terça-feira, outubro 29, 2013

O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs) 1991 – Um Mega Clássico de Imenso Impacto Cultural

P.26 – D.302

Olá gente! Saudades da galera do 01pordia, Michel, Felipe, Assis, enfim dei um tempo por aqui devido a problemas técnicos. Hoje decidi resenhar sobre um filme super e mega importante para a história cinematográfica, é um filme que está no meu Top 10 Cinema, desde seu lançamento causou um grande impacto na cultura mundial. Tenho uma lista de uns vinte filmes que estão na lista de preferência para criticar, mas como sempre descubro novas películas alguns vão ficando atrás, no entanto decidi resgatar O Silêncio dos Inocentes.
Nos tempos atuais, tempos de violência a la Pulp Fiction, em que os termos sociopatia, transtornos de personalidades, psiquiatria clínica avançada e ciência do comportamento estão em alta em termos de estudo, vários filmes já retrataram a vida de um psicopata. Porém nenhum filme retratou de uma forma tão bela, poética, impactante e transgressiva a mente de um, transformando o sentimento de repulsa por admiração. Creio que todo cinéfilo sente pelo Dr. Hannibal Lecter um misto de admiração pelo diferente, digamos grotesco. Mas para aqueles que ainda não conhecem tão admirável figura e ainda não tiveram o prazer de assistir o filme, vamos as considerações iniciais, lhes explico quem é o personagem em questão.
The Silence of the Lambs (O Silêncio dos Inocentes) é um filme de produção americana do ano de 1991; Foi dirigido por Jonathan Demme e é estrelado por Jodie FosterAnthony HopkinsTed Levine e Scott Glenn. É baseado no romance homônimo de 1988 escrito por Thomas Harris, é o segundo livro a apresentar Hannibal Lecter, um psiquiatra assassino em série, chamado o canibal, o primeiro livro que aparece é Dragão Vermelho. Foi o terceiro filme a ganhar o Oscar em cinco categorias: melhor filme, melhor ator, melhor atriz, melhor diretor e melhor roteiro adaptado; também foi indicado a Globos de Ouro e outros prêmios.
As primeiras cenas do filme concernem da bela estudante Clarice Starling (Jodie Foster), uma aspirante a um comando mais alto no Federal Bureau of Investigation – FBI, fazendo uma corrida matinal por uma floresta sombria e espessa, Clarice está afogueada (para quem leu o livro reconhecerá está palavra muito bem), se exercitando como se sentisse preparar-se para uma guerra. Guerra esta que está bastante próxima e que a própria irá travar colocando toda sua coragem em prática. No mundo do FBI, onde todo o universo é bastante masculino, ela tenta mostrar todo seu potencial investigativo e expor que mulher também sabe atirar, lutar e sumariamente investigar. Sua grande oportunidade surge quando Jack Crawford (Scott Glen), um agente poderoso do FBI, a designa para refazer testes psicológicos com o terrível Dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), o canibal.

Lecter é um psiquiatra que foi preso e condenado por matar e comer, sim meus caros, alguns de seus pacientes, o doutor tem um imenso apreço pelo gosto da carne humana, matou nove pessoas até onde se pode provar. Hannibal é um exímio manipulador da mente humana, descobre detalhes bastante obscuros de quem lhe interessa e capta no olhar quaisquer resquícios impetuosos dos outros e os utiliza a seu favor. O problema é que Hannibal nunca se deixa avaliar-se e não concede nenhuma palavra a ninguém, até surgir à determinada Clarice Starling, ele vê e sente algo diferente em relação a estudante e se inicia uma relação diferente, que ele chama de quid pro quo – algo em troca de algo. A cadete então vai à prisão-hospital encontrar o canibal, meio receosa, para chegar a cela do canibal, ela tem que passa por um extenso corredor onde se encontram diversas celas abrigando vários criminosos. O primeiro encontro é tenso, há um medo no ar, mesmo assim Clarice inicia sua inflexão e Hannibal a concede palavras e palavras, diálogos raros.
Isso deixa o diretor do hospital furioso – um ambicioso médico que sempre tentou avaliar Lecter – e faz de tudo para surgir na imprensa com novas avaliações sobre o serial killer. Mesmo assim Clarice burla as cantadas do diretor e segue com suas avaliações, a partir daqui ela e Hannibal terão alguns encontros com o intuito de conseguir com que este revele e ajude a desvendar o mistério atrás de outro serial killer, Bufallo Bill. Um psicopata que matou cinco mulheres, todas com determinadas partes do corpo sem pele, a pele tirada de maneira profissionalmente cirúrgica, para ser utilizada para um propósito bastante exótico, é no mínimo doentio. E o filme retrata muito bem esta sensação de repulsa quando Clarice observa as fotos das vítimas na parede do escritório de Jack Crawford, cada mulher com um pedaço de pele faltando, é arrepiante, sinistro.
Pois bem, daqui não posso passar, o filme tem muito a se descobrir, o único detalhe que chamo a atenção meus amigos, é a forma exótica com que Bufallo Bill (Ted Levine) marca suas vítimas, cada uma carrega uma mariposa caveira na garganta. Aliás, procurem na internet sobre esta rara espécie, é linda, magnificamente bela. Com as charadas do doutor canibal e sua determinação, Clarice corre contra o tempo para que Bill não mate a sua sexta vítima, que é filha de uma importante senadora americana. Com o sequestro da filha de uma senadora as investigações deste rapto ganham redobrada atenção tanto do FBI quanto da imprensa. Aliado a toda esta sinopse de ação e suspense há a poesia por trás dos personagens centrais, cada um com suas peculiaridades e problemas pessoais, o filme não cai na mesmice por isso, cria um diferencial, drama.

