Dia 05 - Ano II
Filme: Sykt lykkelig / Insanamente feliz (2010) - IMDb 6,5
Diretor: Anne Sewitsky
Roteiro: Mette M. Bølstad, Ragnhild Tronvoll
Atores: Agnes Kittelsen, Henrik Rafaelsen, Joachim Rafaelsen
Família é a coisa mais importante no mundo para Kaja. Ela é uma eterna otimista, apesar de viver com um homem que prefere ir caçar com os meninos, e que se recusa a fazer sexo com ela, porque ela não é particularmente atraente. Tanto faz. É a vida.
Dizia um poeta que "a vida é a arte do desencontro". Para se encontrar é preciso se perder mas não se pode perder-se de si mesmo. Por que? porque estaremos sempre aqui, não podemos se perder de "si mesmo". E ai recorremos ao outro, nos perdemos/encontramos no outro como uma condenação. Lá está a parte de nós que precisamo perder e depois encontrar. Para que? Para ser um, para nunca se estar sozinho.
Sykt lykkelig/Insanamente feliz é o filme. Seu personagens estão tão próximos que não se imaginam sozinhos e distantes um do outro. A área de conforto é tão ampla que eles não veem além, não conseguem se ver onde precisam se ver..
Desculpem-me pela divagação filosófica, é de cinema que estamos falando, e de musica também. A musica pontua este encantador filme dinamarquês. Eu agradeço todos os dias pela internet. Sair do cinema americano é algo prazeroso, sem ela isso seria quase impossível.
Nem tente classificar este filme como uma comédia, ou algo parecido, não é a comédia romântica, que tanto estamos acostumados a ver nas produções americanas, sem ser pretensioso ele é extremamente divertido, musicalmente soberbo mesmo quando pontua sua história com musicas que nos falam ao sentimento e soam absolutamente comum. Um quarteto de voz, as vezes um banjo, fazem por meio de nossos ouvidos, um complemento de compreensão para uma história, que é arte do desencontro de si mesmo, apenas para se encontrar depois.
Ele tem o cenário desolador e gelado que serve de palco para coisas que aparentemente só acontecem nos trópicos. Besteira! mudam-se os cenários, mas os dramas, os desencontros e até as comédias acontecem em todo lugar onde estão as pessoas exercendo a arte de se desencontrar e encontrar-se
Um casal aparentemente feliz, Eirik e kaja, alugam a pequena casa perto da sua para um casal, Sigve e Elisabeth que estão em crise e tentando se encontrar depois da traição de Elisabeth. Para Kaja a familia é mais importante coisa do mundo, ela é uma otimista, apesar de viver com um cara que prefere passar longos dias numa mentirosa caçada - alguem aí lembrou de Brobeback Montain? - de alces com outros homens a fazer sexo com ela. Mas quando o casal perfeito se move na casa ao lado, Kaja luta para manter suas emoções sobre controle. Elas são pessoas interessantes vinda de uma grande cidade, cantam e até adotaram uma criança etíope. Kaja é um ponto perdido de si mesmo nesse cenário gelado, lutando para ter sua vida e o seu prazer de volta, a misoginia de seu marido a fazem pagar o boquete da sua vida em Sigve, que lisonjeado com o carinho de Kaja a faz se sentir viva de novo e insanamente feliz. Depois disso o mundo de Kaja e a descoberta da homossexualidade do marido que também se sente atraído por Sigve nunca mais será o mesmo. Uma boa história que não acaba numa tragédia como de certo acabaria na cabeça de um cineasta americano. Kaja se encontra consigo e a partir desse ponto é apenas de "si mesmo" que ela precisa.
Então, o filme é sempre agradável, mesmo quando poderia ficar muito pesado, sombria ou sentimental. É claro que esta abordagem minimalista pode ser um aspecto negativo, dependendo do gosto do espectador e sobre a sua propensão para o drama de pleno direito ou de pretensão implacável. Só para ter dois exemplos: A subtrama envolvendo os dois filhos, com tons abertamente racistas, é bastante desconcertante, mas é uma mudança estranha de ritmo da história principal. e a cena do confronto entre Kaja e Eirik sobre suas "viagens de caça" é uma homenagem a uma farsa Brobeback Mountain
O título original "Sykt lykkelig" segundo o que pesquisei é um bom trocadilho, como "sykt" pode ser tanto positiva (assim o título que significa "incrivelmente feliz") ou negativo (mais como "feliz de uma forma doente"). Na verdade, esta dicotomia é executado em todo o filme.
Continuo só por aqui, mas me encontro, não insanamente, mas feliz...
Continuo só por aqui, mas me encontro, não insanamente, mas feliz...
Não estará sozinho por muito tempo, companheiro. Mas deixa a gente descansar mais uns dias :)
ResponderExcluir