Dia 105 - Felipe Pereira 101
Collateral – 2004
Dir: Michael Mann
Elenco: Tom Cruise, Jamie Foxx, Jada Pinkett Smith
Max (Jamie Foxx) é taxista em LA há doze anos. Segundo
ele próprio, já fez corridas para os mais diversos tipos de pessoas. De
artistas famosos a cafetões. Ele tem dezenas de histórias para contar sobre
esses doze anos de profissão. Mas nenhuma delas é tão incrível quanto o dia em
que um matador de aluguel o obrigou a dirigir por uma noite inteira, visitando
e executando várias pessoas de diferentes tipos.
O cara se chama Vincent (Tom Cruise), um sujeito pouco
comum. O cabelo totalmente branco, apesar de não parecer tão velho para isso, veste-se
de forma extremamente elegante e mata pessoas a sengue frio, como se fosse algo
que todo mundo faz em qualquer dia comum.
E Vincent praticamente toma Max como refém, obrigando-o a
ir aos mais sombrios lugares da cidade para caçar.
Se um dia eu fosse fazer um filme, gostaria muito que o
resultado fosse algo como Colateral. Por uma série de fatores que estão
presentes em quase toda a filmografia do diretor Michael Mann e que são extrapoladas
ao máximo nesse filme com uma manha e uma coragem que poucos diretores se dispõem
a ter. Desde o clima pouco usual, ao ritmo mais brando (que se assume frenético
em pontos chave), à fotografia granulada, a trilha sonora eclética que mistura
jazz e blues a música eletrônica e rock moderno e, para finalizar as atuações fora
do comum (e do lugar comum) de Jamie Foxx e Tom Cruise.
Os dois passam juntos pelas mais diversas situações e, em
certo ponto, dão tão na telha com a matança que, não sendo suficiente a noite
desgraçada que estão tendo (o que para Vincent é só mais um dia de trabalho)
passam a ser caçados por batalhões inteiros da polícia.
As vítimas de Vincent são das mais variadas. Vão de orientais
em uma boate lotada, (uma das sequências mais impressionantes, na qual o filme
se assume como um thriller de ação por alguns segundos) a um cantor de Jazz de
clube, no ponto em que o personagem de Cruise se mostra mais frio e assustador.
Depois de um tempo, as coisas vão se esclarecendo e os
motivos de Vincent vão sendo revelados, o que dá um rumo à trama que, antes, se
sustentava principalmente pelos dois personagens principais. E mesmo após isso
o filme mantém sua ideia principal, mantém o realismo quase documental
característico do diretor, ganhando força, ganhando ritmo e desenvolvendo e
aprofundando-se cada vez mais em Vincent, até chegar ao seu clímax sensacional,
o que não chega a ser um final feliz, mas também não torna-se totalmente
trágico.
Colateral é um filme violento dentro de um contexto
realista que não foge em momento algum ao que se propõe. As situações mostradas
são excelentes, gerando no expectador uma empatia instantânea por várias das
vítimas de Vincent, o que só serve para nos chocar ainda mais pela frieza do
sujeito. Foxx e Cruise funcionam muito bem juntos, dão à trama uma tensão
absurda, aquela sensação de que a qualquer momento algo de muito grave vai
acontecer, alguma coisa vai explodir. E a ação mais pé no chão é a cereja do
bolo.
PS: a cena em que toca Shadow On The Sun é espetacular.
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Excelente crítica para um excelente filme. Cinco luinhas, Felipe!
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