quarta-feira, junho 26, 2013

Dangerous - Michael Jackson, ou: Viver perigosamente não é para qualquer um.

Dia 173. Michel 159.

Muito provavelmente acontecerá assim: você chegará em minha casa e no som estará rolando Michael Jackson no último volume. E eu estarei dançando no meio da sala feito um desesperado.


Não é uma visão das mais agradáveis, mas agora a Maria Julia - minha filha e princesa amazona - dança comigo. Isso alivia as coisas e mostra como eu sou um pai descolado e amoroso. Né não?


Ok, eu não sei dançar/tão devagar/pra te acompanhar..., mas eu gosto de sacudir um pouco. Shake It, Babe!, ao som de "Dangerous" (1991), o oitavo disco do MJ - em minha opinião, um dos melhores dele.


Dançante, frenético, angustiante... sombrio e visceral, flerta descaradamente com o hip-hop e com a música eletrônica. Cheio de efeitos e de texturas, mostra um MJ com cara renovada após "Bad", querendo dar uma cara nova ao seu som, mas sem fugir de seu próprio estilo, sem abandonar a persona criada por ele: o alien albino e desossado que todos aprendemos a chamar de Rei do Pop.



Eu e "Dangerous" temos uma história. Era 1997, e eu estava morando em Fortaleza, na casa de um tio que passava a semana fora. Ele tinha a coleção inteira - INTEIRA - do MJ em vinil, e o "Dangerous" era um dos meus preferidos. Eu estudava pela manhã no Liceu do Ceará - fazia o 1º ano do Ensino Médio -, e passava a tarde inteira escutando as dezenas de vinis do meu tio. Foi quando comecei a curtir música pra valer, e a aprender inglês enquanto escutava as músicas e acompanhava as letras nos encartes.

Bons tempos. Bons tempos...

Bem, um dos que eu escutava mais - e dos que eu mais gostava - era justamente o Dangerous. E eu dançava e dançava sozinho, cantarolando num inglês fuleragem e tentando imitar os passos de dança do cara. Naquela época dava certo. Hoje, algumas dezenas de quilos mais gordo, o máximo que eu conseguiria seria uma hérnia de disco, câimbras  e distensões musculares variadas - fora o risco de AVC e ataque cardíaco fulminante.

Mesmo assim, eu ainda danço. Gosto de viver perigosamente. Hehe.

Essa é, de longe, a mais incrível do disco.

Enfim... "Dangerous" é um álbum muito gostoso, intimista, crítico, cheio de uma vivacidade mais perto da vida real, das ruas. Pessoas das esquinas, sentadas nas calçadas, gente que se cruza no ônibus e nos corredores da escola - muitas vezes sem se falar...

Um disco masculino, feito para cantar e homenagear as mulheres: seus seios, cintura e quadris, seus cabelos, seu cheiro, a textura sedosa da pele, os olhos que veem profundamente a verdade sob as aparências, o sorriso meio safado e aquele rebolado que deixa qualquer um louco. 

E tem uns momentos de interlúdio, daquela coisa do Michael acreditar na esperança e na humanidade. Três músicas dentro do disco que te fazem querer ser uma pessoa melhor. Eu sempre pulava elas. Acho chatas. Mas não vou descontar luas por causa delas.


Muitas lembranças bacanas despertam ao ouvir novamente este disco. O cheiro da capa e do encarte, a beleza do vinil, o aparelho de som... o cheiro da casa onde eu vive por um ano inteiro, e de onde tenho muitas boas lembranças e um corte no pé - por danação de menino mesmo...


Dangerous é clássico. Chega a ser doloroso escutá-lo de novo, tamanha a saudade daquela época em que eu era apenas uma criança com uma sede monstruosa por conhecer o mundo. um link direto para lembranças felizes e agridoces, cheias da tensão do início da adolescência e daqueles amores de toda semana.

Michael Jackson é eterno.


Cheio de saudades, termino este post de hoje, que mexeu comigo como há muito tempo não acontecia.

Abraços.

P.S.: E tem a capa do disco, que é um show à parte. Tem para todo mundo, inclusive a galera das teorias conspiratórias. Eu só acho a capa a coisa mais linda do mundo.



2 comentários:

  1. Cara, bolei de ri com esta, sem duvida a mais hilária de todas as tuas postagens. Agora vou confessar algo. Lamento não tê-lo conhecido quando você era criança, uma pena que só lhe conheci quando já era um adolescente, quase adulto; Ainda bem que vc não matou a criança que existe em você. Você é pura diversão. Que os Deuses te conservem assim

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  2. Obrigado, amigo! Aqueles dias em que você tá mais inspirado, sabe?

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