sexta-feira, março 29, 2013

O Pacto, Joe Hill

Dia 87 - Felipe P. 85

Sejam bem vindos de volta a mais uma Sexta das Letras, nossa coluna literária que nós escrevemos quando dá na telha! Desta vez quem vos fala sou eu, o cara dos filmes, o cara que tomou o site para si nos próximos quatro dias pelo simples fato de não ter o que fazer no feriado! E hoje falaremos de um livro chamado O Pacto (Horns) do autor Joe Hill. Eu já mencionei ele aqui no 01PD numa postagem que fiz sobre AC/DC, lembram?
King e Hil
Um fato curioso sobre Joe Hill é que ele é filho do mestre da literatura sinistra dos dias atuais, Stephen King, fato que não interfere em absolutamente nada no estilo de escrita do cara. Pra falar a verdade, pelo que pude ver em O Pacto e espero comprovar em breve com os outros trabalhos do sujeito, o estilo de escrita dos dois é totalmente diferente.
Horns conta o momento da vida em que Ig Perrish acorda de manhã, olha no espelho e, sem explicação alguma, surgiu um par de chifres em sua cabeça.
Do nada.
Desse momento em diante a vida do cara vira um verdadeiro inferno, não por que ele tem um par de chifres na testa, mas por conta dos poderes que eles lhe conferem. Ig não pode iniciar uma conversa normal com ninguém por que de repente as pessoas começam a revelar seus desejos mais sórdidos e seus segredos mais escrotos.
Tipo quando Ig decide ir ao médico para examinar sua cabeça e de repente uma mãe que estava na sala de espera com a filha (histérica) revela que traiu o marido várias vezes com um “crioulo” e que queria que a filha nunca tivesse nascido. Logo depois a filha dela revela que queria colocar fogo na mãe enquanto ela dormia (detalhe que a menina tem uns seis anos de idade) e isso é o que há de mais normal.
Com o correr da trama alguns pontos do passado de Ig vão sendo mencionado, o que vai dando meio por acaso algumas pistas do que quer que possa ter causado o surgimento dos chifres e, logo no começo, revela-se que, um ano atrás, a namorada do cara, o amor de sua vida, foi brutalmente assassinada após ser estuprada e o maior suspeito do crime é o próprio Ig.

Aparentemente Hill se diverte horrores em narrar os encontros de Ig com antigos conhecidos em sua jornada repentina em desvendar o assassinato da namorada, que ele acredita firmemente ter relação com os chifres que brotaram em sua cara, por que o livro alterna o tempo todo entre o flashback da adolescência do protagonista e os encontros bastante reveladores que ele tem com as pessoas da cidade (o mais inacreditável é quando ele se encontra com dois policiais em ronda e um deles revela sentir um desejo enorme pelo outro, negócio no mínimo sórdido). Hill não poupa nas bizarrices e chega num ponto que você tá se perguntando “cara***, esse sujeito não tem limites?”. O ápice da escrotidão se dá quando Ig encontra a avó no jardim de sua casa, numa cadeira de rodas, e a velhinha toca o terror com o cara.

Como eu disse antes, a história alterna entre a interação de Ig com “amigos” e familiares e o flashaback sobre sua adolescência. Esse flashback é gigantesco e toma pelo menos metade do livro, sem interrupções. Tem um momento da trama que o cara para tudo e passa a contar o passado de Ig, quando ele conheceu Lee Tourneau, como ele salva sua vida e como surge e se solidifica uma grande amizade entre os dois. E como ela fica abalada quando surge na cidade a jovem e linda Merrin Williams, a finada namorada de Ig Perish.
E nesse ponto sim se sente uma forte influência paterna por parte de Hill, pois como sabemos o papai King sabe desenvolver amizades adolescentes como ninguém. E fica tão fluida essa parte do livro, adquire para a trama uma profundidade tão grande e tão importante, que quando retorna aos dias atuais sente-se uma quebra gigantesca no ritmo e no estilo de escrita que é simplesmente impossível (ao menos para mim) continuar lendo no mesmo dia.
O que nos leva ao clímax de Horns e seu final tão incrível e corajoso quanto decepcionante.
Tenho que contar que li Horns inteiro no celular, graças ao mágico advento do epub, e quando cheguei à sua última página, com a adrenalina no máximo, com sangue no olho e chifres crescendo em minha cabeça de tão empolgante que a coisa estava, fiquei desapontado. Fiquei puxando as páginas do livro digital, tentando ver se tinha ficado faltando algo na conversão, se tinha corrompido o arquivo ou algo do tipo, se tinha acabado o capítulo, eu não conseguia acreditar que aquele era o final, que a história acabava ali, daquele jeito.
Foi bem broxante na hora.
Mas ruminando depois, acho que Hill atingiu exatamente o ponto que ele queria: te colocar no mais alto de sua adrenalina, elevar ao máximo teu desejo de vingança assassina e demoníaca e, no final, te dar uma porrada, te deixar bem irritado mesmo.
Analisando agora o final de Horns é de uma coragem imensa e extremamente incerto e desesperador. O que não diminui em nada a minha decepção, mas me faz aceita-lo melhor. 
'Aja' Paciência...
PS: O pacto está sendo adaptado para o cinema e deve estrear esse ano, tendo como protagonista Daniel Radcliffe. Confesso que fiquei animado com a notícia até ver o nome do diretor... Alexandre Aja...

O livro pode ser adquirido aqui por um precinho imoral e nós não estamos ganhando nada com esse merchan safado, mas esse site tem umas promoções que são sacanagem...


Um comentário:

  1. Li apenas A Estrada da Morte e achei o livro muito bom. Na verdade, comecei a ler no fim de 2011 e depois disso, dediquei o ano seguinte todo a ler livros de terror e sobrenatural/misticismo,

    Fiquei curioso em ler o livro e esse final, quem sabe depois de Guerra dos Tronos eu não o confira?

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