Dia 229
Sharknado - 2013
Dir: Anthony C. Ferrante
Elenco: Ian Ziering, Tara Reid, John Heard
Todos os anos, há mais de cem anos, na pequena cidade de
Yoro, em Honduras, ocorre um já típico fenômeno chamado lluvia de peces, a
chuva de peixes. O fenômeno bizarro tem sido contado e recontado durante toda a
história da humanidade como a conhecemos e as explicações para este
acontecimento são das mais variadas. A mais aceita entre elas é a de que
trombas d’água ou tornados fossem responsáveis por retirar os peixes de seu
hábitat e transportá-los pelo ar, fazendo-os se esparramarem sobre a cidade de
Yoro e outros lugares do mundo.
O que uma pessoa normal pensa quando vê algo assim em
livros ou documentários? Eu penso “cara, que maluquice, essa cidade deve ficar
fedida pra caramba!”
Porém, um executivo do canal SyFy, ao ver essa história
pensa: “se isso acontecesse com tubarões seria I-RA-DO!”
Então, amparado por fatos científicos e pelas
extrapolações de um roteiro absurdo, nasce Sharknado, um clássico moderno.
A trama se passa em uma praia californiana (mas poderia
se passar no Recife), onde um tornado, uma inundação e um grupo de roteiristas
sem noção do canal SyFy aliados à Asylum fazem com que um cardume de tubarões
invada a cidade, caindo do céu e se locomovendo nos rios que se formam pelas ruas
da Califórnia e de Los Angeles (eu olhei no mapa e elas fazem divisa, então
temos aqui mais um ponto positivo para Sharknado: coerência geográfica). No
meio dessa loucura e de um tornado destruindo a cidade (não há limites para o sadismo
destrutivo do diretor Anthony C. Ferrante, muito menos para o roteirista
Thunder Levin), um grupo de sobreviventes sem nenhum talento artístico decide
cruzar a cidade inundada e com as ruas fervilhando de tubarões com o objetivo
de resgatar a ex-esposa e a filha do protagonista, Fin Shepard (O
talentosíssimo, só que não, Ian Ziering, de Barrados no Baile), que atualmente
moram com o novo namorado da ex de Fin, um cara rico e arrogante.
E o que vem a seguir é o caos, a destruição e a morte de
centenas de pessoas pelas mandíbulas sedentas de sangue dos vorazes e
incansáveis tubarões, das mais variadas espécies...
Curiosidade mórbida foi o que me levou a ver Sharknado.
Curiosidade mórbida e uma profundo e verdadeira paixão pelo cinema trash, além
da possibilidade de diversão descompromissada baseada em um desapego a tempo e
internet, mas nem mesmo isso me fez conseguir ver algo de bom ou ao menos
divertido no filme e... Sinceramente? O que eu esperava?
Mas nos apeguemos aos fatos, vejamos pelo lado
positivo... Não tem nenhum.
Sharknado é um tratado sobre justiça poética. É
inacreditável como tudo acontece de forma a fazer as vítimas dos tubarões morrerem
em duas situações.
Primeira: sacrifício heroico. Em vários momentos ocorrem
sacrifícios gloriosos por parte de personagens pelos quais não se dava nada. Os
underdogs, os marginalizados da sociedade. O bêbado que morre salvando o
cachorro é o mais tocante de todos.
Segunda: justiça poética/ironia do destino: se você é
mau, se você é arrogante e se diz coisas como “isso é absurdo, não há como
tubarões nadarem nas ruas de Los Angeles”, você será devorado por um tubarão
que vai invadir sua casa pela janela.
Lembram da Kátia, que cantava "Não Está Sendo Fácil"? |
Não bastando isso os sobreviventes do sharkopolipse são
astros de ação natos, o grupo principal maneja armas como ninguém, atira na
hora certa, no lugar certo e tem um repertório de frases de efeito e caras e
bocas espetaculares. Se ocorresse hoje um apocalipse marinho com peixes caindo
do céu, eu gostaria de fazer parte deste grupo.
Falar mal de Sharknado é injustificável: esse não é o
tipo de filme para se fazer uma crítica pesada, não é algo do que se possa
esperar atuações fantásticas, efeitos mirabolantes (os efeitos especiais desse
filme são um ESPETÁCULO! Um redemoinho de merda!) ou um roteiro bem escrito...
Na verdade esse é um filme que não deve nem mesmo ser visto, então...
O que posso dizer é que SN é uma experiência surreal,
algo inimaginável, uma ideia tão brilhante quanto imbecil: tubarões voando em
um tornado!
Cara, eu consegui escrever quase 700 palavras sobre esse
filme...
Resumindo a experiência de uma hora e 28 de muito sangue
e tubarões digitais bizarríssimos em uma palavra: épico!
Um épico de merda, ainda assim um épico!
Não veja.
Sem luas hoje, rapazes...
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