quinta-feira, março 21, 2013

O Operário

Dia 80 - Felipe P. 77
The Machinist - 2004
Dir: Brad Anderson
Elenco: Christian Bale, Jennifer Jason Leigh, Aitana Sánchez-Gijón.

O Operário (The Machinist, 2004) é um daqueles filmes sustentados por um mistério escabroso que te seguram até o fim tentando saber o que vai acontecer, tentando descobrir o grande segredo por trás da trama. E ao mesmo tempo é tão minimalista e competente que é difícil acreditar que o cara que o dirigiu (Brad Anderson) seja também responsável pelo asqueroso Vanishing on 7th Street.
O filme começa chocando e, logo de cara, vemos um Christian Bale absurdamente magro e com aspecto doente empurrando um cadáver enrolado num tapete para dentro do mar. A imagem do cara, literalmente pele e osso, causa estranheza e agride os olhos. Não é como ver Chris Evans digitalmente magro, você percebe que aquilo é real e chocante, que o cara realmente se entrega ao personagem.
Pouco se revela sobre a história e seu protagonista ou o que o levou àquela situação e é só ao rever O Operário que você percebe que durante todo o seu decorrer vinha-se dando pistas e ideias do que havia acontecido a Trevor Reznik. O porquê de ele estar tentando ocultar um cadáver, de quem afinal é o corpo, como ele acabou ficando tão magro?
O lance é que Trevor não dorme há mais de um ano e desde então vem perdendo peso e força e nem mesmo ele sabe o porquê de não conseguir dormir, mas algo parece pesar-lhe aos ombros, uma culpa mortal.
É quando surge Ivan, um novo empregado na oficina onde Trevor trabalha e, junto com o sujeito, uma enxurrada de problemas (uma tempestade) cai sobre a vida de Trevor. E tudo parece estar ligado, o que o deixa num estado de extrema paranoia.
Quando mostrei O Operário ao meu pai, uns dois ou três anos atrás, quando eu ainda tinha esperanças de que ele pudesse ver uma boa película e refletir sobre e discutir de forma sadia comigo sobre algo do que nós dois gostássemos (pff), mesmo não tendo entendido absolutamente nada da ideia (não se engane, não é algo difícil de entender e é preciso levar em consideração que meu pai não entendeu Pulp Fiction por que o John Travolta “morre e não morre”), a definição que ele deu no final foi exata e certeira.
O Operário é sombrio e angustiante.
Não com essas palavras, mas foi basicamente isso.
Sombrio, angustiante e opressivo. Desde a fotografia cinzenta, a trilha sonora fria e metálica, a atuação agonizante de Bale...
Aliás o Cale, cara, que ator desgraçado! Não importa o que faça, o cara dá uma intensidade incrível ao personagem, engole tudo o que tem ao redor. Uma das coisas mais incríveis que eu vi na vida foi em O Vencedor, Bale apenas como coadjuvante roubando o filme do Mark Whalberg. Absurdo.
Aqui não é diferente, Bale está ainda mais magro e destruído que em O Vencedor, ainda mais angustiante.
E cada vez mais se afundando em paranoia e cada vez mais dando pistas de seu passado e de seu sentimento de culpa, levando a um final (dadas as proporções do filme, independente com um orçamento modesto, mas sem ser diminuído por essas questões) impactante e cruel.
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