Dia 165 - Felipe Pereira 160
Limitless - 2011Dir: Neil Burger
Elenco: Bradley Cooper, Robert De Niro, Abbie Cornish
Imagine a situação: você tem um emprego, faz o que gosta
e é bem pago por isso, consegue sustentar seus vícios fazendo isso. Mas no
momento em questão você está numa crise desgraçada, totalmente improdutivo,
atolado em dívidas e com o prazo quase estourando. Um amigo chega pra você e te
apresenta uma solução fácil, rápida e “segura” para os seus problemas, uma
mudança rápida, não de vida mas, de situação.
E é assim que você cai no esquema da pirâmide, seu
idiota.
Mas mudando de assunto, por que foi mesmo que eu botei
isso em pauta?
E nunca houve uma resposta!
Limitless, Sem Limites no Brasil (esse país de todos),
conta a história de um cara, Eddie Morra (Bradley Cooper), que escreveu um
livro de sucesso e entrou numa crise criativa ferrenha, não conseguia escrever
nem o próprio nome no cabeçalho de uma página em branco. Cheio de dívidas, vive
num apartamento miserável, não corta o cabelo há meses, parece um mendigo,
terminou com a namorada, enfim, chegou um pouco abaixo do fundo do poço.
Pra se ter uma ideia, o cara tem um notebook igual ao
meu, não que isso melhore ou piore a situação dele em algum meio, mas... Podia
se um Mac.
Um dia, nesses de desgraça, o sujeito está vivendo mais
um de seus dias miseráveis quando encontra seu ex-cunhado, um antigo viciado,
um atual galã de novela: bem vestido, cabelo bem cortado, boa aparência e...
Cheio de grana. O cara se compadece do estado de Morra, leva-o até um restaurante
e lhe faz uma oferta inesperada: NZT. Uma droga experimental banida de todos os
laboratórios e que teve venda proibida por conta de seu efeito: tornar quem a
usa inteligente.
Não só isso, a droga altera o funcionamento do cérebro do
usuário, estimula, potencializa, maximiza o que já existe e fortalece o que já
estava perdido. Em resumo, ela permite ao usuário o acesso a 100% do potencial
cerebral de uma só vez.
O sujeito aparece com essa proposta, Eddie nega na hora,
apesar da aparência de morador da Cracolândia, o sujeito ainda não chegou ao
ponto de se envolver com drogas. De toda forma o cara, Vernon, deixa com Eddie
uma amostra de NZT, só por precaução. O cara vai pra casa, entra, encontra
aquela zona de guerra, encontra aquele livro que ele nem começou a escrever
ainda e... Não pensa duas vezes, manda pra dentro a pílula (a pírula)
transparente que mais parece um pedaço de vidro. E, em poucos minutos, o cara
percebe a brusca e violenta mudança na sua vida.
Até a fotografia muda, genial!
Pra começo de conversa ele passa a ver o tempo de forma
tridimensional, o que já é muito foda, depois disso ele percebe que a cabeça
dele deu uma expandida monstruosa, ocara vê coisas e imediatamente faz uma
associação, imediatamente sabe do que qualquer coisa trata, vê a capa de um
livro e lembra imediatamente de todo o seu conteúdo e como pode usar esse
conhecimento para levar a inquilina oriental para a cama.
Logo em seguida ele volta a seu livro e, de uma sentada
só, escreve metade dele sem parar pra beber água. Quando ele o entrega à
editora a mulher simplesmente não acredita que aquele zé tenha escrito mais de
cem páginas em apenas um dia quando poucas horas atrás ele não tinha nem
começado a pensar sobre o que o livro trataria.
Por fim, a constatação óbvia: NZT funciona.
O efeito da droga só dura um dia e causa uma ressaca
desgraçada e uma dependência monstruosa (afinal Morra havia escrito uma parte
de seu livro, precisava entregar a conclusão), obrigando o cara a ir atrás de
Vernon, seu ex-cunhado e atual traficante pessoal, pedir mais dos comprimidos
transparentes milagrosos. E o cara encontra o sujeito num estado deplorável: a
cara arrebentada de porrada, a casa revirada, tudo destruído.
O cara engabela Eddie como pode, pede que ele vá na lavanderia
pegar sua roupa, por que ele não pode ir na rua com a cara como estava, e Eddie
vai. Quando volta encontra Vernon sentado no sofá, a casa está ainda pior e
Vernon tem agora um buraco na cabeça. Um buraco de bala.
E sim, ele está morto.
O cara se desespera, chama a polícia, mas antes que ela
chegue, ele começa a procurar pela casa pelo estoque de NZT de Vernon. E quando
encontra, é como achar uma mina de diamante: o cara acha um saquinho com
centenas de pílulas. Dá para uma vida inteira se usada com moderação.
E a vida do sujeito, agora definitivamente, muda pra
valer! Inicialmente para melhor, por que ele vira um deus. O cara aprende
línguas só de ouvir, aprende a tocar instrumentos e a lutar só de ver alguém
fazendo, ele sabia tudo, sabia medicina, entendia de ações, sabia jogar como
ninguém, arrancar dinheiro de jogos... Não há limites para Eddie Morra.
E então ele decide, ele percebe que seu futuro será pequeno
demais se ele continuar escrevendo livros e vivendo disso. Ele quer mais, ele
pode mais e ele vai para isso.
Sem Limites cria situações muito verossímeis, levanta
questões morais, éticas e faz questionamentos pesados de forma direta e brusca.
Seu alvo é o expectador, com seus conceitos e suas ideologias, sua moral e tudo
o que seus pais o ensinaram de certo e errado: ataca-o direto em suas bases de
uma forma violenta e brilhante.
O NZT é uma droga afinal de contas, por mais que ela mude
a vida de Eddie Morra de uma forma brutal (e para melhor) ela tem efeitos
colaterais agressivos e, por se tratar de uma droga e por ter sido conseguida
por meio de um traficante que teve uma morte no mínimo suspeita, imagina-se que
haja alguém a procura dela.
Gente perigos, gente sem limites! Uns bandidos violentos
partem para cima de Eddie com tudo o que tem, colocam a vida do cara em risco
de um jeito que ela nunca esteve antes. E a única arma que Eddie pode usar
contra eles é o próprio cérebro turbinado de NZT.
É quase possível dizer que Sem Limites é um Adrenalina inteligente,
tire a trama imbecil, o roteiro sem sentido, os dois diretores canalhas e
substitua todos esses elementos por equivalentes de qualidade, o que se tem é
um filme inteligente e ágil, totalmente politicamente incorreto, que te faz as
perguntas acima citadas mas está pouco se lixando para as respostas que você
vai dar a elas. É algo como visto em Obrigado por Fumar, mas turbinado e ainda
mais agressivo em seus apontamentos. Faz uma série de reflexões (elas não duram
nada, pois o foco do filme não é dar lição de moral em ninguém, mas mesmo assim
acontece em um momento ou outro) e toma rumos totalmente inesperados que levam
a um final surpreendente.
Há alguns problemas de “conveniência exagerada” no
roteiro, certas cenas tem um ritmo totalmente maluco, nada regular, mas o
produto como um todo é sensacional! As atuações são ótimas, o visual é
espetacular (a fotografia oscila entre cinzento e dourado o tempo todo), a
direção tem suas falhas mas não compromete, tem umas sacadas visuais geniais,
enfim o filme como um todo vale muito a pena, eu recomendo.
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