segunda-feira, outubro 07, 2013

Círculo de Fogo

280
Pacific Rim - 2013
Dir: Guillermo Del Toro
Elenco: Idris Elba, Charlie Hunnam, Rinko Kikuchi

Caramba, como começar a escrever sobre Pacific Rim? O filme mais impactante e empolgante dos últimos... 70 anos! Pode-se dizer que é a Mona Lisa manchada de óleo do diretor Guillermo Del Toro? Acho que sim.
Acompanha.
Um dia eles emergiram do mar: os kaiju. Monstros gigantes, criaturas alienígenas de proporções colossais que surgiram de uma fenda no fundo do Pacífico (daí o título original, A Fenda do Pacífico). Eles vieram à terra, destruíram cidades, puseram o mundo abaixo. Eles mataram mais pessoas que qualquer guerra já foi capaz de matar. Quando o primeiro deles surgiu, só foi derrotado seis dias depois, após matar milhares de pessoas e destruir cerca de 60 quilômetros de cidades. Então, quando o mundo acreditou estar à salvo da gigantesca ameaça, um novo colosso surgiu e, mais uma vez o pânico, se espalhou. E o terceiro, o quarto...
Chegou num momento em que a humanidade percebeu que não era mais possível reagir. Era necessário agir.
E para combater a ameaça kaiju, o governo dos EUA decide contra-atacar
construindo robôs tão monstruosos quanto as próprias criaturas que combateriam. Os chamados jaegers, alemão para “caçador” (pronuncia-se yêguér) são máquinas absurdamente grandes pilotadas por seres humanos. Em cada Jaeger vão dois pilotos que precisam de uma sincronia mental inabalável para dar conta dos movimentos da máquina. Esses pilotos precisam ser treinado física e psicologicamente de forma que a sincronia com os parceiros e com a própria máquina não fritem suas cabeças.
Dois desses pilotos mais famosos são os irmãos Yancy e Raleigh Becket, que pilotam o majestoso Gipsy Danger (todos os robôs do filme tem nomes escrotíssimos, tipo Striker Eureka, Coyote Tango, Cherno Alpha) e já abateram pelo menos quatro monstros aos quais foram designados. O filme começa com a preparação para o seu quinto combate, antes do qual é mostrado todo o procedimento de sincronia cerebral, o chamado “aperto de mão neural”, processo pelo qual os pilotos passam para sincronizar seus cérebros e dividir a carga neural de se controlar um robô de quase 100 metros de altura. Após esse procedimento, sem mais delongas, Gipsy Danger ruma, pendurado a helicópteros, para seu campo de batalha no meio do pacífico, onde encontra seu inimigo: um gigantesco monstro alienígena recém saído da fenda, pronto para matar qualquer coisa que se mova à sua frente.
Mas os irmãos Becket não estão para brincadeira, essa não é sua primeira e nem será sua última batalha. Ao menos é o que se pensa: os irmãos são massacrados em combate, Yancy é devorado pela abominação e resta a Raleigh dar conta sozinho da criatura assassina e, em seguida, guiar o que sobrou do desmembrado Gipsy Danger para uma praia onde poderá ser resgatado.
E assim começa Pacific Rim: em um momento de desespero onde a humanidade enfrenta a desolação de ter seus dias sobre a superfície contados como espécie dominante. Onde nossa única esperança contra os monstros reside nas mãos de nossos próprios monstros e dos homens que os controlam.
Cinco anos depois, descobrimos que o programa Jaeger foi um fracasso e que o governo vai deixar de investir nele para construir uma barreira isolando a humanidade do oceano, deixando aquele território para os monstros, com a desculpa de que a muralha é intransponível e de que as pessoas, desde que fiquem atrás dela, estarão perfeitamente seguras. O que não é verdade. Na primeira oportunidade que tem, um dos monstros (que são classificados por categoria numérica, indo do 1 até o 4) derruba a barreira e é impedido antes que cause um estrago maior por um Jaeger que estava nas redondezas.
E é nesse momento que o Marechal Stacker Pentecost (Idris ‘Motherfucker’ Elba) decide acabar com a festa kaiju com ou sem ajuda governamental, lançando seus melhores pilotos e seus últimos jaegers em uma ação suicida que deverá encerrar de uma vez por todas com a ameaça kaiju.
Pacific Rim não é o tipo de coisa que se deve assistir esperado por reflexões filosóficas, crises existenciais ou roteiros extremamente profundos, muito menos cientificamente embasados. Se você se propõe a assistir um filme onde robôs e monstros caem na porrada pelo controle do planeta, saiba o que esperar: robôs e monstros caindo na porrada pelo controle do planeta. E é nisso que mora o espírito de PR, na pancadaria. É uma pancadaria épica como nunca antes foi vista na história do cinema. E digo isso literalmente, sem exageros! É uma coisa descomunal, inacreditável e totalmente real. E o mais fantástico: as batalhas são perfeitamente compreensíveis, não parecem aquela suruba metálica da série Transformers. Isso se deve ao fato de os robôs e os monstros terem um peso, o que dá uma credibilidade imensa às batalhas. Eles são monstros metálicos do tamanho de prédios de 60 andares e eles se movem como tal, eles lutam como tal. Eles tem um peso inimaginável e isso interfere na batalha, na movimentação dos gigantescos megazords! Eles são lentos, eles andam devagar, seus golpes demoram a ser deflagrados e isso coloca o expectador em uma posição nunca antes vista. Ao mesmo tempo em que os monstros se veem na mesma condição: criaturas espalhafatosas, incrivelmente reais, que se movem ameaçadoramente, que destroem tudo o que há pela frente.


