segunda-feira, junho 03, 2013

Meteora - Linkin Park, ou: Vidro moído, pedaços de metal incandescente e desejos não realizados.

Dia 153. Michel 136.


Procurava por algo raivoso e violento, que fizesse a raiva acumulada explodir em espuma ácida e aerossol corrosivo. Procurava um motivo para emanar virulência e afetar a tudo e a todos, corrompê-los, guiá-los rumo à entropia irracional e nonsense da existência.


Uma trilha sonora que me conduzisse por uma estrada escura de desespero e solidão. Aquele caminho úmido e tortuoso pelo vale da sombra da morte, mas que é necessário, e que ninguém além de mim pode fazer.

Sacrificar a mim mesmo pulando de um precipício rumo à escuridão, confiando apenas no som das ondas quebrando, aguardando o impacto duro e gelado do mar ou das pedras lá embaixo.


Abraçando os espectros de cada medo e desejo com egoísmo e ganância, abandonando a esperança ao atravessar o portal das escolhas irreversíveis, alimentando o ódio com fúria sanguínea incontida e sem remorso...

Enfim...

Linkin Park: "Meteora" (2003). Tudo isso contido num único álbum, uma supernova furiosa prestes a explodir e aniquilar com ilusões e belezas, levando tudo de volta ao caos original. Cada música é uma epifania ao contrário, uma maldição aspirada, um muro contra pregos de gelo, um espelho que jamais diz a verdade enquanto mente.

"Meteora" é o que o silêncio grita quando fica puto.


Um disco maduro, coeso, orgânico, sanguíneo e metálico, cheio de raiva e violência e verdades ditas sem freio. Um disco consciente de seu poder de moldar, de mudar e de destruir a ordem vigente e as ilusões de beleza e segurança que guiam nossas vidas enfadonhas.

Uma obra de arte feita de vidro moído, pedaços de metal incandescente e desejos não realizados.

Um disco difícil, denso, nublado cor de chumbo. Remete à escuridão de uma tempestade num fim de tarde, de raios e trovões que te deixam inquieto, daquele medo que te machuca e te mostra como você é incapaz e impotente diante do sarcasmo indiferente da vida.


Precisa colocar os demônios para tomar um ar? Precisa deixar o teu Hannibal interior dar um passeio no parque? Levar o teu Vlad Tepes para um banho de sol? Conduzir o teu Anakin rumo ao Lado Escuro da Força?


"Meteora" é uma ótima pedida de trilha sonora.


Ah... agora me sinto melhor. Por hoje. A tensão se foi, a raiva voltou ao seu lugar de sempre - por trás dos olhos. Posso dormir em paz. Falsa paz, mas a única que tenho.

Boa noite.

P.S.: Foda-se o mundo. Só hoje. Amanhã ponho de volta as máscaras.


Um comentário:

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