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The Curious Case of Benjamin Button - 2008
Dir: David Fincher
Elenco: Brad Pitt, Cate Blanchett, Tilda Swinton
O Curioso Caso de Benjamin Button é um daqueles filmes
cuja ideia principal chega a ser mais atraente que o filme em si. Não que o filme
em si não seja maravilhoso, e é, mas a ideia é tão simples, tão bela e tão
fascinante que chega a inspirar.
Desde pequenos, em nossas primeiras aulas na escola, lá
no primeiro jardim de infância, aprendemos sobre o ciclo da vida, o ciclo sem
fim. Aprendemos que nascemos com nossos dias contados, nascemos sem pedir e
morremos sem querer, mas que no meio tempo entre um ponto e outro, viveremos
experiências que nos mudarão, que nos farão amadurecer, que nos moldarão até o
último resquício de vida ou de consciência que houver em nossos corpos
decrépitos. Não importa o que se faça, não importa o que se tente ou a quem se
venda a alma, o tempo sempre virá bater em nossa porta à nossa procura, com uma
única mensagem para nos dar.
A ideia principal de O Curioso Caso de Benjamin Button é
a de que, não importa em que direção corra, o tempo sempre vai te alcançar e o
destino será o mesmo para todos.
Tudo começa quando, às vésperas dos anos 20, nasce em
Nova Orleans (onde mais?) uma criança. Não uma criança comum, mas não uma
especial. Uma criança velha: pele enrugada, ossos calcificados, olhos
completamente inutilizados, quase sem respirar, mal conseguindo chorar. A
pequena aberração logo é abandonada pelo pai e encontrada por um casal que o
adota e o dá um nome: Benjamin. Benjamin Button.
Ao contrário do que se imaginava, Benjamin sobrevive aos
primeiros dias e, com o passar dos anos, percebe-se o mais improvável dos
eventos a seu respeito: ele não envelhece, mas fica mais jovem dia após dia.
Então acompanhamos a vida de Benjamin Button,
interpretado por Brad Pitt, correndo em contagem regressiva, no passar dos
anos: as amizades que cultivou, as viagens que fez, os amores que abandonou,
todas as pessoas que conheceu e que o conheceram e, principalmente, todas as
histórias que as pessoas tinham a contar a seu respeito.
Descobrimos pouco a pouco através do diário da personagem
Daisy, interpretada por, cronologicamente, Elle Fanning e Cate Blanchett, lido
nos dias atuais por sua única filha. O diário conta como Daisy conheceu e se
apaixonou por um homem que ficava cada dia mais jovem e como isso a afetou.
Além de narrar eventos históricos ocorridos quase que exclusivamente naquele
universo tirado das páginas dos livros do imaginativo F. Scott Fitzgerald.
Benjamin Button é um assombro visual, cenários fantasticamente
criados digitalmente, maquiagens totalmente críveis que rejuvenescem e
envelhecem meia dúzia de vezes os mesmos atores, uma história fascinante e
genial, fabulosamente narrada pelo sempre competente (para não dizer genial)
David Fincher.
O filme acaba e o expectador está tão inebriado quanto
destruído, envolto naquela tão fantástica quanto impossível, mas ao mesmo tempo
tão bem contada que até parece real. Um ritmo perfeitamente lento,
perfeitamente dosado, feito para ser visto de uma única vez, quantas vezes forem
necessárias. É uma história que simplesmente não envelhece, beira os 100 anos e
não perde um único dia.
É mais um praquela lista de filmes que preciso ver ao
menos uma vez por ano.
Se você não viu ainda, precisa ver, precisa se dar esse
presente. Benjamin Button é uma viagem fantástica, tão bom ou melhor que seu
companheiro de contação de histórias, Forrest Gump.
Um clássico moderno.
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Um dos filmes mais originais e que mais me fizeram pensar na vida. Genial. Quando assisti lembrei-me de uma oratória que Chico Anisio fez no fantástico que falava que o ideal do homem era justamente o contrário nascer velho e morrer dentro do ventre da mãe sensacional.
ResponderExcluirhttp://globotv.globo.com/rede-globo/fantastico/v/relembre-a-cronica-de-chico-anysio-sobre-a-reinvencao-da-vida/1873837/