Dia 295
Pirates of Silicon Valley -1999
Dir: Martyn Burke
Elenco: Anthony Michael Hall, Noah Wyle, Joey Slotnick
Há uma tendência histórica a canonizar canalhas. Desde os primórdios os tempo, desde que se tem notícias e documentos que as comprovem, as mais deploráveis e questionáveis figuras tem sido transformadas em heróis. Recentemente foi a vez do “visionário”, do “genial”, do “revolucionário” Steve Jobs e é sobre ele que falarei. Não, não é sobre o filme do Ashton Kutcher, ele até já foi comentado por aqui pelo camarada Giovanildo. É sobre o angustiante e duvidoso Piratas do Vale do Silício.
Eu nutro uma raiva enorme desse filme. Por uma série de
fatores. Primeiro: como cinema ele não presta por não possuir um mínimo de
qualidade técnica. Segundo: como documento ele não pode ser levado a sério por
não possuir um mínimo de comprometimento com a verdade ou com qualquer parte
dela. Ele escolhe um lado e o defende tendenciosamente de forma totalmente
maniqueísta. E terceiro: em todo e qualquer curso de informática no qual você
se envolva direta ou indiretamente, tenha certeza, em algum ponto vão exibir
essa bomba pra você.
Eu já devo ter visto “Piratas” contra minha vontade umas
seis ou sete vezes. Da terceira em diante eu desisti, deixei pra lá, abri mão
do meu código de ética de não fazer uso de aparelho celular em sala de aula,
comecei a jogar Angry Birds despudoradamente. Da primeira vez, na qual
acompanhei com até bastante curiosidade, fiquei um tanto chocado pela falta de
qualidade e comprometimento e pela forma como as pessoas tratam essa pérola
como eu trato Pulp Fiction (o melhor filme do mundo).
Pra quem não sabe, nunca teve na vida uma aula de
informática básica e nunca viu essa bomba, vai uma sinopse breve: Piratas conta
a história de como Steve Jobs, da garagem de sua casa, conseguiu erguer a empresa
mais valiosa do Mundo (obrigado, camundongo da Coca-Cola) e como o maléfico Bill
Gates roubou suas ideias para pôr em prática seu plano maligno de dominação
mundial.
Certo, eu não sou um grande fã da maçã, uso Windows e bebo
Coca-Cola. Ok. Mas não é disso que eu estou falando, estou colocando de lado
meu sentimentalismo e minha preferência e analisando o filme como filme. E como
tal, eu repito, ele não presta.
Digo isso pela incapacidade do diretor Martyn Burke fazer
bons filmes. Basta olhar no currículo do sujeito, não há nada que se salve. Par
se ter ideia, Piratas é o mais próximo de “cinema” como o conhecemos que há em
sua filmografia.
Também não sou um apaixonado pelo Jobs e, sim, eu o
chamei de canalha no início do texto, mas não nutro nenhum tipo de animosidade
contra sua figura. O meu problema é com a forma como ele é retratado em
Piratas, como um adorável canalha, como alguém detestável, mas suscetível a
redenção, como um novo messias. Não é como aconteceu com Mark Zuckerberg em A
Rede Social (apesar de que é perigoso colocar a obra de David Fincher e de um
incapaz como Martyn Burke em um mesmo texto). No filme do diretor David Fincher
o protagonista é um cretino, é retratado como tal e é dada a opção ao
expectador de se apegar ou não à sua personagem, mesmo com todos os seus
problemas e suas falhas morais.
Aqui não! Há um herói, mas que é humano o suficiente para
falhar e fraquejar, e há um vilão, este implacável, maquiavélico e inescrupuloso.
E essa temática percorre todos os intermináveis 95 minutos de projeção.
Aí vem você dizendo “ah, mas vale pelas atuações!”
Não vale. Não vale, elas são terríveis. Tudo é terrível
aqui. E pensar que é um filme de 1999, o mesmo ano de Matrix, Clube da Luta,
Beleza Americana, Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma! Tá, exagerei.
Enfim, essa provavelmente foi minha análise mais pessoal,
emocional e tendenciosa, mas eu realmente odeio essa desgraça e venho aqui
apelar publicamente aos professores de informática de todo o Brasil: parem de
exibir essa desgraça em sala de aula. Esse filme é ruim, é confuso, é mal feito
e todo mundo já viu! Chega disso!
Não gastemos luas com isso, ok?
Me chamou a atenção o trailer e então eu decidi acho que é um filme muito divertido. Também me faz lembrar de uma série chamada Silicon Valley e aborda todo o tema do mundo da tecnologia, mas de uma visão cômica, agradável e engraçado.
ResponderExcluir