Dia 87 - Felipe P. 85
Sejam bem vindos de volta a mais uma Sexta das Letras,
nossa coluna literária que nós escrevemos quando dá na telha! Desta vez quem
vos fala sou eu, o cara dos filmes, o cara que tomou o site para si nos
próximos quatro dias pelo simples fato de não ter o que fazer no feriado! E
hoje falaremos de um livro chamado O
Pacto (Horns) do autor Joe Hill.
Eu já mencionei ele aqui no 01PD numa postagem que fiz sobre AC/DC, lembram?
King e Hil |
Um fato curioso sobre Joe Hill é que ele é filho do mestre
da literatura sinistra dos dias atuais, Stephen
King, fato que não interfere em absolutamente nada no estilo de escrita do
cara. Pra falar a verdade, pelo que pude ver em O Pacto e espero comprovar em
breve com os outros trabalhos do sujeito, o estilo de escrita dos dois é
totalmente diferente.
Horns conta o momento da vida em que Ig Perrish acorda de
manhã, olha no espelho e, sem explicação alguma, surgiu um par de chifres em
sua cabeça.
Do nada.
Desse momento em diante a vida do cara vira um verdadeiro
inferno, não por que ele tem um par de chifres na testa, mas por conta dos
poderes que eles lhe conferem. Ig não pode iniciar uma conversa normal com
ninguém por que de repente as pessoas começam a revelar seus desejos mais
sórdidos e seus segredos mais escrotos.
Tipo quando Ig decide ir ao médico para examinar sua
cabeça e de repente uma mãe que estava na sala de espera com a filha
(histérica) revela que traiu o marido várias vezes com um “crioulo” e que queria
que a filha nunca tivesse nascido. Logo depois a filha dela revela que queria
colocar fogo na mãe enquanto ela dormia (detalhe que a menina tem uns seis anos
de idade) e isso é o que há de mais normal.
Com o correr da trama alguns pontos do passado de Ig vão
sendo mencionado, o que vai dando meio por acaso algumas pistas do que quer que
possa ter causado o surgimento dos chifres e, logo no começo, revela-se que, um
ano atrás, a namorada do cara, o amor de sua vida, foi brutalmente assassinada
após ser estuprada e o maior suspeito do crime é o próprio Ig.
Aparentemente Hill se diverte horrores em narrar os
encontros de Ig com antigos conhecidos em sua jornada repentina em desvendar o
assassinato da namorada, que ele acredita firmemente ter relação com os chifres
que brotaram em sua cara, por que o livro alterna o tempo todo entre o
flashback da adolescência do protagonista e os encontros bastante reveladores
que ele tem com as pessoas da cidade (o mais inacreditável é quando ele se
encontra com dois policiais em ronda e um deles revela sentir um desejo enorme
pelo outro, negócio no mínimo sórdido). Hill não poupa nas bizarrices e chega
num ponto que você tá se perguntando “cara***, esse sujeito não tem limites?”. O
ápice da escrotidão se dá quando Ig encontra a avó no jardim de sua casa, numa
cadeira de rodas, e a velhinha toca o terror com o cara.
Como eu disse antes, a história alterna entre a interação
de Ig com “amigos” e familiares e o flashaback sobre sua adolescência. Esse
flashback é gigantesco e toma pelo menos metade do livro, sem interrupções. Tem
um momento da trama que o cara para tudo e passa a contar o passado de Ig,
quando ele conheceu Lee Tourneau, como ele salva sua vida e como surge e se
solidifica uma grande amizade entre os dois. E como ela fica abalada quando
surge na cidade a jovem e linda Merrin Williams, a finada namorada de Ig
Perish.
E nesse ponto sim se sente uma forte influência paterna
por parte de Hill, pois como sabemos o papai King sabe desenvolver amizades
adolescentes como ninguém. E fica tão fluida essa parte do livro, adquire para
a trama uma profundidade tão grande e tão importante, que quando retorna aos
dias atuais sente-se uma quebra gigantesca no ritmo e no estilo de escrita que
é simplesmente impossível (ao menos para mim) continuar lendo no mesmo dia.
O que nos leva ao clímax de Horns e seu final tão
incrível e corajoso quanto decepcionante.
Tenho que contar que li Horns inteiro no celular, graças
ao mágico advento do epub, e quando cheguei à sua última página, com a adrenalina
no máximo, com sangue no olho e chifres crescendo em minha cabeça de tão
empolgante que a coisa estava, fiquei desapontado. Fiquei puxando as páginas do
livro digital, tentando ver se tinha ficado faltando algo na conversão, se
tinha corrompido o arquivo ou algo do tipo, se tinha acabado o capítulo, eu não
conseguia acreditar que aquele era o final, que a história acabava ali, daquele
jeito.
Foi bem broxante na hora.
Mas ruminando depois, acho que Hill atingiu exatamente o
ponto que ele queria: te colocar no mais alto de sua adrenalina, elevar ao
máximo teu desejo de vingança assassina e demoníaca e, no final, te dar uma
porrada, te deixar bem irritado mesmo.
Analisando agora o final de Horns é de uma coragem imensa
e extremamente incerto e desesperador. O que não diminui em nada a minha
decepção, mas me faz aceita-lo melhor.
'Aja' Paciência... |
PS: O pacto está sendo adaptado para o cinema e deve
estrear esse ano, tendo como protagonista Daniel Radcliffe. Confesso que fiquei
animado com a notícia até ver o nome do diretor... Alexandre Aja...
O livro pode ser adquirido aqui por um precinho imoral e nós não estamos ganhando nada com esse merchan safado, mas esse site tem umas promoções que são sacanagem...
Li apenas A Estrada da Morte e achei o livro muito bom. Na verdade, comecei a ler no fim de 2011 e depois disso, dediquei o ano seguinte todo a ler livros de terror e sobrenatural/misticismo,
ResponderExcluirFiquei curioso em ler o livro e esse final, quem sabe depois de Guerra dos Tronos eu não o confira?