sábado, fevereiro 08, 2014

Astronauta: Magnetar - Danilo Beyruth, ou: Sobre a Solidão no vazio.

Dia 39.

Desde criança fui fã dos personagens da Turma da Mônica. Confesso, porém, que o Astronauta não era um dos meus preferidos. Sempre gostei mais do Piteco, do Cascão e do Chico Bento. Ah, e daquele Tiranossauro Rex filósofo, o Horácio.


Um dia, meu irmão e co-editor do Site, Felipe Preus, apareceu para mim com um encadernado lindo chamado "Astronauta: Magnetar", desenhado e escrito por Danilo Beyruth. As primeiras referências que me vieram à cabeça foram o filme de Stanley Kubrick, "2001", e a belíssima música de David Bowie, "Space Oddity".


Beyruth pesquisou e transformou o personagem fofinho de Maurício de Sousa  num cara solitário e encaliçado. Astronauta passa meses explorando o espaço, amparado por sua Nave e tendo por único amigo o Computador.


O espaço desenhado por Beyruth é sombrio, frio e desolador. As distâncias são imensas, e isso acentua a distância entre Astronauta e suas lembranças, transformando suas escolhas e arrependimentos em dolorosos espinhos de gelo. As cores passeiam pela paleta do azul, cinza e branco - com lampejos de dourado nas cenas em que Astro, sua Nave ou seus trajes aparecem.
O Magnetar em questão é uma estrela de neutrons que emite rajadas de energia eletromagnética. A missão atual de Astro é examinar esta estrutura espacial, na tentativa de mandar estes dados para a BRASA - Brasileiros Astronautas, agência espacial do Brasil - e que isso gere um maior entendimento destas estruturas.

Astronauta vem já de muito tempo no espaço, e suas lembranças e a saudade de casa o sufocam cada instante que ele passa longe da Terra. A memória de Rosinha, sua ex-namorada, é a que arde mais, junto com a frustração de não ter escolhido uma vida comum na Terra.

Quando ele adentra os limites do Magnetar e deixa sua nave, para iniciar sua missão exploratória, a Estrela de Nêutrons emite uma rajada de energia mortal, o que dá a Astronauta poucos segundos para se salvar. Ele consegue se salvar, mas fica sem comunicação com a nave. Em seguida, um grande monólito metálico segue em direção à sua Nave e causa um dano extenso e profundo no casaco, pondo em risco o sistema de manutenção de vida e navegação.


Ilhado no espaço, com comida e água racionadas, Astronauta tem de usar de toda a sua inteligência e perícia para sobreviver.


Se você procura algo para te trazer a sensação de que os quadrinhos nacionais são tão bons quanto os europeus ou norte-americanos, eis aqui um trabalho decente. Danilo Beyruth aproveita elementos do personagem clássico de Maurício de Sousa e o eleva à categoria de um épico, fazendo com que nós, leitores, desejemos cada vez mais um crescimento e uma visibilidade maior para a nona arte aqui no Brasil.

O fim da HQ é clássico e memorável. Os desenhos são estilisticamente perfeitos, e a história é empolgante e envolvente. Procure ler esta que é, junto com "Laços" e "Ingá", um dos quadrinhos mais fantásticos do projeto de Maurício de Sousa.


Boa leitura!

P.S.: Eu vi essa imagem aqui... caramba! No aguardo demais!


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