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Olá gente!
Saudades da galera do 01pordia, Michel, Felipe, Assis, enfim dei um tempo por
aqui devido a problemas técnicos. Hoje decidi resenhar sobre um filme super e
mega importante para a história cinematográfica, é um filme que está no meu Top
10 Cinema, desde seu lançamento causou um grande impacto na cultura mundial.
Tenho uma lista de uns vinte filmes que estão na lista de preferência para
criticar, mas como sempre descubro novas películas alguns vão ficando atrás, no
entanto decidi resgatar O
Silêncio dos Inocentes.
Nos tempos
atuais, tempos de violência a
la Pulp Fiction, em que os
termos sociopatia, transtornos de personalidades, psiquiatria clínica avançada
e ciência do comportamento estão em alta em termos de estudo, vários filmes já
retrataram a vida de um psicopata. Porém nenhum filme retratou de uma forma tão
bela, poética, impactante e transgressiva a mente de um,
transformando o sentimento de repulsa por admiração. Creio que todo cinéfilo
sente pelo Dr. Hannibal Lecter um misto de admiração pelo
diferente, digamos grotesco. Mas para aqueles que ainda não conhecem tão
admirável figura e ainda não tiveram o prazer de assistir o filme, vamos as
considerações iniciais, lhes explico quem é o personagem em questão.
The
Silence of the Lambs (O Silêncio dos Inocentes) é um filme de produção americana
do ano de 1991; Foi dirigido por Jonathan
Demme e é estrelado por Jodie Foster, Anthony
Hopkins, Ted Levine e Scott Glenn.
É baseado no romance homônimo de 1988 escrito por Thomas Harris, é o segundo livro a apresentar Hannibal
Lecter, um psiquiatra assassino em série, chamado o canibal, o primeiro livro
que aparece é Dragão
Vermelho. Foi o terceiro
filme a ganhar o Oscar em cinco categorias: melhor filme, melhor ator, melhor
atriz, melhor diretor e melhor roteiro adaptado; também foi indicado a Globos
de Ouro e outros prêmios.
As primeiras
cenas do filme concernem da bela estudante Clarice
Starling (Jodie Foster), uma
aspirante a um comando mais alto no Federal
Bureau of Investigation – FBI, fazendo
uma corrida matinal por uma floresta sombria e espessa, Clarice está afogueada (para quem leu o
livro reconhecerá está palavra muito bem), se exercitando como se sentisse
preparar-se para uma guerra. Guerra esta que está bastante próxima e que a
própria irá travar colocando toda sua coragem em prática. No mundo do FBI, onde
todo o universo é bastante masculino, ela tenta mostrar todo seu potencial
investigativo e expor que mulher também sabe atirar, lutar e sumariamente
investigar. Sua grande oportunidade surge quando Jack Crawford (Scott Glen), um agente poderoso
do FBI, a designa para refazer testes psicológicos com o terrível Dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), o canibal.
Lecter é um psiquiatra que foi preso e
condenado por matar e comer, sim meus caros, alguns de seus pacientes, o doutor
tem um imenso apreço pelo gosto da carne humana, matou nove pessoas até onde se
pode provar. Hannibal é um exímio manipulador da mente
humana, descobre detalhes bastante obscuros de quem lhe interessa e capta no
olhar quaisquer resquícios impetuosos dos outros e os utiliza a seu favor. O
problema é que Hannibal nunca se deixa avaliar-se e não
concede nenhuma palavra a ninguém, até surgir à determinada Clarice Starling, ele vê e sente algo diferente em
relação a estudante e se inicia uma relação diferente, que ele chama de quid pro quo – algo em troca de algo. A cadete
então vai à prisão-hospital encontrar o canibal, meio receosa, para chegar a
cela do canibal, ela tem que passa por um extenso corredor onde se encontram
diversas celas abrigando vários criminosos. O primeiro encontro é tenso, há um
medo no ar, mesmo assim Clarice inicia sua inflexão e Hannibal a concede palavras e palavras,
diálogos raros.
Isso deixa o
diretor do hospital furioso – um ambicioso médico que sempre tentou avaliar Lecter – e faz de tudo para surgir na
imprensa com novas avaliações sobre o serial killer. Mesmo assim Clarice burla as cantadas do diretor e
segue com suas avaliações, a partir daqui ela e Hannibal terão alguns encontros com o
intuito de conseguir com que este revele e ajude a desvendar o mistério atrás
de outro serial killer, Bufallo
Bill. Um psicopata que matou
cinco mulheres, todas com determinadas partes do corpo sem pele, a pele tirada
de maneira profissionalmente cirúrgica, para ser utilizada para um propósito
bastante exótico, é no mínimo doentio. E o filme retrata muito bem esta
sensação de repulsa quando Clarice observa as fotos das vítimas na
parede do escritório de Jack
Crawford, cada mulher com um
pedaço de pele faltando, é arrepiante, sinistro.