Jonathan Demme soube dirigir o filme de forma prestigiosa, a maneira com que conduziu a adaptação do livro para um roteiro cinematográfico bem elaborado, realmente tal feito é digno de admiração. Apesar de ter alguns sucessos em sua filmografia, nenhum repetiu a mesma repercussão que The Silence of the Lambs, afinal por este trabalho ganhou o Oscar de melhor diretor. A fotografia também é um dos pontos chaves da película, o ambiente enevoado mesclado com cores acres, cremes e cinzas nos transcende ao sombrio e sinistro. E por sua vez o vermelho nos traz a conotação famosa de morte e sadismo, o vermelho sempre presente nas cenas em que Dr. Hannibal faz jus a sua alcunha de doutor canibal.
Aliás, as cenas de canibalismo são suportáveis, são cenas que nos rememoram a psicopatia de Lecter, nos mostrando que psicopatas não são recuperáveis. Não são cenas que nos dão nojo, no mínimo ficamos admirados pela animalidade do doutor, mas não passa de observar o grotesco. Aqui não é um filme apelativo, está muito longe disso, é uma obra-prima, não é cinema exploitation (é o cinema apelativo que abusa de efeitos especiais, sensacionalista; vide o filme polêmico Cannibal Holocaust – assisti uma vez para nunca mais, chocante). No mesmo momento que você o vê sendo um exímio cavalheiro tudo desmorona ao vermos a sua verdadeira natureza.
Jodie Foster surge no auge de sua juventude com uma beleza leve, mas com pontos de determinação que expõe em sua Clarice, e seu talento foi reconhecido com louvor com tal interpretação. Scott Glen é um veterano do cinema que sabe o que faz, compõe cada personagem na medida certa, dá o tom certo a um Jack Crawford com aflições e anseios. Ted Levine dá vida a um psicopata com sérios problemas, transtornos causados por um ambiente hostil, há cenas impecáveis e impressionantes dele. Mas o que falar de Anthony Hopkins? Creio que o máximo do melhor. Simplesmente se consagrou como um dos maiores atores de sua geração, a impecabilidade com que atua, com que nos mostra uma expressão vazia como arma de camuflagem a bincar de quid pro quo.

O romance implícito entre Clarice Starling e Hannibal Lecter é exposto de forma sutil e bem poética, formando assim uma espécie de cumplicidade entre os dois, o filme nos faz ter uma pontinha de entusiasmo para que os dois fiquem juntos ou que esclareçam o sentimento que os norteia. A favor disto, há uma cena belíssima dos dois em seu último encontro, Lecter sentado em uma cela improvisada, como se fosse uma gaiola, e Clarice do lado de fora o observando entre as barras, titubeando os olhos azuis zombeteiros do doutor. O encontro era clandestino, ela foi por sua conta a risco, ao ser descoberta ela é retirada à força de seu encontro, ao ver isto Lecter a entrega uma pasta de investigação sobre Bufallo Bill, ela ao pegar a pasta de volta o olha. Ao fazerem esta troca de olhares, os dedos indicadores dos dois se tocam, e tal toque reflete no interior dos dois, é uma cena belíssima, vocês precisam assistir! Aquele toque refletiu-se nos olhos dele. -Obrigado, Clarice. -Obrigada, Dr. Lecter. E assim ficou ele na memória de Clarice. Flagrado no instante em que não estava zombando.


O Silêncio dos Inocentes constitui uma obra-prima definitiva do cinema, é um filme para nunca ser esquecido e creio que dificilmente isso ocorrerá, afinal, clássico de verdade nunca envelhece ele perpassa as areias do tempo. Hannibal e Clarice são personagens complexos cada um com seu particular, mas mostram e transgredem muito do mundo real que nos rodeia. A história do doutor canibal ganhou continuação no cinema, Hopkins continuou com sua atuação magnífica, já Foster decidiu não seguir em frente por não concordar com os rumos de sua personagem, fez falta! Recomendo nota máxima, assistam livremente e se surpreendam!

Bjosss! Até a próxima!



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