Um épico charmoso e transgressor!
Janiê
Maia Saintclair 06 Dia 122
“Existia uma terra de cavalheiros e campos de
algodão chamada "O Velho Sul". Neste mundo bonito, galanteria era a
última palavra. Foi o último lugar que se viu cavalheiros e damas refinadas,
senhores e escravos. Procure-a apenas em livros, pois hoje não é mais que um
sonho. Uma civilização que o vento levou!”
A citação acima faz parte do início
de um filme que mudou o status de se fazer sétima arte, a própria epígrafe já
denota a poesia que existe neste longa! Eu acho que você já deve ter ouvido falar dele, ou ouviu seus pais comentarem sobre
ele, a película é pop, até mesmo para aqueles que não o conhecem. Mas adianto o
aviso: vale a pena conferir! E o Vento
Levou, é um filme americano de 1939, um romance dramático, dirigido por Victor Fleming e com roteiro de Sidney Howard,
adaptado do livro homônimo
(best-seller) de Margaret
Mitchell publicado em 1936. É estrelado por Vivien Leigh
(Scarlett O'Hara), Clark Gable
(Rhett Butler), Olivia
de Havilland (Melanie
Hamilton Wilkes), Leslie Howard
(Ashley Wilkes) e muitos outros atores
brilhantes, mas aqui destaquei os protagonistas e antagonistas do enredo.
Iniciar
uma crítica de um filme nunca é fácil, porque tens que transparecer a coesão de
sua análise para quem ler, e se torna ainda mais difícil quando se trata de um
filme de grandes proporções. E este é um deles, é gigantesco de todas as
formas: o livro adaptado tem exatamente 801 páginas; 241 minutos é a duração do
filme, sim meus leitores, quase quatro horas de exibição e faz 72 anos de
lançamento. Sem citar os prêmios, estes deixemos por hora. Mesmo após sete
décadas a importância deste é absolutamente inegável por se tratar de uma obra
pretenciosa e complexa por basear sua história no âmago humano; as paixões,
conflitos e ambições. A trindade santa do viver do sapiens sapiens!
O filme narra a
história da bipolar Scarley O’Hara (Vivien Leigh), filha de um imigrante irlandês, Gerald O’Hara
(Thomas Mitchell), que se tornou rico graças ao amor e dedicação por sua Tara,
terra natal dos personagens. Scarlet,
vive na fazenda dos pais, é rica, mimada, faz o que bem entende, e usa sua
beleza para seduzir inocentemente todos os homens. Durante a morada pacífica em
Tara, ela conhece Rhett Butler
(Clark Gable), um
homem de reputação duvidosa, mulherengo, mas bastante rico; este por sua vez
apaixona-se perdidamente por Scarlet que
não retribui este sentimento porquê é apaixonada por Ashley Wilkes (Leslie
Howard) que está noivo da bondosa Melanie Hamilton (Olivia de Havilland). Quanto confusão por amor!
Passa-se o tempo, Ashley casa-se com Melanie, os dois tem uma vida tranquila e estável. Scarlet ao saber do enlace dos dois
decide fazer ciúmes a Ashley
casando-se com o
irmão de Melanie. Mas eis que chega
a Guerra Civil Americana, é aqui que a vida de Scarlet e dos demais muda radicalmente, o marido da mesma é chamado
ao combate e morre em batalha, Ashley está
na guerra, enquanto isso Rhett
investe amorosamente para conquistar a amada. Scarlet, que vocês devem ter notado ser totalmente desprezível para
conseguir o que quer, casa-se novamente com um cavalheiro rico, para ajudar na
difícil situação financeira da família causada pela guerra. Eis que novamente
ela se torna viúva, a família perde sua riqueza, e deseja retornar para Tara,
sua terra amada. E a única forma de colocar sua vida no devido lugar é
aceitando casamento com Rhett.
Durante
o enredo acontece vários obstáculos na vida de Scarlet, que são propícios para o crescimento da personagem durante
o longa. Da menina mimada e rica à batalhadora e sobrevivente para ajudar
aqueles que ela ama. A primeira impressão de O’Hara é de desprezo, ela é exorbitantemente mesquinha até quando
sua vida dá um revés no qual ela se vê refém da própria limitação. O desejo de
resgatar sua família, voltar para terra onde ama, a famosa Tara, fazem com ela se torne uma manipuladora genial, uma empreendedora
de sucesso.
Como
o filme é bastante longo, dos quais você nem sente por ser uma história
bastante envolvente, não dá para contar tudo, além do mais se eu escrever tudo,
não terá graça assisti-lo e descobrir o final surpreendente, e o jeito
descompassado de Scarlet e Rhett. A grande beleza deste filme é mostrar como
uma mulher tomou um caminho para torna-se realmente admirável, digna de
aclamação. Não é só a história de amor que envolve durante o enredo, é toda
aquela projeção dos sentimentos confusos trazidos dos personagens para quem
assiste. Realmente o roteiro é sem palavras, diálogos cômicos, rápidos e
inteligentes. Romance e drama mesclados sutilmente proporcionando uma
delicadeza e efemeridade ao escutar o que eles dizem, aumente o volume!
