Dia 313
Peter Gabriel é um cantor britânico nascido em 1950 que,
durante alguns anos liderou o grupo de Rocc progressivo Genesis. Apesar do
sucesso do Genesis, Gabriel atingiu o ápice de seu sucesso quando iniciou sua
carreira solo.
Temos nesse primeiro parágrafo todos os elementos e as
informações necessárias para entender Scratch My Back, o disco de covers do
cantor. E todas essas informações e elementos podem ser condensados em uma
única palavra: britânico.
Scratch My Back é todo o ressentimento, a mágoa, a dor e
a tristeza de um ser humano britânico transformado em música.
Nele Gabriel faz uma seleção de músicas totalmente
aleatórias, do pop ao rock britânico, passando pelo indie e pelo folk
underground e dá a todas elas um elemento em comum: a vontade de morrer ao se
ouvir. A vontade de acabar com apropria vida, de dar o fora desse mundo. Aqui
Gabriel demonstra sua incrível capacidade de acabar com toda a esperança de qualquer
um, de dar um basta, de enxergar o mundo de uma forma amarelada e doente...
Gabriel se mostra quase um dementador.
Não, isso não é uma crítica, muito pelo contrário. É
muito difícil, principalmente em dias atuais, encontrar um artista que consiga passar
emoção. Emoção verdadeira, não essas bobagens de amor eterno ou paixões não
correspondidas de adolescentezinhos revoltados. Sentimento no mais amplo
sentido da palavra, seja ele qual for: amor, solidão, raiva, tristeza, seja ele
bom ou ruim.
Entenda, você não vai ouvir Scratch My Back e se debulhar
em lágrimas, simplesmente vai querer caminhar sorrindo para o penhasco mais
próximo e se jogar de lá.
Interessante também é a setlist, as músicas que Gabriel
escolheu para compor essa peça. Normalmente, em discos do tipo, os artistas escolhem
o que há de mais clássico e consagrado para dar sua versão. Aqui não, Gabriel
pegou muita coisa nova, muita coisa desconhecida e mesmo o que há de mais
antigo foge bastante ao clássico. O que, ao mesmo tempo, desaponta e empolga.
Quem aí não gostaria de ouvir Gabriel cantando clássicos como, sei lá, Highway
to Hell? Por outro lado, sendo um fã incondicional de música indie, fiquei
fascinado com os deprimidos cover de My Body is a Cage e Street Spirit.
Scratch My Back é tudo isso: deprimente, decepcionante,
empolgante, conflituoso, clássico, velho, diferente, inovador... Uma salada de
sensações, todas horríveis e fantásticas, que te fazem querer parar.
Simplesmente parar. Quando você der play na primeira música, automaticamente
começará a chover e todos os pássaros vão perder a vontade de cantar.
Tire os objetos pontiagudos das proximidades e deguste a
dor e a melancolia alheias e, mais importante de tudo, não ouça em dias
felizes...
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