sexta-feira, junho 21, 2013

Sultans Of Swing - Dire Straits, ou: Noites Tempestuosas e Promessas

Dia 168. Michel 153.

Fazia um tempo que eu não escutava o Dire Straits. Por nada, nenhum motivo em especial: apenas esperando e procurando coisas novas - como bom obsessivo que sou.

Conversando com a Vitória, minha querida aluna e colunista do 01Pd, ela coloca - sem nenhum cuidado, sem nenhuma culpa - Dire Straits para tocar no celular.


Eu fiquei destruído e tomado por lembranças e cicatrizes.

"Hoje será Dire Straits no 01Pd", eu disse a ela, e ela riu dizendo que leria/ouviria.

Assim seja.

*     *     *


Estas noites tempestuosas me matam por dentro.
É como se eu me visse do avesso, minhas nuvens negras, meus raios, minha lama
A tomar conta das ruas.

Meus pensamentos rolam como trovões ensurdecedores,
Minha voz fica presa entre lembranças,
Sonhos, planos e arrependimentos...

E eu me vejo então enfrentando a chuva e o vento,
Enquanto os respingos caem pelas brechas do telhado sobre meu rosto insone.

Sobre o travesseiro, um corpo cansado puxa para a escuridão uma mente inquieta
E a carne e a alma então se revelam
Irmãos de armas.

Amanhã é um novo dia, uma nova guerra, provavelmente perdida
Para o tempo, para o espaço, para o cansaço.

Em meio a isso tudo, indiferente a mim e ao que eu sinto,
Lá fora o temporal reforma, destrói, lava e transforma.

Longe das manhãs e de tudo o que elas representam
Encaro minha escuridão, minhas nuvens negras, meus raios, minha lama.
E enquanto meus pensamentos rolam como trovões ensurdecedores
As noites tempestuosas me matam por dentro.

*     *     *

O álbum de hoje chama-se "Sultans Of Swing", uma coletânea de 1998, listando os maiores sucessos da banda, dividido em dois discos: o primeiro com as principais canções do grupo; o segundo, com faixas ao vivo do Mark Knopfler.


Não há muito o que falar sobre o disco, mas muito o que falar sobre a banda, e sobre sentimentos e texturas. A guitarra voraz de Knopfler - que fala e fala - e sua voz rouca, que nos trazem e fazem marcas que não se apagam por nada. Cicatrizes na alma, promessas e lembranças.


De quando éramos menos cínicos, e valia a pena acreditar no amor.
Quando um poema te fazia ganhar o sorriso e o beijo daquela menina que você amou.
Quando andar à pé era uma necessidade e um prazer.



Andar com fones de ouvido curtindo Dire Straits. Falar com as pessoas, ao invés de fugir delas. Fazer a diferença através de pequenos gestos, de atitudes que poderiam parecer irrelevantes...

Faz falta escutar os caras tocando na rádio, deitado na calçada, contando estrelas, imaginando as milhares de possibilidades de chegar para aquela menina linda do trem e dizer "eu te amo".


Dá uma certa saudade de ser romântico, sabe? E ver todos os lados, a selvageria, a escuridão, a necessidade, o ímpeto!

Envelhecer é suavizar. Para o bem e para o mal.

É uma seleção de músicas de peso. Uma viagem no tempo, ao tempo em que as coisas tinham tonalidades menos confusas, e era mais fácil distinguir a luz da escuridão. Podíamos questionar a verdadeira necessidade das coisas, dispor de mais tempo, desprezar as facilidades do cotidiano. Pensávamos menos em nos sufocar de trabalhar e passar mais tempo com a família...

Ganhar tanto dinheiro para nada...

(Mestre Clapton tá aqui nesse, mêrmão!)

Escute esse disco. Se você é um de nós - os coroas -, vai viajar de volta à Era de Ouro. Se é um dos garotos - gerações W, X, Y ou Z, Cristal, Índigo ou Quântica - use a oportunidade de conhecer uma das maiores bandas de Rock de todos os tempos e se atualizar no que diz respeito a música de verdade.


Antigamente, os mais velhos eram os Sábios. Escutem-me atentamente, então: não sou dos mais velhos, mas  minha alma tem idade suficiente pra te dizer que Dire Straits é o que há.


E tenho dito.

Até.

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