Victor Fleming
é um dos diretores clássicos que em tudo que tocava transformava-se em ouro,
diga-se de passagem o Mágico de Oz. A
escolha dele foi perfeita em todos os aspecto quando se tratou deste clássico.
A fotografia do filme e cenários apesar do tempo remoto sem tecnologias
avançadas para tal, desbancou qualquer outro na categoria, foi um choque na
época, foi grandioso mesclar aqueles cenários todos. E o Vento Levou, expandiu as fronteiras da técnica cinematográfica com
maior intensidade, ensinou aos outros como se produz um filme avassalador.
O figurino, foi cuidadosamente elaborado, a beleza das
roupas, mesmo a mais pobre e não notáveis está em ordem com a temporalidade do
filme. O aparato técnico do filme foi ambicioso, se fosse para comparar
atualmente, diria que o E o Vento Levou é
o Titanic/Avatar do seu tempo, ambos do grandioso James Cameron. O elenco por
sua vez é estrelado, mas celebridade por si só, não alavanca um filme sem devido
talento, não apenas com rostos bonitos. A trilha sonora inesquecível é assinada
por Max Steiner.
Vivien Leigh, foi
uma daquelas atrizes fora de série, tinha um grande talento, principalmente
para personagens tão complexos como Scarlet
O’Hara, foi considerada com uma das mais belas e talentosas atrizes do
século XX, é uma das 50 maiores lendas do cinema. Vencedora do Oscar de melhor
atriz pela intepretação neste longa. Justiça seja feita diante disso, altamente
merecido este reconhecimento! Vivien era
portadora de distúrbio bipolar, dizem que isto ajudou bastante na construção de
seu personagem. Uma curiosidade
interessante é que ela e Clark Gable não se entendiam, não se aturavam de
maneira alguma, isso notamos na interpretação. Vivien participou de muitos filmes, como protagonista ou apenas
convidada, mas sua simples presença já deixava uma aura de glamour na produção.
Clark Gable foi um daqueles atores campeões de bilheteria,
seja por seu talento magnânimo, seja pelo seu famoso charme sedutor, era sabido
que as salas de cinema ficavam lotadas de mulheres! É considerado a sétima
maior estrela, masculina, da história do cinema. A contribuição que Gable deu a Hollywood na sua chamada era de ouro foi de grande importância. Um
ator que amava sua profissão, era a única coisa que sabia fazer, segundo ele.
Infelizmente Gable não ganhou um
Oscar por este filme, mas foi vencedor de vários prêmios por inúmero trabalhos.
Ressaltar a análise destes dois atores é de suma importância
para que se conheça E o Vento Levou de
maneira mais profunda. São eles que fazem a película ter uma transitoriedade,
ou seja, dá uma dinâmica, não estou desmerecendo o trabalho dos outros atores participantes,
cada um teve seu papel!!! E o Vento
Levou é uma daquelas obras-primas que não se deixa envelhecer e cair na
mesmice, simplesmente rompendo a barreira da tempo. Tal produção foi indicada
13 vezes ao Oscar, onde conseguiu vencer oito, ainda há dois prêmios especiais, é um dos filmes
com mais indicações ficando atrás de A
Malvada (1950, este com 15 indicações)
e Titanic (1997, 14 indicações).
Creio que o sentimento
pós-filme de E o Vento Levou é no
mínimo de primor, tem de se admitir que para uma época escassa de tecnologia, a
exaustão que se teve para maximizar a produção é justamente parabenizada. Ao
quebrar diversas barreiras ao compor diversos aspectos, tais como a visão de
cada personagem tem da vida ou de si, sem falar na visão histórica da guerra, a
ambientação artística que lhe é propiciada, sem parecer fantasioso, mas sim
poético. Um filme que tem a capacidade de deixar o espectador curioso durante
quase quatro horas não é para poucos, da primeira cena a última você vai
formando diversas perguntas!
Creio que você já deve estar se perguntando: então tudo é
nota dez no filme? E as cenas marcantes? Em minha opinião ele é ótimo, sublime
e perfeito, o único empecilho é a duração, mas não é um problema vital! As
cenas marcantes são muitas, você vai encontrar, mas para encerrar vou narrar
uma que se tornou um marco na cultura pop. -
Scarlet devastada pela guerra, pela
dor da perda dos entes queridos, segue em direção ao horizonte da amada terra
vermelha de Tara, e absorvendo foça daquela sua terra, tal
força vindo do âmago daquele chão devastado. Ela profere seu próprio destino: “Com Deus por testemunha, não vão me derrotar.
Vou sobreviver a isso. E, quando passar, nunca mais sentirei fome! Nem eu, nem
minha família. Mesmo que eu minta, roube, trapaceie ou mate, com Deus por
testemunha, nunca mais passarei fome!”
Bjoooos, byeeee!
Até...
Janiê Maia Saintclair
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