segunda-feira, dezembro 02, 2013

M.M.C.: Minhas Músicas Clássicas - Parte 01

Dia 337.

"A música não exprime nunca o fenômeno, mas unicamente a essência íntima de todo o fenômeno, numa palavra a própria vontade. Portanto não exprime uma alegria especial ou definida, certas tristezas, certa dor, o medo, os transportes, o prazer, a serenidade do espírito; exprime-lhes a essência abstrata e a geral, fora de qualquer motivo ou circunstância. E todavia nessa quinta essência abstrata, sabemos compreendê-la perfeitamente." - Arthur Schopenhauer

Nenhuma realização humana consegue me cativar tão intensamente quanto a música. Minha vida nada seria sem ela; e, se algum dia, eu pudesse levar algo de minha vida além do amor que sinto pelos meus filhos, eu queria poder ficar com as sensações que a música me traz.

Mas não é qualquer música. É preciso ser especial, ativar as chaves certas, sabe? Ela precisa se entranhar na carne, ser transportada pelo sangue, penetrar na medula dos ossos e reverberar na alma. Ela precisa ser preenchida de verdade, ter valor, vir tão plena de significados que permita ao ouvinte/amante perder-se nesta névoa/oceano sem desejo de voltar.

Aí temos a Música Clássica, uma paixão de criança. Não, não estou querendo pagar de prodígio. Eu realmente curtia, mas ainda sem a profundidade que surgiu com o passar do tempo. Então, no fim de minha adolescência ganhei um professor que me transformou de admirador em amante de Música Erudita: Artur da Távola, que nos deixou em 2008. Desde então, o vazio que ficou nunca foi preenchido. Uma de suas frases, em particular, me marca até hoje: "Música é vida interior, e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão.".


Dedico então esta série de posts a este homem que foi amante de música até o último de seus dias.

Antes de mais nada, quero esclarecer que está longe de minhas pretensões ser um crítico de música. Eu sou um amante - cego, apaixonado, ignorante e meio rústico. Assim sou, assim me apresento.

1. Sonata Ao Luar (Sonata para piano n.º 14) - Beethoven.

Quem já se quedou impressionado pela beleza do luar sabe do que esta música fala. A quantidade exata de amor e solidão, medidas em sofrimento e ternura...



2. Bolero - Maurice Ravel

Camadas. Crescendo. Uma tempestade que se forma, uma ventania, uma violência suave ou uma suave violência? Campos verdejantes, um lago azul sob um céu claro, a grama verde e úmida e macia...

Camadas e mais camadas.



3. Adágio (Adágio em sol menor para violino, cordas e órgão)- Tomaso Albinoni

Esta sempre me traz lágrimas aos olhos. Navegar em um rio plácido sob a luz do ocaso, sozinho, enquanto se busca um simples sentido na vida e uma maneira sensata e serena de enfrentar a sombra da morte...

Ah...


4. Noturno em Mi-bemol maior, Op. 9, No. 2 - Frederic Chopin

Esta é uma música muito querida por mim, pois embalou meus filhos em sua época de bebês. Temos - eu e eles - uma identificação e um apreço muito grandes por ela, por sua suavidade e sinceridade - e por sua crua verdade subjacente. Há mais cores do que conseguimos enxergar.


5. Nessun Dorma - Giacomo Puccini

Lágrimas. Não há outra opção. O corpo pede arrego, o orgulho, o ego. Tudo cede perante a voz do Príncipe Desconhecido, Caláf, num êxtase incontrolável. A beleza desta peça é tanta que chega a ser indescritível. Sem falar nos arrepios. Ela vai fundo, buscar sentimentos que você não sabia que tinha... e as lágrimas vêm e te lavam de dentro para fora.

Apenas experimente.


Fico por aqui. Em breve teremos a continuação da série.

Longos dias e belas noites.

P.S.: Dedico esta postagem a os meus alunos, que volta e meia estão comigo em sala de aula compartilhando os sentimentos enquanto escutamos estas músicas. Obrigado, meus queridos.



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