quarta-feira, maio 29, 2013

Os Escolhidos

Dia 149 - Felipe Pereira 143
Dark Skies - 2013
Dir: Scott Stewart
Elenco: Keri Russell, Josh Hamilton, Dakota Goyo

"EXISTEM DUAS POSSIBILIDADES: OU ESTAMOS SÓS NO UNIVERSO OU NÃO ESTAMOS.
AMBAS SÃO IGUALMENTE ATERRORIZANTES."
(ARTHUR C. CLARKE)

Dark Skies, que no Brasil foi pavorosamente batizado de Os Escolhidos, é uma ótima surpresa. É um suspense dramático intenso e realmente assustador. Acompanha a história de uma família, casal e dois filhos, que passa a protagonizar eventos cada vez mais bizarros, cada vez mais indiscretos e violentos. Começa com uma bagunça na cozinha, no meio da noite a mulher acorda e encontra as portas abertas e a geladeira arrombada e todo seu conteúdo espalhado pelo chão. Polícia, investigação breve, estaca zero. Depois disso o casal decide colocar alarmes na casa e logo em seguida, em outra noite, todos eles disparam ao mesmo tempo dando a entender que todas as entradas da casa foram violadas ao mesmo tempo. E mais uma vez algo de estranho acontece à casa. Dessa vez, ao invés de uma bagunça, seja lá o que tenha invadido a residência da família Barret, deixou uma pilha de objetos extremamente organizada formando desenhos luminosos no teto. A família fica aterrorizada (principalmente a mulher, exageradíssima), voltam a procurar a polícia que levanta suspeitas de que alguém de casa tenha feito aquilo. A suspeita recai sobre os filhos do casal: sonambulismo, carência afetiva, pacote completo de clichês familiares.
Mas isso não dura muito, antes mesmo de o artista por trás das obras se mostrar essas suspeitas são deixadas de lado.
Então eles se mostram, num lapso de milésimos de segundo, um deles permite ser visto... E então se escancara o óbvio: 
 A família Barret está sendo visitada por invasores do espaço!
Antes mesmo disso ocorre uma série de eventos ainda mais malucos: o cara perde acorda no meio da noite e vai pro jardim sem se dar conta, a mulher perde o controle durante o trabalho e começa a dar cabeçadas numa porta de vidro, pássaros se chocam contra a casa, o filho mais novo aparece com marcas estranhas no corpo, o mais velho tem uma convulsão do nada (acho que também tenho sido visitado por aliens quanto a isso)... E o casal não compreende, não aceita aquilo, busca explicações racionais para aquela maluquice toda, mas apenas uma pessoa é capaz de oferecer respostas concretas àquela família:
Dark Skies é dos mesmos produtores de Atividade Paranormal e Sobrenatural (Insidious) e tem uma estrutura semelhante a esses dois. Falo de roteiro, não daquela estética de câmera na mão do primeiro. Há os mesmos elementos dos dois mencionados aqui, algo que, apesar de muito sutil, tem se tornado comum ultimamente, repetitivo até. Qualquer um que tenha visto os dois anteriores vai perceber essas semelhanças e identifica-las, por que eu não vou lista-las aqui... Sinto muito, vá e veja o filme.
É uma fórmula repetida, porém funcional (mesmo que eu ache Atividade Paranormal um lixo e que Insidious e Dark Skies adicionem a essa fórmula um roteiro, coisa que seu predecessor não tem). O que se faz aqui é basicamente trocar uma ameaça por outra teoricamente pior.
Até o elemento de inevitabilidade está presente, o que causa uma tensão constante, mas causa também uma previsibilidade irritante.
Uma coisa bacana é o ritmo do filme, lento, arrastado, uma trilha sonora monótona, sem acontecimentos mirabolantes, dão um realismo e um sentido de urgência que a ação frenética de filmes do gênero constante mente falham em construir.
Porém, porém, sempre há um porém... Os atores não são muito bons, o que tira o charme da coisa, tira o brilho de tudo. Não são atores terrivelmente ruins, mas são atores não muito bons atuando não muito bem, todos ao mesmo tempo. O filho mais novo do casal causa angústia de tão não muito bem que ele atua, dá vontade de bater nele quando ele fala que tá com medo, mas não expressa isso muito bem. O filho mais velho do casal, interpretado por Dakota Goyo (o filho do Hugh Jackman em Gigantes de Aço) até se esforça, entrega algo de competente, mas não tem lá grandes oportunidades e JK Simosn que faz uma participação pequena e dá seu showzinho particular pra cima daqueles atores não lá muito bons...
O diretor Scott Stewart (o mesmo de Legião e Padre, os dois filmes que sepultaram a carreira do coitado do Paul Bettany) tem uma vibe mais contemplativa, gosta de desenvolver bem as situações, não gosta de mostrar demais, mas sabe dar as pistas certas para manter o expectador interessado, manter a adrenalina não no máximo, mas no ponto certo, naquele ponto exato do “vai dar merda, vai dar merda”. A sensação é essa o tempo todo.
Até o final, com o já esperado plot twis que só maximiza aquela sensação de inevitabilidade já mencionada...
Dark Skies vale bastante a uma hora e meia perdida, não é algo espetacular, mas é um suspense de qualidade com doses cavalares de tensão e um ou outro momento de vergonha alheia. Dá uma podada nos espetáculos visuais desmiolados do diretor e oferece a este mesmo um rumo novo na carreira. Que se desenvolva nesse e deixe o pobre do Paul Bettany em paz.

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