segunda-feira, setembro 30, 2013

A Entidade

Dia 273
Sinister - 2012
Dir: Scott Derrickson
Elenco: Ethan Hawke, Juliet Rylance, James Ransone

Eu imagino que terror seja o gênero mais difícil de se filmar, afinal de contas esse gênero tem de assustar pessoas que vivem no mundo real. E concorrer em medo com o mundo real não é fácil. Por isso eu sempre levo em consideração 3 itens em filmes de terror. Se esses três itens forem preenchidos, eu mergulho de cabeça na trama.
O primeiro item é a coerência. Nada que não se espere de qualquer produção, mesmo que ela seja fantasiosa e espalhafatosa, ela precisa ser coerente dentro da própria mitologia.
O segundo item é a credibilidade, algo que se parece muito com o primeiro item, mas difere em um ponto: o primeiro garante que o filme faça sentido, enquanto o segundo garante que ele seja imersivo o suficiente para fazer com que o expectador se envolva com a história e se importe com seus protagonistas.
E o terceiro e mais importante: o susto. Por que filme de terror não merece esse título se não assustar ou causar medo (duas coisas completamente diferentes) de uma maneira ou de outra.
Tendo isso em mente, mesmo que pareça exigência demais, podemos dizer que qualquer obra que cumpra com os três itens acima, seja um bom exercício de gênero, mesmo que haja falhas maiores em sua concepção, mesmo que em comparação a outras obras, ele seja considerado inferior: dentro do gênero ele vale a pena.
Dito isso, vamos ao filme de hoje: A Entidade.


O longa conta a história de um escritor de livros policiais interpretado por Ethan Hawke que conquistou notoriedade ao desvendar em seu livro um caso real que até então estava sem solução. Anos depois sem conseguir emplacar nada de novo, o sujeito se muda com a família para uma casa onde pessoas foram encontradas mortas enforcadas em uma árvore. Seu objetivo era investigar e desvendar o caso daquela família e, de quebra, conseguir emplacar mais um best seller e sair do limbo literário.
O problema é que, além da família do cara não saber de nada, ao iniciar suas investigações na nova casa, o cara encontra uma caixa cheia de rolos de filmes mostrando vários assassinatos. Inclusive o dos antigos donos da sua atual moradia. Pra melhorar as coisas, há alguns elementos em comum entre os crimes documentados: há sempre uma criança que desaparece da cena do crime e há sempre uma criatura pálida que aparece de relance nos vídeos, um tal Mr. Booggie. Para melhorar só mais uma coisinha, a família do cara começa a ser afetada pela “energia” da casa e algumas coisas bizarríssimas começam a acontecer no lugar, entre acidentes malucos e aparições de seres de outros planos.


Eu fiz aquele disclaimer todo no começo do texto para justificar em parte a razão pela qual, em minha opinião, A Entidade é um filme de terror que vale a pena e não apenas mais um exercício genérico de sustos gratuitos e atuações pilantras. Isso porque Sinister preenche todos os meus pré-requisitos sem grandes problemas e, mesmo tendo alguns problemas de percurso, alguns clichês pilantras (criança fantasma é sacanagem), o longa atinge no ponto desejado. E há três fatores cruciais que contribuem para isso: o diretor, Scott Derrickson, é um dos caras que mais sabem colocar medo em uma pessoa da nova safra de diretores de horror. O protagonista, o sempre ótimo (mesmo que em filmes ruins) Ethan Hawke, imprime uma veracidade raramente alcançada em obras do gênero, constantemente protagonizadas por adolescentes sem talento com os quais ninguém se importa. E por último, o mais importante: a entidade da qual o longa fala é realmente assustadora, apesar de extremamente posista, e possui uma mitologia eficiente que vai sendo melhor detalhada no decorrer da história.


O final de A Entidade pende entre o corajoso e o genérico, dependendo de quem o vê. É corajoso por tomar o rumo que tomou, mas genérico porque o rumo tomado está se tornando cada vez mais comum nos últimos anos.
Resumindo: Sinister prende a atenção do expectador até o fim, assusta pra caramba e tem qualidade, coisa cada vez mais rara hoje em dia no que se diz respeito ao desgastado cinema de horror.

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