E o duelo dessas forças só se torna mais arrebatador a cada golpe, principalmente quando o golpe é em um Jaeger. Tenho de confessar, há muito tempo eu não me importava tanto com um protagonista quanto me importei com o bonitão do pôster de Pacific Rim: o robô Gipsy Danger. Não se engane (nem pense que sou gay), o protagonista do longa não é o filho da anarquia Charlie Hunnam, é a máquina! O mais impressionante dos combates são os momentos em que as máquinas são atingidas. O visual, o peso, a edição de som, as câmeras, tudo faz acreditar que a pancada desferida causou um dano e que aquilo doeu no Jaeger. Chega a dar pena dos bichos. Você se vê torcendo pelo megazord, se vê sofrendo a cada golpe.
Até por que o robozão é infinitamente mais carismático que seu piloto. Apesar disso, mesmo sendo um ator tão fantástico quanto um Chanin Tatum, Hunnam cumpre seu papel e até evolui ao decorrer da trama.
Outra coisa que torna as batalhas ainda mais verossímeis é a iluminação: o diretor Guillermo Del Toro (Hellboy, O Labirinto do Fauno) não esconde nada: nem monstros, nem robôs. Tudo é feito em lugares iluminados, muitas vezes à luz do dia em uma fotografia cristalina. Nada é filmado nas sombras e mesmo as tomadas noturnas são bem visualizadas por conta do colorido dos corpos dos monstros. É fenomenal.
Já a destruição causada pelas duas facções, que incomodou a algumas pessoas, é não só inevitável como absolutamente justificável: os jaegers são tão destrutivos quanto os kaiju? Sim, mas não fossem eles controlando a situação, a humanidade não teria durado o que durou nas mãos das ameaças do fundo do mar.
É como diz a tagline do filme: para derrotar monstros, nós criamos os nossos próprios. Os Jaegers são um mal necessário.
Próximo ao fim do longa, o sentimento de desespero e a noção da extinção da espécie humana é algo palpável. O fim é inevitável. E nesse ponto os jaegers defendem algo ainda mais importante que a raça humana: eles defendem o orgulho da espécie, defendem um ideal, um legado. Eles defendem a ideia de que, mesmo que todos sejamos mortos e a superfície seja carbonizada, se nós não pudermos habitar esse pálido ponto azul, ninguém poderá.
Resumindo toda essa minha declaração de amor a esse épico mecânico e testosterônico em uma frase: Pacific Rim é o filme do ano.
Sinto muito pelos não apreciadores. Eu me diverti pra cacete.
PS: é um filme de porrada, é um filme de pancadaria, mas possui uma mitologia perfeitamente compreensível e deve render pelo menos umas 30 continuações sem peso na consciência.
PS²: cena pós créditos ;)

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