Dia 245
Young Adult - 2012
Dir: Jason Reitman
Elenco: Charlize Theron, Patrick Wilson, Patton Oswalt
Mavis Gary (Charlize Theron) é uma escritora de literatura
infanto-juvenil (a chamada Young Adult que dá título ao longa) que acabou
incorporando demais (ou dando muito de si) a suas personagens ao ponto de virar
uma pessoa totalmente fútil e superficial como as adolescentes de séries de TV
americanas. Gossip Girl, Pretty Little Liers, Glee... Não bastasse os livros
Mavis ainda escreve essas séries genéricas sobre garotas suburbanas cheias de “problemas
amorosos”.
E ela lava uma vida desgraçada: tem tudo o que quer ao
alcance das mãos, mas é uma pessoa vazia, totalmente quebrada, fria e
insensível, um ser humano desprezível, apenas uma imagem perfeita, porém uma
casca oca.
Um dia, lendo seus e-mails, Mavis encontra a foto de um
bebê estampada em um convite de batismo. É quando ela descobre que um ex-namorado,
Buddy Slade (Patrick Wilson), está casado e acabou de ter uma filha. E ela está
convidada para o batismo.
Mavis não só aceita o convite como decide ir de volta à
sua cidade de origem, uma cidade de interior razoavelmente bem desenvolvida
(tem até wifi lá), reencontrar o homem que ela acabou de perceber que era o
amor de sua vida e reconquistar esse amor, mesmo que para isso ela precise
destruir um casamento.
Não é bonito, não é romântico, não é poético: é apenas
fútil e muito triste. E esse é exatamente o objetivo de Jason Reitman (Juno,
Obrigado por Fumar): fazer uma crítica ácida a toda uma geração que se reflete em
personagens de papelão escritas em escala industrial para vender a maior
quantidade de papel possível com o único objetivo de ludibriar adolescentes
inseguras e convencê-las de que a realidade é o que está escrito nas páginas de
um best seller genérico de uma autora sem talento.
Assim como literatura barata, se encaixa aqui o padrão
vazio de beleza de boy bands e estrelas teen produzidas pela Disney, o filme
engloba tudo isso para contar a história de uma mulher que é simplesmente
incapaz de evoluir.
Além disso, Young Adult é permeado de metáforas visuais,
como o humor que Mavis tenta passar através das unhas pintadas, e de bastante
metalinguagem, como nas cenas em que ela escreve os triunfantes capítulos de
seu novo romance nos quais a protagonista experiência situações que refletem
exatamente o mesmo que ela presencia, mas em seus livros são exemplos de
sucesso e em sua vida são fracassos medonhos.
No decorrer de Jovens Adultos Mavis reencontra o tal
Buddy, mas também reencontra alguns colegas de escola, como o sofrido Matt
Freehauf, e reencontra seus pais. Quando o filme chega ao fim o expectador
imagina que todos esses reencontros e as situações presenciadas pela escritora
fossem causar nela algum impacto, alguma evolução. E realmente causam, por
quase dois minutos Mavis se torna uma pessoa diferente, superior, mesmo que
afogada em autopiedade, ainda extremamente mesquinha e egoísta, é fácil ver que
dali em diante ela talvez se torne alguém menos vazia.
Porém vem a pancada final e tudo o que foi aprendido no
caminho é jogado fora.
O filme acaba e você está simplesmente chocado, deprimido.
O pior é ver que aquilo tudo é perfeitamente normal e que dá pra fazer uma
lista de pessoas, homens ou mulheres, das mais variadas idades, que se encaixam
naquele perfil.
Não veja Jovens Adultos esperando um Legalmente Loira ou
algo como Bridget Jones, muito pelo contrário. O filme ataca tudo isso como se
não houvesse amanhã. É o bom e velho Jason Reitman notavelmente mais amargurado
que de costume, mas tão ácido quanto sempre.
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