domingo, janeiro 05, 2014

Sykt lykkelig / Insanamente feliz (2010)

Dia 05 - Ano II

Filme: Sykt lykkelig / Insanamente feliz (2010) - IMDb 6,5
Diretor: Anne Sewitsky
Roteiro: Mette M. Bølstad, Ragnhild Tronvoll 
Atores: Agnes Kittelsen, Henrik Rafaelsen, Joachim Rafaelsen

Família é a coisa mais importante no mundo para Kaja. Ela é uma eterna otimista, apesar de viver com um homem que prefere ir caçar com os meninos, e que se recusa a fazer sexo com ela, porque ela não é particularmente atraente. Tanto faz. É a vida.



Dizia um poeta que "a vida é a arte do desencontro". Para se encontrar é preciso se perder mas não se pode perder-se de si mesmo. Por que? porque estaremos sempre aqui, não podemos se perder de "si mesmo". E ai recorremos ao outro, nos perdemos/encontramos no outro como uma condenação. Lá está a parte de nós que precisamo perder e depois encontrar. Para que? Para ser um, para nunca se estar sozinho.

Sykt lykkelig/Insanamente feliz é o filme. Seu personagens estão tão próximos que não se imaginam sozinhos e distantes um do outro. A área de conforto é tão ampla que eles não veem além, não conseguem se ver onde precisam se ver..

Desculpem-me pela divagação filosófica, é de cinema que estamos falando, e de musica também. A musica pontua este encantador filme dinamarquês. Eu agradeço todos os dias pela internet. Sair do cinema americano é algo prazeroso, sem ela isso seria quase impossível.

Nem tente classificar este filme como uma comédia, ou algo parecido, não é a comédia romântica, que tanto estamos acostumados a ver nas produções americanas, sem ser pretensioso ele é extremamente divertido, musicalmente soberbo mesmo quando pontua sua história com musicas que nos falam ao sentimento e soam absolutamente comum. Um quarteto de voz, as vezes um banjo, fazem por meio de nossos ouvidos, um complemento de compreensão para uma história, que é arte do desencontro de si mesmo, apenas para se encontrar depois.

Ele tem o cenário desolador e gelado que serve de palco para coisas que aparentemente só acontecem nos trópicos. Besteira! mudam-se os cenários, mas os dramas, os desencontros e até as comédias acontecem em todo lugar onde estão as pessoas exercendo a arte de se desencontrar e encontrar-se

Um casal aparentemente feliz, Eirik e kaja, alugam a pequena casa perto da sua para um casal, Sigve e Elisabeth que estão em crise e tentando se encontrar depois da traição de Elisabeth. Para Kaja a familia é mais importante coisa do mundo, ela é uma otimista, apesar de viver com um cara que prefere passar longos dias numa mentirosa caçada - alguem aí lembrou de Brobeback Montain? -  de alces com outros homens a fazer sexo com ela. Mas quando o casal perfeito se move na casa ao lado, Kaja luta para manter suas emoções sobre controle. Elas são pessoas interessantes vinda de uma grande cidade, cantam e até adotaram uma criança etíope. Kaja é um ponto perdido de si mesmo nesse cenário gelado, lutando para ter sua vida e o seu prazer de volta, a misoginia de seu marido a fazem pagar o boquete da sua vida em Sigve, que lisonjeado com o carinho de Kaja a faz se sentir viva de novo e insanamente feliz. Depois disso o mundo de Kaja e a descoberta da homossexualidade do marido que também se sente atraído por Sigve nunca mais será o mesmo. Uma boa história que não acaba numa tragédia como de certo acabaria na cabeça de um cineasta americano. Kaja se encontra consigo e a partir desse ponto é apenas de "si mesmo" que ela precisa.
Então, o filme é sempre agradável, mesmo quando poderia ficar muito pesado, sombria ou sentimental. É claro que esta abordagem minimalista pode ser um aspecto negativo, dependendo do gosto do espectador e sobre a sua propensão para o drama de pleno direito ou de pretensão implacável. Só para ter dois exemplos: A subtrama envolvendo os dois filhos, com tons abertamente racistas, é bastante desconcertante, mas é uma mudança estranha de ritmo da história principal. e a cena do confronto entre Kaja e Eirik sobre suas "viagens de caça" é uma homenagem a uma farsa Brobeback Mountain

O título original "Sykt lykkelig" segundo o que pesquisei é um bom trocadilho, como "sykt" pode ser tanto positiva (assim o título que significa "incrivelmente feliz") ou negativo (mais como "feliz de uma forma doente"). Na verdade, esta dicotomia é executado em todo o filme.

Continuo só por aqui, mas me encontro, não insanamente, mas feliz... 


Um comentário:

  1. Não estará sozinho por muito tempo, companheiro. Mas deixa a gente descansar mais uns dias :)

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