Pois bem,
daqui não posso passar, o filme tem muito a se descobrir, o único detalhe que
chamo a atenção meus amigos, é a forma exótica com que Bufallo Bill (Ted Levine) marca suas vítimas, cada uma
carrega uma mariposa caveira na garganta. Aliás, procurem na
internet sobre esta rara espécie, é linda, magnificamente bela. Com as charadas
do doutor canibal e sua determinação, Clarice corre contra o tempo para que Bill não mate a sua sexta vítima, que é
filha de uma importante senadora americana. Com o sequestro da filha de uma
senadora as investigações deste rapto ganham redobrada atenção tanto do FBI quanto
da imprensa. Aliado a toda esta sinopse de ação e suspense há a poesia por trás
dos personagens centrais, cada um com suas peculiaridades e problemas pessoais,
o filme não cai na mesmice por isso, cria um diferencial, drama.
Jonathan Demme soube dirigir o filme de
forma prestigiosa, a maneira com que conduziu a adaptação do livro para um
roteiro cinematográfico bem elaborado, realmente tal feito é digno de admiração.
Apesar de ter alguns sucessos em sua filmografia, nenhum repetiu a mesma
repercussão que The Silence of the Lambs,
afinal por este trabalho ganhou o Oscar de melhor diretor. A fotografia
também é um dos pontos chaves da película, o ambiente enevoado mesclado com
cores acres, cremes e cinzas nos transcende ao sombrio e sinistro. E por sua
vez o vermelho nos traz a conotação famosa de morte e sadismo, o vermelho
sempre presente nas cenas em que Dr.
Hannibal faz jus a sua alcunha de doutor canibal.
Aliás, as
cenas de canibalismo são suportáveis, são cenas que nos rememoram a psicopatia
de Lecter, nos mostrando que
psicopatas não são recuperáveis. Não são cenas que nos dão nojo, no mínimo
ficamos admirados pela animalidade do doutor, mas não passa de observar o
grotesco. Aqui não é um filme apelativo, está muito longe disso, é uma
obra-prima, não é cinema exploitation (é
o cinema apelativo que abusa de efeitos especiais, sensacionalista; vide o
filme polêmico Cannibal Holocaust – assisti uma vez para nunca mais, chocante).
No mesmo momento que você o vê sendo um exímio cavalheiro tudo desmorona ao
vermos a sua verdadeira natureza.
Jodie Foster surge no auge de sua
juventude com uma beleza leve, mas com pontos de determinação que expõe em sua Clarice, e seu talento foi reconhecido
com louvor com tal interpretação. Scott
Glen é um veterano do cinema que sabe o que faz, compõe cada personagem na
medida certa, dá o tom certo a um Jack
Crawford com aflições e anseios. Ted
Levine dá vida a um psicopata com sérios problemas, transtornos causados
por um ambiente hostil, há cenas impecáveis e impressionantes dele. Mas o que falar de
Anthony Hopkins? Creio que o máximo
do melhor. Simplesmente se consagrou como um dos maiores atores de sua geração,
a impecabilidade com que atua, com que nos mostra uma expressão vazia como arma
de camuflagem a bincar de quid pro quo.
O romance
implícito entre Clarice Starling e
Hannibal Lecter é exposto de forma sutil e bem poética, formando assim uma
espécie de cumplicidade entre os dois, o filme nos faz ter uma pontinha de
entusiasmo para que os dois fiquem juntos ou que esclareçam o sentimento que os
norteia. A favor disto, há uma cena belíssima dos dois em seu último
encontro, Lecter sentado em uma cela
improvisada, como se fosse uma gaiola, e Clarice
do lado de fora o observando entre as barras, titubeando os olhos azuis
zombeteiros do doutor. O encontro era clandestino, ela foi por sua conta a
risco, ao ser descoberta ela é retirada à força de seu encontro, ao ver isto Lecter a entrega uma pasta de
investigação sobre Bufallo Bill, ela ao pegar a pasta de volta o olha. Ao
fazerem esta troca de olhares, os dedos indicadores dos dois se tocam, e tal
toque reflete no interior dos dois, é uma cena belíssima, vocês precisam
assistir! Aquele toque refletiu-se nos olhos dele. -Obrigado,
Clarice. -Obrigada, Dr. Lecter. E assim ficou ele na memória de Clarice.
Flagrado no instante em que não estava
zombando.
O Silêncio dos Inocentes constitui uma obra-prima
definitiva do cinema, é um filme para nunca ser esquecido e creio que
dificilmente isso ocorrerá, afinal, clássico de verdade nunca envelhece ele
perpassa as areias do tempo. Hannibal e
Clarice são personagens complexos cada um com seu particular, mas mostram e
transgredem muito do mundo real que nos rodeia. A história do doutor canibal
ganhou continuação no cinema, Hopkins continuou
com sua atuação magnífica, já Foster decidiu
não seguir em frente por não concordar com os rumos de sua personagem, fez
falta! Recomendo nota máxima, assistam livremente e se surpreendam!
Bjosss! Até a próxima!
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