terça-feira, abril 09, 2013

Entrevista Com O Vampiro - Neil Jordan

Michel 93. Dia 99.

O mito do vampiro é algo profundamente enraizado no imaginário humano. Um ser imortal, amoral, poderoso e extremamente sensual/sexual, que se alimenta da vida de suas presas enquanto passeia pelo limbo de noites eternas...

Ah, quem nunca quis ser um vampiro após ler os livros de Anne Rice? E deixo aqui meu total desprezo a aventuras rocambolescas como Crepúsculo. Cito o mínimo para demonstrar apenas meu desprezo por retratarem os vampiros como criaturas tão poucas e pequenas.

"Entrevista Com O Vampiro" (1994) é um dos poucos filmes que fazem jus à obra literária em que se baseiam. Neil Jordan, excelente diretor, transporta-nos ao passado através da entrevista do vampiro Louis de Pointe du Lac (Brad Pitt), enquanto este nos revela o fim de sua vida humana e o início de seu "nascimento para a escuridão", quando foi transformado naquilo que antes se pensava serem apenas lendas.


Louis comenta com o repórter (Christian Slater) como, no século XVIII, perdera sua mulher e filho no parto. Após este acontecimento, o jovem fazendeiro mergulha num redemoinho de bebedeiras, prostituição e jogos, "buscando a morte".

Quem atendeu seu pedido foi Lestat de Lioncourt (Tom Cruise, excelente!), um imortal poderoso e charmoso, que acaba concedendo a Louis o Dom Negro, transformando-o em seu aprendiz e companheiro.
As personalidades de ambos não poderiam ser mais diferentes. Louis é introspectivo e carrega em si a piedade e o remorso por cada vida humana tirada; Lestat é cruel, sádico e cínico - um psicopata. Após um tempo, logo os dois não se suportam mais, e o desejo de Lestat em que fiquem juntos leva-o, após uma trágica sequência de eventos, a fazer uma loucura impensável:

Claudia (Kirsten Dunst).


Uma mulher presa no corpo de uma criança, uma vampira voraz e impiedosa, poderosa e violenta, vingativa e cruel. A morte criança.

Os três juntos formam uma família totalmente anormal e disfuncional. Claudia ama e odeia seus dois papais, por terem-na condenado a viver eternamente num corpo infantil. Mas o ódio que nutre por Lestat é muito mais virulento, e isso faz com que acontecimentos incríveis conduzam o filme a um clímax poderoso e extremamente reflexivo.


Tecnicamente perfeito, maquiagem, cenários, figurino, som e trilha sonora nos conduzem a este passado distante. Acompanhamos as mudanças de tecnologias, de vestuário, de comportamento, o crescimento das cidades, a mudança das pessoas...

De todos os atores escolhidos, o único que não me agradou foi Antonio Banderas como Armand. Talvez por aquele seu jeito canastrão... mas não foi legal. Brad Pitt encarna à perfeição o introvertido Louis; Cruise esbanja talento na pele - fria - do louco Lestat; Kirsten Dunst assusta como a maravilhosa e terrível Claudia.

Um filme fantástico, que completará vinte anos sem deixar nada a desejar, fazendo inveja à essas porcarias pseudo-adolescentes que estão vindo por aí.

Não conhece ainda? Assista e veja o que é um filme de vampiros de verdade. Leia também o livro - a tradução para o português foi feita por ninguém menos que Clarice Lispector.







Bom filme. Boa noite.

2 comentários:

  1. Provavelmente o melhor livro da Clarice Lispector.

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    1. hehehehehehehe... foda, cara. Diz isso não, a mulher escrevia pra caramba.

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