terça-feira, fevereiro 11, 2014

Flappy Bird. Sério




Então. Já escrevi sobre música, sempre escrevo sobre cinema, livros e,, mais recentemente, quadrinhos por aqui. Só me faltam incursões a séries e games. Quanto a este último, não me falta mais.
Nada mais justo que começar a falar sobre games do que comentar sobre um dos mais lucrativos sucessos dos últimos tempos, um jogo que dividiu opiniões, movimentou multidões, gerou um buzz como não se vê desde o lançamento de... Sei lá, Angry Birds Star Wars. Eu estou falando, meus amigos, de nada mais, nada menos que Flappy Bird.
Sério.

Eu adquiri um ódio inacreditável desse jogo maldito antes mesmo de jogá-lo. Não se falava de outra coisa! Em todo site que eu acesso, no Twitter (sigam o @the01pordia), no facebook, no escambau, em todo ônibus que pego, em todos os lugares que frequento, não se fala de outra coisa. O jogo desse pássaro maldito, deformado, remanescente de Chernobil! E esse ódio, essa sanha, se deve a vários motivos, não só o buzz, não só o hype! Mas principalmente ao fato de que o maldito do desenvolvedor dessa desgraça, o vietnamita Dong Nguyen, arrecada a nada modesta quantia de 50 mil dólares por dia só com anúncios no joguinho dele. POR DIA! 50 MIL! POR DIA!
Não sendo bastante, o FDP surtou, disse que não gostava disso, que não queria fama ou dinheiro, mas apenas uma vida simples e pacata (no Vietnã, uma vida pacata deve ser algo fácil pra caramba de se conquistar) e, advinha só o que o maluco fez... Tirou o jogo de circulação.
Há especulações de que tudo isso não passe de uma genial jogada de marketing para ganhar ainda mais dinheiro em menos tempo, visto que o maluco deu um prazo de 22 horas para tirar o jogo do ar.
Então, todo o burburinho, todo o hype, toda a polêmica em torno do pássaro vietnamita exerceram um efeito sobre mim.
Sim. Eu nunca neguei que sou suscetível ao hype. Eu li metade do primeiro Crepúsculo quando a ideia de uma adolescente que se apaixona por uma das criaturas mais impiedosas, sanguinárias e mortíferas de todas as mitologias me parecia atraente. Certo que, quando vi que a menina, na verdade, começava a se pegar com uma fada, eu interrompi a leitura sem mais delongas.
Pois bem, quando o tal Nguyen realmente tirou o jogo das lojas, eu decidi baixar e jogar essa maluquice. E eu fiquei impressionado com o que vi. Flappy Bird não é só um jogo tosco, com um pássaro deformado e sprints roubados de Super Mario! É um jogo tosco, com um pássaro deformado, sprints roubados de Super Mario, uma mecânica deficientemente incrível e um carisma inacreditável, um magnetismo quase demoníaco!
O bravo e carismático pássaro
deformado
O bagulho prende sua atenção de uma forma inacreditável, é simplesmente impossível começar a jogar e parar dez minutos depois. Isso porque o protagonista de Flappy Bird, uma ave bizarríssima, cativa o jogador! E como dizia o príncipe esquizofrênico do deserto, você se torna responsável por aquilo que cativa! Ou algo do tipo, agora eu me dei conta de que sempre li isso de forma errada. Mas é esse o princípio.
A mecânica do jogo é muito comum, mas nada fácil. Tudo se resume a um único comando que consiste em ficar dando toquinhos na tela para fazer o pássaro ganhar ou perder altitude. Se você faz ele voar alto demais ao ponto do pássaro sumir da tela, o jogo acaba. Se faz o contrário e deixa o pássaro cair, o jogo também acaba. Se dá um toque errado e faz com que a ave bata em um cano, quem diria, o jogo também acaba.
O objetivo é levar o pássaro o mais longe possível sem que isso aconteça, o que se torna uma tarefa árdua, uma odisseia, uma jornada pela vida! É quase um Jetpack Joyride em um nível absurdo. Em pouco tempo você se vê berrando feito um lunático e dando pancadas na tela do seu celular, tentando, em vão, impedir que a pobre ave pereça. É quase uma metáfora sobre a vida no Vietnã.

No fim das contas é um jogo tão viciante quanto imbecil. E, quando acaba (nunca acaba), você fica questionando a vida, o universo e os paradigmas estabelecidos pela indústria. Porque nem um GTAV faz 50 mil dólares por dia, nem um Crisis, nem um Far Cry faz 50 mil por dia! É absurdo que um jogo tão patético, tão cretino, tão vietnamita faça tanto dinheiro simplesmente com anúncios, que mobilize nações, que desperte sentimentos tão conflitantes nos mais diferentes tipos de pessoas...

Depois de jogar Flappy Bird por 6 horas seguidas antes que meu celular descarregasse e esquentasse a ponto de eu temer uma explosão (sério, eu sou paranoico com isso), depois que eu fiquei incomunicável porque essa porcaria consome tanta energia que a minha bateria se esvaiu em 1/3 do tempo normal, consome tanta RAM que meu celular (que não é um Galaxy Y, vejam só) chegou a travar, depois que eu fiquei desolado, sentindo um vazio existencial e uma completa impotência como ser humano... Depois de tudo isso, só uma pergunta ficou em minha mente...
Onde está seu POU agora?

Felipe Pereira


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