quinta-feira, janeiro 16, 2014

Azul é a Cor Mais Quente (2013) (+18)

Dia 16 Ano II

Não estava em meus planos ver este filme. Ele não me atraia. Nem com toda a badalação que ele provocou por sua exibição e conquista da Palma de Ouro em Cannes e nem por Spielberg tê-lo classificado como uma obra prima e "a primeira grande história de amor do século XXI", nas sua próprias palavras. O que me vez mudar de ideia? Um comentário de uma amiga lésbica na rede social de que era um filme ruim, que em nada refletia o mundo lésbico, e principalmente que se tratava da visão fetichista de um homem sobre o amor lésbico
É um bom filme é o que posso dizer, sem entrar no mérito de que seja uma visão real ou fantasiosa do mundo lésbico. E antes de falar mais, não é um filme erótico. Não é essa a proposta da trama.


Do fim do anos passado para cá, três filmes pretendem escrutinar  o mundo da sexualidades delas. O Ninfomaníaca, do polemico cineasta dinamarquês Lars Von triers, Jovem e Bela, do francês François Ozon e o nosso objeto do comentário do franco-tunisiano Abdellati Kechiche.

O Azul é o único que aborda o mundo lésbico como especifidade. Ele é a história da frágil e desamparada Adele e da forte e determinada Emma. Adele, vivida pela estreante Adele Exarchoupolos vive uma estudante adolescente extremamente confusa quanto aos sentimentos e desejos. O grupo de amigas de Adele incentivam que ela se envolva sexualmente com um rapaz da escola, e esse relacionamento relâmpago só aumenta a confusão mental de Adele, que apesar de gostar da experiencia, sente que algo faltou em tudo que aconteceu. Para aumentar mais ainda sua confusão, uma amiga do seu grupo, em um momento de pura impulsão, beija Adele na boca, apenas para depois  rejeitá-la quando esta tenta lhe retribuir o carinho. É neste momento de confusão e de falta de definição para onde voltar seus sentimentos e desejos, que Emma surge na vida de Adele. Emma e seus cabelos azuis cruzam o caminho de Adele em um encontro silencioso, mas forte de olhares e atenção. Adele é uma menina sensível que gosta de escrever,ler e apenas sonha com uma vida simples de professora como futuro profissional, Emma por sua vez, é uma pintora de arte forte e decidida a subir na vida como artista. Com uma propensão a filosofia, Emma é uma libertária que aprecia Sartre e o seu pesamento existencialista e libertador. Quando Emma entra em definitivo na vida de Adele, esta encontra o que sempre desejou sem saber. Entregar-se ao desejo até o limite de se perder como pessoa individual e viver a sombra da pessoa amada.


Apesar do titulo lunático, este é um filme surpreendente sobre o amor jovem que é realmente honesto com seu público. Filmes sobre pessoas que se apaixonam existem ao monte por aí, mas quando você assisti a Azul, você percebe o quão raro são os filmes que fazem uma tentativa sincera para mostrar realmente o que é se apaixonar por alguém, sem sentimentalismo, fofura forçada ou manipulação emocional barata. O fato é que ele é sobre duas mulheres que sucumbem a paixão uma pela outra e isso é quase um secundante para a forma como o filme chama a universalidade de se apaixonar e manter o relacionamento. Ele é um filme naturalista por assim dizer, que é comovente. Se você é gay, hétero ou bissexual, ou qualquer que seja sua orientação, ele pode servir de referência de como viver e se apaixonar. Ele trás apenas uma relação gay única a luz e nada mais, não é uma ode a "sair do armário" e clichés sobre diferenças de papeis sexuais. Não há politica aqui, não há discursos do tipo panfletário, nem lésbico e muito menos feminista. Nisso talvez resida a critica da minha amiga lésbica e todos os comentários que se seguiram a ela. As pessoas comuns, gays femininos ou masculinos, são as maiores vitimas dos clichés atribuídos a esta comunidade, justo por que elas os sobrevalorizam e acabam se tornando refém de algum preconceito que elas mesmas alimentam de alguma maneira.

Ele mostra como a interação com uma pessoa pode ser impactante sobre você. A luta entre as duas amantes é descrito em detalhes de tirar o folego. O direto capta magistralmente todo o tumulto e sofrimento que está acontecendo entre Adele e seu relacionamento com Emma. A longa duração do filmes, de quase 3 horas, não o torna maçante, por que a certa altura você estará totalmente imerso na vida dos personagens. A evolução sexual de Adele é perfeitamente mostrada ao longo do filme. Ela está confusa sem saber o que deseja, um problema adolescente tipico. Ele é em última análise, sobre Adele e sua luta para encontrar seu verdadeiro eu. A transformação que ela experimenta é absolutamente fascinante de assistir. Todo quase o seu tempo de exibição é dedicado a mostrar o crescimento e o amadurecimento de Adele e tudo acontece bem diante dos seus olhos. O sexo entre Adele e Emma é nada menos que um milagre em sua honestidade e profundidade. Desmerece qualquer critica de que aquilo tudo é apenas a visão fetichista do diretor em ação. Nenhuma delas pode ser comparadas com as cenas de filmes pornos lésbico que visam estimular fantasias masturbatórias masculinas.



O realismo do mundo em que vivemos é honesto e o filme deve muito do poder emocional as suas duas atrizes fantásticas. Elas realmente dão tudo de si neste sentido e nos fazem sentir suas dificuldades como reais por que você aceita seus personagens quase como reais. Então por tudo que foi dito e pela incapacidade de alguns de compreender a sua essência ele tem tudo para ser o filme injustiçado de 2013.



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