segunda-feira, setembro 02, 2013

Jovens Adultos

Dia 245
Young Adult - 2012
Dir: Jason Reitman
Elenco: Charlize Theron, Patrick Wilson, Patton Oswalt


Mavis Gary (Charlize Theron) é uma escritora de literatura infanto-juvenil (a chamada Young Adult que dá título ao longa) que acabou incorporando demais (ou dando muito de si) a suas personagens ao ponto de virar uma pessoa totalmente fútil e superficial como as adolescentes de séries de TV americanas. Gossip Girl, Pretty Little Liers, Glee... Não bastasse os livros Mavis ainda escreve essas séries genéricas sobre garotas suburbanas cheias de “problemas amorosos”.
E ela lava uma vida desgraçada: tem tudo o que quer ao alcance das mãos, mas é uma pessoa vazia, totalmente quebrada, fria e insensível, um ser humano desprezível, apenas uma imagem perfeita, porém uma casca oca.
Um dia, lendo seus e-mails, Mavis encontra a foto de um bebê estampada em um convite de batismo. É quando ela descobre que um ex-namorado, Buddy Slade (Patrick Wilson), está casado e acabou de ter uma filha. E ela está convidada para o batismo.
Mavis não só aceita o convite como decide ir de volta à sua cidade de origem, uma cidade de interior razoavelmente bem desenvolvida (tem até wifi lá), reencontrar o homem que ela acabou de perceber que era o amor de sua vida e reconquistar esse amor, mesmo que para isso ela precise destruir um casamento.
Não é bonito, não é romântico, não é poético: é apenas fútil e muito triste. E esse é exatamente o objetivo de Jason Reitman (Juno, Obrigado por Fumar): fazer uma crítica ácida a toda uma geração que se reflete em personagens de papelão escritas em escala industrial para vender a maior quantidade de papel possível com o único objetivo de ludibriar adolescentes inseguras e convencê-las de que a realidade é o que está escrito nas páginas de um best seller genérico de uma autora sem talento.
Assim como literatura barata, se encaixa aqui o padrão vazio de beleza de boy bands e estrelas teen produzidas pela Disney, o filme engloba tudo isso para contar a história de uma mulher que é simplesmente incapaz de evoluir.
Além disso, Young Adult é permeado de metáforas visuais, como o humor que Mavis tenta passar através das unhas pintadas, e de bastante metalinguagem, como nas cenas em que ela escreve os triunfantes capítulos de seu novo romance nos quais a protagonista experiência situações que refletem exatamente o mesmo que ela presencia, mas em seus livros são exemplos de sucesso e em sua vida são fracassos medonhos.

No decorrer de Jovens Adultos Mavis reencontra o tal Buddy, mas também reencontra alguns colegas de escola, como o sofrido Matt Freehauf, e reencontra seus pais. Quando o filme chega ao fim o expectador imagina que todos esses reencontros e as situações presenciadas pela escritora fossem causar nela algum impacto, alguma evolução. E realmente causam, por quase dois minutos Mavis se torna uma pessoa diferente, superior, mesmo que afogada em autopiedade, ainda extremamente mesquinha e egoísta, é fácil ver que dali em diante ela talvez se torne alguém menos vazia.
Porém vem a pancada final e tudo o que foi aprendido no caminho é jogado fora.
O filme acaba e você está simplesmente chocado, deprimido. O pior é ver que aquilo tudo é perfeitamente normal e que dá pra fazer uma lista de pessoas, homens ou mulheres, das mais variadas idades, que se encaixam naquele perfil.

Não veja Jovens Adultos esperando um Legalmente Loira ou algo como Bridget Jones, muito pelo contrário. O filme ataca tudo isso como se não houvesse amanhã. É o bom e velho Jason Reitman notavelmente mais amargurado que de costume, mas tão ácido quanto sempre.

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