Dia 248
Lucky Number Slevin - 2006.
Dir: Paul McGuigan.
Elenco: Josh Hartnett, Bruce Willis, Lucy Liu, Morgan Freeman e Ben Kingsley
Xeque-Mate é um filme feito para ser visto sem que se
saiba absolutamente nada a respeito.
Portanto esse texto acaba aqui, desligue o PC e vá ver!
Não foi? Ok.
Lucky Number Slevin, de 2006, dirigido por Paul McGuigan
(olho nesse sujeito) é um negócio difícil de falar a respeito, fazer uma
sinopse então... Classificar o longa em um gênero só é impossível, mas aqui
vamos nós.
‘LNS’ começa
com uma série de assassinatos aparentemente conectados, mas nenhuma explicação
é dada. Logo de cara presenciamos um pequeno banho de sangue bastante
agressivo, sem cortes, sem viradas estratégicas de câmera, mas sem se tornar pornograficamente
violento. E esse começo dá o tom do longa, que ainda envereda por um humor
negro bastante britânico em alguns momentos.
Daí sujeito aleatório em uma aeroporto (ou rodoviária,
não fica claro), sentado em uma cadeira esperando um avião (ou ônibus) quando
surge, do nada, em uma cadeira de rodas um sujeito bastante conhecido nosso:
Bruce Willis. O cara não se identifica, mas puxa assunto com o maluco aleatório
e começa a contar uma historinha. O sujeito não dá muita atenção, mas em certo
momento se vê envolvido pela história do outro. É quando ele conta sobre uma
tal Manobra Kansas City (É quando todos olham para a direita... E você vai para
a esquerda) e sobre um caso de corridas de cavalo. Na história o cara conta
sobre um outro sujeito, um pai de família, que fica sabendo de um esquema de
corrida de cavalos infalível e aposta tudo, o que tem e o que não tem, na pata
dos cavalos. Um cavalo específico, um anabolizado e teoricamente infalível, que
na reta final da corrida que deveria dar ao nosso pai de família uma grana
preta, cai e perde a corrida. O cara enlouquece. Sai correndo do... qual o nome
do lugar onde cavalos correm? Cavalódromo? Sai correndo desesperado para o
estacionamento do cavalódromo e se depara com um atordoante vazio: a vaga onde
havia estacionado seu carro está completamente vazia. O problema é que o cara
havia deixado o filho dentro do carro. Um flashback nos mostra que para fazer a
aposta o sujeito procurou pessoas perigosas, envolvidas com mafiosos, chegando
mesmo a ser diretamente ameaçado caso não pudesse pagar a aposta que acabara de
fazer.
Então dois capangas de filme de gangster abordam o
sujeito, pegam-no à força e o levam a um cativeiro, onde o espancam até a
morte. Um sujeito vai até a casa dele e assassina sua mulher à queima roupa. E
outro fica responsável por dar conta do filho dele.
Depois de contar a história o personagem do Bruce Willis
simplesmente mata o cara, o coloca em uma cadeira de rodas e o joga dentro de
um caminhão.
Só então conhecemos nosso protagonista: Slevin Kelevra
(Josh Hartnett no papel de sua vida), um sujeito que acabou de chegar na cidade
e se hospedou na casa de um amigo de infância. Chegando na cidade o cara foi
roubado, levou uma surra e o tal amigo nunca deu as caras. Antes disso ele
havia perdido o emprego e descoberto que a namorada o traía.
Enfim, ele está enfrentando alguns dos piores dias de sua
vida. Para completar o cara conhece a vizinha matraca do amigo cuja casa ele
está hospedado, Lindsey (Lucy Liu em uma personagem apaixonante), o que não é
uma das piores partes disso tudo. Porém o que já estava ruim fica um pouco pior
quando dois caras chegam na porta de Slevin e o obrigam a encontrar um mafioso
chamado apenas de Chefe (Morgan Freeman), que o confunde com o amigo que
desapareceu, fala pra ele que o cara deve uma grana preta e diz que se ele não
fizer um “favor” a ele, Slevin morre. O favor: matar o filho de um outro
gangster, O Rabino (Ben Kingsley), que havia matado seu filho tempos antes.
O cara volta pra casa atordoado, sem saber o que fazer e
então é abordado por mais dois caras, judeus mal encarados pacas, que o obrigam
a encontrar ninguém menos que o próprio Rabino em pessoa, que também o confunde
com o amigo desaparecido e o faz uma proposta menos generosa: acontece que o
amigo de Slevin também deve uma grana ao Rabino, que o dá 48 horas para pagar.
Ou ele simplesmente vai mata-lo, sem oferta, sem vaselina.
Então Slevin volta pra casa, reencontra Lindsey e os dois
começam a investigar o desaparecimento do amigo do cara, chegam à conclusão de
que o cara sumiu e deixou Slevin pra pagar o pato e, obviamente, se envolvem
afetivamente.
Enquanto isso, em todos esses encontros, um cara
misterioso observa tudo por trás das cortinas, sem nunca se envolver
diretamente com Slevin, sem nunca aparecer enquanto o sujeito estiver no
ambiente. Seu nome é Goodkat, um assassino violento e frio interpretado por...
Bruce Willis.
Primeiramente Xeque-Mate envolve o expectador pela
curiosidade. Há algo de errado acontecendo, explicações são dadas sobre isso o
tempo inteiro, mas nenhuma delas parece responder alguma coisa. O filme é
permeado por um humor britânico veloz que deixa o expectador desconcertado
enquanto cria-se uma aura misteriosa em volta do personagem de Willis e, até
mesmo o de Hartnett, sempre deixando-nos cheios de perguntas, mas tendo a
certeza de que elas serão respondidas. A primeira parte em si prende pelo humor
rápido e pelas situações e pessoas com quem Slevin se envolve, querendo ou não,
mas é quando a segunda parte se inicia que o filme brilha.
Há um plot twist absurdo em certo momento do longa que
deixa o expectador desnorteado, é uma pancada segura que junta quase todas as
peças do quebra cabeças que vinham se formando e amarram algumas das pontas
soltas deixadas propositalmente pelo caminho.
E é quando chega o final que você leva mais uma porrada,
essa ainda mais violenta, que fecha o filme com chave de ouro e te deixa com
aquela sensação de quem levou uma surra e com um sorriso na cara.
Esse foi um texto meio maluco, meio desestruturado, mas eu
queria muito recomendar Xeque-Mate sem dar grandes spoilers, por que o filme
vale ser visto sem que se saiba nada a respeito.
Se não serviu para convencer, então toma essa: o diretor Paul
McGuigan é um dos criadores da série Sherlock e assina direção da maioria dos
episódios dela. E o longa tem toda uma cara de Sherlock, tem toda a acidez e a
agilidade da série da BBC.
Vai por
mim, você vai me agradecer quando assistir essa pequena obra prima.
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