Dia 227
The Skeleton Key - 2005
Dir: Iain Softley
Elenco: Kate Hudson, Gena Rowlands, Peter Sarsgaard.
Sei que este filme tem um significado especial pro meu irmão e mestre Michel Euclides (acredite se quiser, ele tem uma história romântica envolvendo A Chave Mestra), mas hoje falarei dele.
Na trama, Caroline Ellis (Kate Hudson, apenas abstraia) cuida
de idosos em estado terminal para pagar a faculdade. Um de seus pacientes é um
senhor, Ben Devereaux (John Hurt), que teve um derrame e, desde então, não fala
nem anda, mas é auxiliado pela esposa, Violet Devereaux (Gena Rowlands), que
contrata a jovem para tomar conta do marido.
Um detalhe interessante é que a casa onde os dois moram
(e onde Caroline irá se hospedar enquanto cuidar de Ben, fica em Nova Orleans,
um dos lugares mais religiosos/supersticiosos dos EUA, localizado no sul do
país e conhecido por seu misticismo com raízes africanas.
Chegando ao local Caroline recebe de Violet uma chave mestra
que abre todas as portas da casa, para que ela possa se locomover com liberdade
pelo lugar. A tal chave abre todas as portas, como o prometido, até mesmo
aquelas que não devia: um compartimento oculto da casa abarrotado de espelhos e
materiais supostamente utilizados em rituais de magia.
E daí em diante as coisas vão se mostrando diferentes do
que parecem ser, reviravoltas vão acontecendo a todo vapor, personagens vão
revelando quem realmente são e a história vai ganhando uma luz (que só vai
deixando-a mais e mais sombria).
A Chave Mestra não é um grande filme: o desenrolar em si
é de um filme de 3 luas, sem grandes pretensões, que chama atenção pela
mitologia na qual ele se firma, na cultura negra do sul americano, mais especificamente
no hudu. Há uma subtrama interessantíssima sobre prática de magia que corre
durante o longa, que vai sendo explicanda detalhadamente conforme as coisas
acontecem, conforme as revelações são feitas. E é muito interessante ver isso
em tela, principalmente porque trata de um tipo de magia com o qual, até então,
não estávamos familiarizados. O hudu em si é apresentado como uma variante do
vodu. Enquanto o vodu é uma religião, o hudu é apenas um tipo de bruxaria, algo
bem menor. O ponto alto do tal hudu é que, teoricamente, ele só funciona contra
quem acredita nele e é isso que faz o filme ganhar pontos positivos em seu
segundo ato, conforme ele vai se aproximando do seu desfecho.
Não dá pra falar demais sem dar spoiler pesado (apesar de
que acho que eu sou o único que não tinha visto esse bagulho ainda), mas acho
que posso dizer que tudo o que acontece o que acontece do segundo ato em diante
(na verdade, olhando bem, tudo o que acontece do primeiro ato em diante) é
excelentemente construído para fazer com que, ao final da projeção, Caroline
esteja totalmente crédula da veracidade do hudu e o expectador esteja com os
dedos sangrando de tanto roer as unhas até que, em seu final ESPETACULAR, ele
tenha sua cabeça devidamente explodida.
E, sim, meus amigos, à primeira vista A Chave Mestra não
tem nada de especial, a magia acontece quando você revê o negócio e percebe
que, desde os minutos iniciais, tudo ali estava sendo construído para chegar
naquele final inacreditável e que o filme fica dando pistas falsas para fazer o
espectador ACHAR que ele não tem nada de especial, o que pode ser um erro para
espectadores desatentos, mas para mim é um ato de coragem.
Isso sem falar na infinidade de boas sacadas que ocorrem
durante o filme, todos os detalhezinhos que são adicionados à trama, a coisa
dos espelhos, o pó de tijolo, os rituais... E, outra coisa bacana, é que a obra
não se baseia exclusivamente em sustos e coisas jogadas na tela, nem fantasmas,
nem isso. As pessoas e as histórias por trás delas é que dão medo.
A Chave Mestra é um filminho bem subestimado, com uma
história original e um final corajoso que eu demorei pra caramba a ver. Se eu
fosse você, se não houver visto ainda, via agora, no escuro e antes de ir
dormir.
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